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FBI prende juíza por interferência em prisão de imigrante
Na manhã desta sexta-feira (25), a juíza Hannah Dugan, de Milwaukee, Wisconsin, foi presa pela Polícia Federal dos Estados Unidos, sob...
Ansar Allah acusa EUA de protagonismo na ofensiva contra Gaza e exalta resistência palestina
O líder do movimento Ansar Allah (conhecido como Houthis), Abdul-Malik Badreddine al-Houthi, afirmou em discurso televisionado que os...
Xi Jinping lidera reunião do Partido Comunista para avaliar preparação para 'cenários adversos'
O presidente da China, Xi Jinping, presidiu nesta sexta-feira (horário local) uma reunião do Birô Político do Comitê Central do Partido...
Acabar com o casamento infantil é romper a engrenagem da gravidez forçada e mortal na adolescência
A cada ano, mais de 21 milhões de meninas adolescentes engravidam em países de baixa e média renda, sendo que cerca da metade dessas...

FBI prende juíza por interferência em prisão de imigrante
Na manhã desta sexta-feira (25), a juíza Hannah Dugan, de Milwaukee, Wisconsin, foi presa pela Polícia Federal dos Estados Unidos, sob acusação de obstrução à justiça. De acordo com o diretor do FBI, Kash Patel, Dugan teria intencionalmente desviado agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), impedindo a prisão de um imigrante ilegal, o que resultou em uma perseguição a pé que culminou na detenção do indivíduo. Juíza Hannah Dugan, de Milwaukee, Wisconsin Patel publicou em suas redes sociais que, apesar da obstrução, o migrante foi finalmente capturado e colocado sob custódia. Contudo, ele enfatizou que a ação da juíza colocou em risco a segurança pública e os agentes envolvidos na operação. A acusação de obstrução ocorre em meio ao clima tenso de políticas de imigração no país, que já resultaram em diversas suspensões por parte do judiciário a medidas do governo Trump. Em sua declaração, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, reiterou que ninguém está acima da lei, conforme publicado em suas redes sociais, confirmando a prisão da juíza. Dugan, eleita em 2016, foi levada à corte federal de Milwaukee, onde, segundo seu advogado, Craig Mastantuono, ela lamentou profundamente a prisão e alegou que suas ações não foram motivadas por questões de segurança pública. A prisão de Dugan ocorre em um momento crítico, onde a administração Trump enfrenta crescente resistência no sistema judiciário, particularmente em relação às suas políticas de deportação acelerada e sem audiência para migrantes. O congressista democrata Darren Soto descreveu o evento como "próprio de um ditador de um país do terceiro mundo", enquanto a republicana Diana Harshbarger condenou os juízes como "ativistas antiamericanos". Esse caso se junta a uma série de tensões envolvendo o sistema de imigração dos EUA, onde decisões judiciais têm contrariado ações executivas e alimentado um debate fervoroso sobre os limites do poder e as consequências da luta pela segurança pública em um país polarizado.

Ansar Allah acusa EUA de protagonismo na ofensiva contra Gaza e exalta resistência palestina
O líder do movimento Ansar Allah (conhecido como Houthis), Abdul-Malik Badreddine al-Houthi, afirmou em discurso televisionado que os Estados Unidos desempenham um papel central na ofensiva israelense contra Gaza. Segundo ele, Washington estabeleceu uma ponte aérea de apoio às forças israelenses, contribuindo diretamente para a intensificação do conflito. Abdul-Malik al-Houthi Al-Houthi denunciou a aliança entre EUA e Israel como uma “ameaça séria à humanidade global” , criticando a indiferença desse eixo frente ao sofrimento humano. Para o líder houthi, a firmeza da resistência palestina e da população de Gaza deveria ter sido recebida com solidariedade concreta do mundo árabe, o que ainda não se verificou de maneira contundente. Em sua avaliação, Israel não conseguiu alcançar seus objetivos na Faixa de Gaza, mesmo após mais de um ano e meio de ofensiva militar. Ele também apontou uma mudança na percepção internacional sobre o conflito, afirmando que cresce, inclusive nos EUA e na Europa, a visão de Israel como uma força ocupante e opressora. Como resposta aos ataques aéreos norte-americanos desde 15 de março, o Ansar Allah reivindicou operações ofensivas contra alvos estratégicos em Israel e nos EUA. Na quarta-feira, o grupo anunciou o lançamento de mísseis e drones contra Tel Aviv e Haifa, alegando ter atingido um alvo vital com um míssil balístico hipersônico. Também informaram o abate de mais um drone americano MQ-9 Reaper, elevando para sete o número de equipamentos dos EUA derrubados só neste mês, além de atacar os porta-aviões USS Harry S. Truman e USS Carl Vinson com mísseis e drones no Mar Vermelho e no Mar Arábico, ampliando a frente de confrontos contra forças ocidentais na região. Ao final de sua fala, al-Houthi conclamou os países árabes e muçulmanos a formarem um bloco unificado de resistência, destacando o “modelo iemenita” como exemplo de apoio firme e constante à causa palestina.

Xi Jinping lidera reunião do Partido Comunista para avaliar preparação para 'cenários adversos'
O presidente da China, Xi Jinping, presidiu nesta sexta-feira (horário local) uma reunião do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) dedicada à análise da conjuntura econômica nacional. O encontro avaliou o desempenho da economia chinesa e discutiu estratégias para enfrentar os crescentes desafios do cenário global. De acordo com o jornal Global Times, os dirigentes do PCCh reconheceram avanços econômicos recentes, apontando sinais positivos de recuperação e fortalecimento da confiança pública. Ainda assim, reforçaram a necessidade de manter uma postura preventiva frente a riscos e incertezas externas. O documento oficial da reunião ressaltou a importância de “preparar-se para os piores cenários com planejamento adequado e medidas concretas”. A cúpula do partido destacou que a base da recuperação econômica precisa ser consolidada, sobretudo diante do impacto crescente de choques externos, como tensões geopolíticas, gargalos logísticos e flutuações na demanda internacional. O PCCh reafirmou seu compromisso com a estratégia de “desenvolvimento de alta qualidade”, conceito central promovido por Xi Jinping, que prioriza inovação tecnológica, segurança econômica, sustentabilidade ambiental e fortalecimento do mercado interno. A reunião também reafirma o protagonismo do Partido Comunista na condução da política econômica do país, buscando alinhar decisões políticas e administrativas à superação dos desafios conjunturais e estruturais que a China enfrenta neste momento de transição global.

Fernando Collor é preso em Maceió após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro
O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió, para início do cumprimento de pena em regime fechado. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a rejeição dos últimos recursos apresentados por sua defesa. Segundo os advogados, Collor foi detido por volta das 4h, quando se deslocava voluntariamente para Brasília. “O ex-presidente encontra-se custodiado na Superintendência da Polícia Federal na capital alagoana”, informou nota da equipe jurídica. A condenação do ex-mandatário, proferida em maio de 2023, soma oito anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito de um esquema envolvendo a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A ação deriva da Operação Lava Jato e teve como base provas documentais e delações premiadas, incluindo material apreendido no escritório do doleiro Alberto Youssef. Entre 2010 e 2014, Collor usou sua influência política para direcionar contratos da estatal à construtora UTC, em troca de propinas que somariam R$ 20 milhões. A defesa alegava que a condenação estava fundamentada apenas em delações e tentava reduzir a pena para caracterizar prescrição do crime de corrupção passiva — argumento que foi rejeitado pelo STF por 6 votos a 4. Fernando Collor foi presidente do Brasil entre 1990 e 1992, tendo renunciado ao cargo durante um processo de impeachment que culminou em seu afastamento. Apesar de absolvido em 1994 da acusação de corrupção relativa ao seu mandato, seu nome seguiu envolvido em escândalos. De 2007 a 2023, ocupou uma cadeira no Senado por Alagoas e, em 2022, tentou, sem sucesso, o governo do estado. Filho de tradicional família política alagoana, Collor iniciou sua trajetória como prefeito de Maceió em 1979, foi deputado federal e governador. Seu discurso anticorrupção o impulsionou à presidência em 1989, na primeira eleição direta desde o golpe de 1964. Sua queda, no entanto, foi acelerada pelas denúncias feitas por seu próprio irmão, Pedro Collor, e pelo envolvimento com o ex-tesoureiro de campanha, PC Farias.

Ataque aéreo israelense atinge abrigo de civis em Jabalia e mata 18 pessoas
Um bombardeio israelense realizado na última quinta-feira (24) atingiu um abrigo para civis deslocados em Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza, deixando 18 mortos e diversos feridos, segundo informações da agência palestina WAFA. O ataque ocorreu nas imediações do cruzamento de Halawa, onde uma residência servia de refúgio para famílias desalojadas pela guerra. Foto de Arquivo Conforme o correspondente local, 15 pessoas morreram no ato e outras ficaram gravemente feridas após a ofensiva conduzida por caças israelenses. O número de vítimas fatais subiu para 18 nas horas seguintes. A ofensiva aconteceu dois dias após Israel romper unilateralmente um acordo de cessar-fogo firmado anteriormente em Gaza. Desde então, intensificou seus ataques por toda a Faixa, matando centenas de palestinos, entre eles mais de 100 crianças, conforme dados médicos da região. Na madrugada de quinta-feira, outros 52 civis palestinos foram mortos em bombardeios, sendo 39 apenas na Cidade de Gaza e em localidades do norte do enclave. As equipes de resgate continuam os trabalhos para tentar localizar vítimas sob os escombros, embora enfrentem grandes dificuldades por conta da destruição e da escassez de recursos. Desde o início da nova fase da ofensiva militar israelense em outubro de 2023, ao menos 51.355 palestinos foram mortos e 117.248 ficaram feridos, segundo as autoridades de saúde locais. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas estejam desaparecidas, soterradas sob os escombros de suas casas. A retomada dos ataques ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária na região, agravada pelo bloqueio total imposto por Israel, que impede a entrada de ajuda médica e humanitária. Quase dois milhões de palestinos já foram forçados a deixar suas casas, deslocando-se majoritariamente para a cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito — em um êxodo que muitos consideram o maior desde a Nakba de 1948.

Mahmoud Khalil, proibido de acompanhar o nascimento do seu primeiro filho
Autoridades dos Estados Unidos negaram o pedido de permissão para que Mahmoud Khalil, ativista pró-Palestina detido desde março, pudesse acompanhar o nascimento do seu primeiro filho, ocorrido em 21 de abril, em Nova York, conforme divulgado pelo The New York Times. Khalil soube do nascimento pelo telefone, enquanto permanecia detido a mais de 1.600 km de distância, em Jena, no estado de Louisiana. Não se sabe quando ele poderá ver o filho pela primeira vez. Ex-aluno da Universidade Columbia e de origem palestina, Khalil foi preso em 8 de março, sendo este caso emblemático na repressão a manifestações pró-Palestina nos Estados Unidos, intensificada durante o governo de Donald Trump. Organizações de direitos humanos criticam sua prisão, considerando-a uma violação da liberdade de expressão e do devido processo legal. Os advogados de Khalil tentaram várias alternativas para que o ativista estivesse presente no nascimento, como o uso de tornozeleira eletrônica, mas o pedido foi negado. Eles argumentaram que uma licença de duas semanas seria razoável e humana, já que a Justiça não havia encontrado motivos para considerar Khalil um risco à sociedade ou à segurança nacional. A esposa de Khalil, cidadã americana, e o bebê estão bem de saúde, mas ela expressou sofrimento devido à ausência do marido. Ela afirmou que a decisão do governo Trump foi uma tentativa deliberada de silenciar o apoio de Khalil à liberdade palestina e causou dor à sua família. O governo Trump havia prometido deportar ativistas pró-Palestina que participaram de protestos universitários contra a guerra de Israel em Gaza, considerando-os antissemitas e apoiadores de grupos terroristas. As manifestações geraram polêmicas, sendo algumas acusadas de antissemitismo e se tornando violentas. Khalil, por sua vez, denunciou sua prisão como sendo uma forma de "racismo antipalestino", afirmando ser um prisioneiro político. Em 11 de abril, uma juíza de imigração determinou que ele poderia ser deportado dos Estados Unidos, alegando que, apesar de não ter cometido crimes, suas opiniões sobre Israel o tornavam um risco à segurança nacional.

100 Dias do pior 'governo' do pior 'presidente' que os EUA já viu
Especialistas alertam para um marco sem precedentes na história dos EUA, onde o Executivo promove uma ofensiva institucional inédita — e devastadora. Na tentativa de compreender o cenário de desmantelamento institucional promovido por Donald Trump nos seus primeiros cem dias de governo, o jornalista Ryan Cooper consultou dois historiadores de peso: David Greenberg, da Universidade Rutgers, e Douglas Brinkley, da Universidade Rice. Ambos confirmam que o país já enfrentou momentos de tensão, autoritarismo e reformas radicais no passado. Mas nenhum deles se compara ao que está em curso. Franklin D. Roosevelt, por exemplo, redefiniu o papel do Estado com o New Deal; Andrew Jackson, depois de afirmar que teve sua eleição "roubada" em 1824, ignorou a Suprema Corte e tomou terras indígenas; Richard Nixon tentou justificar seus abusos com a célebre frase: “quando o presidente faz algo, não é ilegal”. No entanto, como destaca Brinkley, “Trump não é um reformador — ele é uma bola de demolição”. As iniciativas de Trump não surgem de um projeto político consistente ou de um pacto institucional com o Congresso. Elas nascem de uma lógica de retaliação e autoritarismo, voltadas contra adversários políticos, imigrantes, universidades, jornalistas, juízes, e até mesmo contra a máquina pública. Para Brinkley, “o que vemos é pura vingança, um cenário que lembra os prenúncios de uma guerra civil moderna”. A gravidade do momento reside, segundo Greenberg, no fato de que, pela primeira vez, é o próprio presidente quem lidera a sabotagem dos fundamentos democráticos dos EUA. “Nos períodos sombrios do passado, não havia essa percepção de que a destruição vinha do centro do poder, da própria Casa Branca”, alerta. A máquina do Executivo como arma de destruição Durante décadas, os poderes do Executivo foram ampliados, especialmente no contexto do New Deal e da Guerra Fria. Agora, esse mesmo aparato está sendo utilizado para atacar direitos civis e instituições centenárias. Harvard, por exemplo, se recusou a ceder às pressões políticas de Trump, que exigia alterações em sua governança e política de contratações. Como retaliação, o governo bloqueou mais de US$ 2 bilhões em financiamentos, forçando a paralisação de pesquisas científicas vitais. Os cortes anunciados nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) chegam a 40%, com demissões em massa que afetam majoritariamente mulheres e pessoas negras ou latinas. Ao mesmo tempo, o governo ameaça revogar o status de isenção fiscal de Harvard e impedir a matrícula de estudantes estrangeiros. Imigração como campo de testes autoritário A política migratória tornou-se um dos laboratórios preferenciais da repressão. Investigações da CBS News e do New York Times revelaram que a maioria dos deportados não possui antecedentes criminais. Muitos estão presos em condições degradantes, sem qualquer processo legal. E, em uma escalada ainda mais agressiva, Trump chegou a sugerir que cidadãos americanos “nativos” seriam os próximos alvos. O caso de Kilmar Abrego Garcia, deportado ilegalmente para El Salvador, é emblemático. Embora a Suprema Corte tenha determinado seu retorno, o governo ignorou a decisão judicial. Em vez disso, Trump celebrou a atitude com o presidente salvadorenho Nayib Bukele — que se autodeclara o “ditador mais legal do mundo”. Polícia dos EUA - Immigration and Customs Enforcement ICE. Silenciamento e guerra contra a imprensa Não satisfeita com as críticas da imprensa, a Casa Branca passou a restringir o acesso de veículos jornalísticos ao seu espaço. Após uma ordem judicial que obrigava a reintegração da Associated Press, o governo simplesmente removeu o espaço para todos os meios de comunicação na sede presidencial. Trump também sugeriu a revogação da licença da CBS, irritado com uma reportagem do programa “60 Minutes”. E seu aliado na Comissão Federal de Comunicações ameaçou diretamente a MSNBC por sua cobertura crítica ao governo. Desmonte do Estado e perseguição política Enquanto isso, o funcionalismo público federal sofre com demissões e cortes drásticos. Órgãos como a AmeriCorps, o Instituto da Paz dos EUA, a Voz da América e o Fundo Nacional para as Humanidades estão sendo sistematicamente desmantelados. O IRS, responsável pela arrecadação de impostos, foi parcialmente capturado por figuras políticas leais ao trumpismo, como Gary Shapley — que ganhou notoriedade ao atacar Hunter Biden. Um Executivo sem freios, um país à deriva Ao contrário dos episódios anteriores de abuso de poder, quando os próprios partidos presidenciais impuseram limites — como no caso de Roosevelt e Nixon —, os republicanos agora permanecem em silêncio. Essa omissão, para os especialistas, é o ingrediente novo e mais perigoso da equação. “Estamos diante de um presidente que não busca governar, mas dominar”, afirma Greenberg. “E o faz com as ferramentas mais poderosas que já existiram nas mãos de um líder americano.” Os cem dias de Donald Trump entrarão para a história. Não por conquistas. Mas por seu legado de destruição institucional e corrosão democrática. Como define Brinkley, “estes são, sem dúvida, os cem dias mais estranhos — e mais perigosos — da história presidencial dos Estados Unidos”.

Com Lula, o caminho do Brasil à China fica mais curto
Rui Costa Visita Pequim e Xangai para Impulsionar Investimentos e Projetos de Infraestrutura com China O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, começará uma viagem de cinco dias a Pequim no próximo sábado (26), com o objetivo de se reunir com autoridades chinesas e buscar investimentos para projetos de logística e cadeias produtivas. A parceria será reforçada durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, marcada para os dias 12 e 13 de maio, onde deverão ser anunciados novos acordos. Após as reuniões em Pequim, Rui Costa seguirá para Xangai, onde passará dois dias. Na cidade, está localizada a sede do Novo Banco de Desenvolvimento, presidido por Dilma Rousseff, ex-chefe da Casa Civil de Lula. A instituição, também conhecida como Banco do Brics, deve contribuir para o financiamento de alguns dos projetos em negociação. O presidente da China, Xi Jinping, foi recebido com honras de chefe de Estado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ©Ricardo Stuckert Recentemente, uma delegação chinesa esteve no Palácio do Planalto para conhecer os detalhes do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um dos projetos-chave do governo brasileiro. Em novembro de 2023, durante a visita do presidente Xi Jinping a Brasília, foi acordado que Brasil e China buscariam "sinergias" entre o PAC e a Iniciativa Cinturão e Rota (Nova Rota da Seda). Um dos principais focos dessa cooperação é o Corredor Bioceânico, que conectará o Brasil ao Pacífico por meio de rodovia até o Chile e, eventualmente, por ferrovia até o porto de Chanqay, no Peru. O projeto pode abrir portas para a participação de grandes empresas chinesas nas licitações de obras no Brasil. O ministro Rui Costa também buscará ampliar os investimentos nas cadeias de produção industrial, com um destaque para o projeto do satélite CBERS-5. O CBERS-5 é o primeiro satélite geostacionário do Brasil e é fruto de uma colaboração tecnológica iniciada em 1988, no início das relações bilaterais entre Brasil e China. Recentemente, o ministro da Ciência e Tecnologia, Yin Hejun, destacou o programa como modelo de cooperação, especialmente para a América Latina. Durante um encontro preparatório para o Fórum China-Celac, que ocorrerá em 13 de novembro, Yin ressaltou a importância dos satélites como um exemplo de desenvolvimento conjunto entre os dois países. O Fórum terá como foco áreas como agricultura, energia, inteligência artificial e economia digital, e é visto como uma oportunidade de aprofundar as relações entre China e América Latina. Por fim, Zhang Run, diretor do Departamento de Assuntos Latino-americanos e Caribenhos do Ministério das Relações Exteriores da China, comentou que as relações entre Pequim e a América Latina não envolvem "jogos de soma zero" ou interesses geopolíticos exclusivos. Ele também citou a cooperação sino-latino-americana em tecnologia e ciência como uma maneira de romper com monopólios tecnológicos e promover avanços em áreas como inteligência artificial, satélites e energia renovável.

O Papa contra o Império: “Nos EUA, há uma atitude reacionária muito forte e organizada” reconheceu Francisco
A frase dita por Francisco em setembro de 2019, durante uma entrevista a repórteres, resumia sua postura diante da oposição feroz vinda de setores conservadores da Igreja Católica nos Estados Unidos. Desde sua eleição em 2013, o primeiro papa latino-americano e jesuíta causou desconforto em uma instituição acostumada a décadas de papados conservadores. A tensão se acentuou na ala norte-americana, onde bispos, padres e organizações como o Instituto Napa e a rede EWTN lideraram uma ofensiva contra o novo pontificado, financiada e promovida por leigos influentes. “Nos EUA, há uma atitude reacionária muito forte e organizada”, reconheceu Francisco. Mesmo após sua morte, a resistência persistia. Na revista First Things, o artigo do dia não foi um obituário, mas uma crítica assinada por Charles Chaput, ex-arcebispo da Filadélfia, que o descreveu como temperamental e autocrático. Chaput foi substituído por um sucessor liberal assim que completou 75 anos. Outros opositores de alto escalão foram afastados ou excomungados. Francisco rejeitou os luxos e a pompa do cargo. Morou na residência Santa Marta, não no Palácio Apostólico. Sua exortação apostólica Evangelii gaudium foi um chamado à simplicidade e à justiça social. Para muitos nos EUA, soou como marxismo. Rush Limbaugh, ícone do conservadorismo, chamou suas palavras de "marxismo puro". A liderança católica nos EUA — majoritariamente branca, europeia e de classe alta — não se identificava com sua crítica ao consumismo nem com sua defesa dos pobres. Em 2015, antes de visitar os EUA e Cuba, Francisco afirmou que “o dinheiro é o esterco do diabo” , o que gerou reações duras de conservadores, como o economista Stephen Moore, que o classificou como “um papa com inclinações marxistas” . Quando Donald Trump propôs a construção de um muro com o México, Francisco defendeu pontes e criticou a deportação de imigrantes. Chegou a dizer que quem pensa apenas em erguer muros “não é cristão”. Trump rebateu, Burke apoiou. Raymond Leo Burke se tornou símbolo da oposição interna. Aliado de Steve Bannon e defensor da limitação da imigração muçulmana, ele rejeitou o diálogo inter-religioso promovido por Francisco. Ao lado de outros ultraconservadores, acusou o papa de incentivar a “agenda homossexual”, vinculando-a — de forma controversa — à crise de abusos sexuais. A figura do papa também foi atacada pelo ex-núncio apostólico Carlo Maria Viganò, que o acusou de acobertar abusos e pediu sua renúncia. Por fim, Viganò seria excomungado por cisma. Francisco, no entanto, seguiu com sua visão de uma Igreja acolhedora, sinodal e voltada aos pobres. Rejeitado por uma elite clerical, foi abraçado por comunidades que viram nele o rosto humano de uma fé que resiste — mesmo entre muros e cismas.

Da UTI para o banco dos réus: Bolsonaro assina citação judicial sob escolta do Judiciário
Em meio ao silêncio de uma unidade de "terapia intensiva", Jair Bolsonaro (PL) foi formalmente intimado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a responder à ação penal em que é acusado de tentar articular um golpe de Estado. A entrega dos documentos ocorreu nesta quarta-feira (23), depois de momentos de tensão entre aliados do ex-presidente e uma oficial de Justiça que adentrou a ala hospitalar onde ele está internado há mais de uma semana, em Brasília. A cena, digna de roteiro político distópico, teve seu desfecho com a assinatura de Bolsonaro, após 15 minutos de resistência. Os documentos em questão referem-se ao processo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, no qual a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de liderar o chamado “Núcleo 1” da trama golpista, investigada desde os eventos que sucederam as eleições de 2022. A presença da oficial no hospital gerou protestos por parte dos bolsonaristas. Mas, segundo nota oficial do STF, a entrega foi precedida de uma decisão clara: “A citação dos réus informando o início da ação penal e a intimação para apresentação de defesa foram determinadas em 11 de abril. Todos os réus já haviam sido citados entre os dias 11 e 15 de abril.” No caso específico de Bolsonaro, o tribunal decidiu aguardar um momento “adequado” para a entrega — decisão revista após ele realizar uma live pública no dia anterior, o que, segundo o STF, evidenciou sua capacidade de receber a intimação pessoalmente. “A divulgação de live realizada pelo ex-presidente na data de ontem (22/4) demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje (23/4)”, declarou o Supremo. A judicialização do leito hospitalar levanta uma série de questões sobre os limites entre o discurso político e as exigências legais. Bolsonaro, que durante anos questionou o STF e o processo democrático, agora se vê formalmente confrontado pela mesma instituição que tanto atacou — e de onde pode sair condenado. A cena de uma intimação sendo feita dentro da UTI simboliza mais do que um avanço jurídico: é o retrato de um país onde os limites entre política, justiça e espetáculo estão cada vez mais borrados. E onde nenhuma porta — nem a da UTI — parece resistir à marcha do Estado de Direito.
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Israel ameaça intensificar operações em Gaza
O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), tenente-general Eyal Zamir, afirmou nesta quinta-feira (25) que o exército israelense poderá ampliar suas operações na Faixa de Gaza caso o Hamas e outras facções palestinas não apresentem avanços concretos na libertação dos cerca de 60 prisioneiros ainda mantidos no território. “Se não houver progresso visível na devolução dos reféns num futuro próximo, intensificaremos nossas ações com ainda mais força e abrangência”, declarou Zamir em comunicado oficial publicado pelas redes sociais das Forças de Defesa de Israel. Durante visita à região de Rafah, no sul de Gaza — onde os combates têm se concentrado nas últimas semanas —, o comandante reforçou que o cerco ao "Hamas" continuará. Na área, Israel estabeleceu o chamado "corredor Morag", um eixo estratégico que corta a Faixa de Gaza de leste a oeste, separando as cidades de Rafah e Khan Yunis. “Seguiremos pressionando operacionalmente o Hamas até que seja necessário. Esta organização é responsável por desencadear a guerra e por manter cruelmente os reféns. Também recai sobre ela a responsabilidade pela situação crítica enfrentada pela população de Gaza”, declarou Zamir.

Mais enchente por vir: Kassab considera apoiar Tarcísio para a presidência em 2026
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que está cogitando abrir mão da candidatura de seu partido à Presidência da República em 2026, caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decida se lançar na disputa. Kassab comentou que, embora Tarcísio tenha afirmado que não será candidato, o tema precisa ser discutido, especialmente entre os membros do partido, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que, até agora, é visto como o principal nome do PSD para o pleito presidencial. Durante um evento em Brasília no dia 23 de abril, Kassab afirmou que, se o partido tiver um candidato, Ratinho será bem recebido. O evento teve o intuito de fortalecer a relação entre lideranças municipais de São Paulo e a base do PSD no Congresso Nacional. Há rumores dentro do PSD de que Kassab pode pleitear o governo de São Paulo caso Tarcísio decida concorrer à presidência. Durante o evento, aliados políticos começaram a se referir a Kassab como "governador". Kassab também revelou seu desejo de filiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao PSD. Leite tem considerado deixar o PSDB e migrar para o PSD, mas essa movimentação enfrenta resistência dentro do PSDB e do Podemos, que planejam anunciar uma fusão partidária até o final de abril. O presidente do PSD enfatizou que o partido, embora apoie o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mantém uma postura de independência no Congresso, como demonstrado pelo apoio parcial ao projeto de anistia aos presos do 8 de Janeiro. O PSD ocupa atualmente três ministérios no governo Lula, mas busca ampliar sua influência política, pleiteando uma pasta com maior orçamento, em substituição ao Ministério da Pesca. A questão deverá ser discutida em um jantar de líderes partidários com o presidente Lula na noite de 23 de abril.

Sismo de magnitude 6.2 atinge Turquia e causa tremores em Istambul
Na manhã de quarta-feira, 23 de abril, um sismo de magnitude 6.2 na escala de Richter abalou a Turquia, afetando especialmente Istambul. O tremor foi um dos mais fortes registrados na cidade nos últimos tempos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) informou que o abalo ocorreu às 12h49 locais (10h49 em Lisboa), com epicentro a 21 quilômetros da cidade de Marmara Ereglisi, localizada a cerca de 100 km de Istambul, e a uma profundidade de 10 km. Poucos minutos após o tremor inicial, duas réplicas foram registradas: uma de magnitude 4.5 a 29 km de Selimpasa e outra de 5.0 a 11 km de Kumburgaz. As autoridades turcas estão no local para avaliar os danos causados pelo terremoto. O presidente Recep Tayyip Erdogan emitiu um comunicado expressando solidariedade: "Gostaria de manifestar os meus melhores votos aos nossos cidadãos, estamos a acompanhar de perto os desenvolvimentos."

Crise sanitária se agrava no sul de Gaza em meio a bloqueio de ajuda e colapso da saúde pública
Sob calor extremo, entre esgoto a céu aberto e lixo acumulado, milhares de famílias deslocadas no sul da Faixa de Gaza enfrentam uma crise sanitária crescente, agravada pelo bloqueio prolongado à ajuda humanitária e pelo colapso do sistema de saúde. MAHMOUDHAMDA FAZA PALESTINA Nos acampamentos improvisados da região costeira de Al Mawasi, os moradores vivem em condições cada vez mais perigosas. “O lixo está fora de controle. Roedores e pragas circulam entre as tendas onde as pessoas buscam abrigo”, alertou Louise Wateridge, oficial sênior de emergência da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em entrevista à ONU News. Com o aumento das temperaturas, doenças infecciosas se espalham rapidamente. Crianças desnutridas e famílias enfraquecidas pelos meses de conflito enfrentam a escassez de água potável, falta de medicamentos e acesso limitado a cuidados médicos. As campanhas de limpeza realizadas pela UNRWA estão sob risco iminente de interrupção: os estoques de pesticidas devem durar apenas mais dez dias. A infraestrutura de saneamento e saúde pública foi severamente danificada. Entre os dias 21 e 22 de abril, mais de 30 veículos essenciais para coleta de resíduos, abastecimento de água e manutenção do esgoto foram destruídos por bombardeios israelenses, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Na semana anterior, pelo menos 23 ataques foram registrados contra tendas de deslocados, matando dezenas de civis — entre eles, mulheres, crianças e pessoas com deficiência. O sistema de saúde está à beira do colapso. Mais da metade das unidades de saúde em funcionamento estão localizadas em áreas sob ordens de evacuação, dificultando o acesso da população mais vulnerável. Faltam medicamentos, equipamentos e profissionais de saúde qualificados. Até 15 de abril, cerca de 420 mil pessoas haviam sido deslocadas novamente, muitas delas pela segunda ou terceira vez. Espaço humanitário se fecha e ajuda permanece bloqueada. A ONU alertou que há 52 dias consecutivos não entra ajuda humanitária significativa na Faixa de Gaza. Entre 15 e 21 de abril, das 42 missões humanitárias planejadas, 20 foram negadas, duas impedidas, 19 permitidas e uma cancelada pelas autoridades israelenses. Enquanto isso, as agências da ONU enfrentam um grave déficit orçamentário. Até 22 de abril, apenas 14% dos US$ 4,07 bilhões necessários para atender três milhões de pessoas em Gaza e na Cisjordânia haviam sido repassados pelos doadores — um total de US$ 569 milhões. A ONU reforça o apelo urgente à comunidade internacional para garantir acesso humanitário irrestrito e restaurar condições mínimas de sobrevivência à população palestina.

Gaza sitiada: ONU denuncia crise humanitária extrema e uso da ajuda como arma de guerra
O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou nesta terça-feira (23) que a Faixa de Gaza enfrenta o período mais longo sem a entrada de ajuda humanitária ou suprimentos comerciais desde o início da guerra, em outubro de 2023. "A situação humanitária em Gaza nunca foi tão grave", afirmou Jens Laerke, porta-voz do OCHA, durante coletiva em Genebra. Segundo ele, os mais de 2,1 milhões de habitantes da região estão privados de alimentos, medicamentos, combustível e água potável, em um bloqueio cada vez mais sufocante. Do outro lado da fronteira, cerca de 3.000 caminhões com suprimentos vitais — organizados pela Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) — seguem impedidos de cruzar para o território, barrados pelas autoridades israelenses. Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, descreveu o cenário como “uma fome deliberada e provocada pelo homem”. Em comunicado oficial, ele condenou o uso da ajuda humanitária como ferramenta de coerção. “Gaza tornou-se uma terra de desespero, onde a população civil é punida coletivamente”, disse. A agência afirma que os estoques de alimentos dentro do enclave estão praticamente esgotados. Apenas 250 cestas básicas restam, enquanto a farinha desapareceu das prateleiras, padarias fecharam as portas e hospitais estão à beira do colapso sem insumos ou combustível. Os preços de itens essenciais dispararam. Apesar do bloqueio, a UNRWA segue ativa no território, prestando serviços essenciais. Ao menos oito centros de saúde e 39 postos médicos continuam realizando cerca de 15 mil atendimentos por dia. Também foi iniciada uma campanha de doação de sangue para apoiar os hospitais que enfrentam escassez crítica de bolsas para transfusão. Diante do agravamento da crise, Lazzarini reiterou os apelos da ONU por ações imediatas: “O cerco deve ser encerrado, os suprimentos precisam entrar, os reféns devem ser libertados, e um cessar-fogo precisa ser restaurado.”

Xiong’an na China aposta em internet 10G e quer liderar a revolução urbana digital
Localizada a cerca de 110 quilômetros de Pequim, a cidade planejada de Xiong’an se consolida como vitrine da ambição tecnológica da China, ao incorporar uma rede de internet de altíssima velocidade — dez vezes superior ao 5G — em sua estrutura urbana. Criada em 2017 como um modelo de urbanismo futurista, Xiong’an foi projetada para ser uma “cidade inteligente”, com foco em sustentabilidade, mobilidade e interconectividade. Agora, com a implementação da tecnologia 10G, o projeto avança em direção ao conceito de “círculo de vida de 15 minutos” — um modelo que prevê o acesso a todos os serviços essenciais a poucos passos de casa. A rede ultrarrápida não serve apenas para melhorar o uso doméstico da internet. Ela possibilita avanços significativos em áreas como veículos autônomos, realidade virtual e aumentada, além de aplicações baseadas em inteligência artificial. O fluxo contínuo de dados em tempo real permite que sistemas complexos, como plataformas de linguagem generativa e algoritmos preditivos, operem com precisão e eficiência — acelerando a automação de serviços urbanos. Apesar dos investimentos bilionários — estimados em cerca de US$ 100 bilhões —, Xiong’an ainda enfrenta obstáculos. A baixa densidade populacional e a escassa presença do setor privado alimentam críticas que apontam para o risco de a cidade se tornar mais um “projeto fantasma”. Ainda assim, o governo chinês segue apostando na iniciativa como um passo estratégico rumo à liderança no cenário global da conectividade. Em um momento em que boa parte do mundo ainda implementa redes 5G, a China testa, em Xiong’an, o que pode ser o próximo patamar da infraestrutura digital. O futuro da cidade dependerá da capacidade de atrair moradores, empresas e investimentos. Mas a implantação de tecnologias de ponta já estabelece um novo parâmetro para o desenvolvimento urbano — onde conectividade e inovação moldam, desde já, o que antes parecia ficção científica.

Vance, afirmou que Washington pode se retirar do processo de mediação entre Rússia e Ucrânia
Em uma declaração que causou repercussão internacional, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, afirmou nesta quarta-feira (23), durante visita à Índia, que Washington pode se retirar do processo de mediação entre Rússia e Ucrânia caso as partes não cheguem a um acordo de paz — que incluiria a concessão de territórios ocupados. Vance revelou que os EUA apresentaram uma “proposta muito explícita” para encerrar o conflito, defendendo que chegou o momento de aceitar os termos ou ver os Estados Unidos abandonarem os esforços diplomáticos. A declaração foi feita às vésperas de uma reunião em Londres que envolve representantes americanos, ucranianos e sete países europeus, em nova tentativa de pôr fim à guerra iniciada pela invasão russa em 2022. “Este é o momento de dar um dos passos finais: congelar as linhas territoriais próximas do que temos hoje e parar com as mortes”, afirmou Vance, indicando que tanto ucranianos quanto russos terão de abrir mão de áreas atualmente disputadas. A proposta, portanto, pressupõe a legalização de um status quo militar imposto pela força — um cenário que preocupa analistas internacionais e pode minar os princípios do direito internacional. A fala de Vance ocorre em um momento delicado para o governo dos Estados Unidos, que enfrenta críticas internas e externas pela condução da política externa sob a administração do presidente Donald Trump. O republicano, que prometeu em campanha resolver o conflito em 24 horas, até agora não conseguiu avanços concretos junto ao presidente russo, Vladimir Putin. Enquanto isso, um breve acordo entre Moscou e Kiev para suspender ataques a instalações energéticas por 30 dias já foi considerado encerrado pelo Kremlin, sinalizando o retorno à escalada militar. A proposta de cessão territorial colocada pelos EUA reacende um debate ético: pode um acordo de paz ser construído à custa da soberania de um povo invadido? Para muitos, a postura americana beira a rendição forçada e representa mais um episódio de realpolitik do que um verdadeiro compromisso com a justiça e a estabilidade internacional.

Acabar com o casamento infantil é romper a engrenagem da gravidez forçada e mortal na adolescência
A cada ano, mais de 21 milhões de meninas adolescentes engravidam em países de baixa e média renda, sendo que cerca da metade dessas gestações não é planejada. A maioria dos casos ocorre entre meninas que se casaram antes dos 18 anos, o que reforça a ligação direta entre casamento precoce e gravidez não desejada. UN News A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para os impactos profundos da gravidez precoce na vida das jovens. Além dos riscos médicos como infecções e partos prematuros, há consequências emocionais, interrupção da educação e restrições econômicas duradouras. Muitas acabam presas em ciclos de pobreza. Para reverter esse cenário, a OMS defende políticas públicas que priorizem o fim do casamento infantil e ampliem o acesso das meninas à educação, ao mercado de trabalho e aos serviços de saúde reprodutiva. Segundo dados da UNICEF, garantir a conclusão do ensino médio pode reduzir em até dois terços os casos de casamento precoce. Embora o número global de adolescentes que dão à luz tenha caído nas últimas duas décadas, ainda há regiões onde a prática continua alarmante. Em alguns países, quase 10% das meninas entre 15 e 19 anos se tornam mães todos os anos, segundo a OMS. As novas diretrizes da OMS, atualizadas desde 2011, reforçam a importância da educação sexual integral como ferramenta para prevenir gestações precoces. A agência da ONU afirma que adolescentes bem informados têm maior capacidade de tomar decisões conscientes sobre seu corpo e sua saúde sexual.

Enquanto gangues dominam as ruas e o povo definha de fome no Haiti
A tragédia anunciada no Haiti avança em silêncio, sem manchetes e sem comoção internacional. Segundo o mais recente relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), mais da metade da população haitiana — 5,7 milhões de pessoas — está afundada em insegurança alimentar aguda. Trata-se da maior crise de fome já registrada no país . O cenário é de emergência humanitária. Desses milhões, mais de dois milhões estão à beira do colapso nutricional (Fase 4 do IPC) e cerca de 8.400 pessoas vivem em condições de catástrofe total (Fase 5) — sem acesso à comida, desidratadas, desnutridas e à espera da morte por inanição. Jean-Philippe Ksiazek Getty Images Capital dominada por gangues, famílias sem refúgio Porto Príncipe, a capital, foi sequestrada por facções armadas que impõem o terror cotidiano. A violência generalizada provocou o deslocamento de mais de um milhão de pessoas , que hoje se espremem em prédios públicos, escolas abandonadas e espaços insalubres. Água limpa, alimentos e assistência médica se tornaram luxos inalcançáveis. Mesmo com os esforços do Programa Mundial de Alimentos (PAM), que já conseguiu atender 1,3 milhão de pessoas em 2025, as operações correm o risco de parar. Faltam US$ 53,7 milhões para manter as ações de emergência pelos próximos seis meses. “Estamos lutando para não perder mais vidas. Mas a verdade é que estamos sozinhos”, afirma Wanja Kaaria , diretora do PAM no Haiti. A agência tem distribuído refeições quentes, apoio financeiro e acesso inédito a zonas dominadas por grupos armados, onde o Estado desapareceu há tempos. O PAM também opera o Serviço Aéreo Humanitário da ONU, garantindo que suprimentos e trabalhadores humanitários consigam chegar aos poucos refúgios possíveis. Crianças em risco de extinção silenciosa A infância haitiana está sendo apagada diante dos nossos olhos. Segundo o UNICEF, mais de um milhão de crianças enfrentam fome crítica , e quase 130 mil correm risco de vida por desnutrição severa. Apenas 4% delas receberam tratamento até agora . A violência impede a entrega de alimentos, o colapso econômico impediu os pais de alimentarem os filhos, e 70% do programa de nutrição infantil está sem recursos . “O sistema de saúde está morrendo. As crianças estão morrendo. E o mundo assiste calado”, disse Geeta Narayan , representante do UNICEF no Haiti. Apesar dos alertas desesperados da ONU, o mundo segue apático. Nenhuma cúpula de emergência, nenhum trending topic. Haiti segue, como sempre, sendo descartável aos olhos das potências globais. Enquanto a fome vira arma e a morte por desnutrição se torna rotina, o clamor por paz é sufocado pelo barulho das balas — e pelo silêncio cúmplice dos que poderiam agir, mas escolhem assistir. Se quiser, posso adaptar esse conteúdo para newsletter, podcast, ou uma publicação visual no estilo carrossel para as redes sociais do Clandestino . Deseja seguir com isso?

Sudão do Sul à beira do abismo após recaída em conflito sangrento
Nações Unidas soam o alarme diante do retorno iminente da violência armada no Sudão do Sul, onde o frágil pacto de paz firmado em 2018 ameaça se desfazer por completo. O confronto direto entre o presidente Salva Kiir e seu rival político histórico, Riek Machar, sinaliza a degeneração de mais uma tentativa fracassada de reconciliação nacional. Riek Machar e Salva Kiir Durante sessão do Conselho de Segurança da ONU nesta semana, Nicholas Haysom, representante especial do secretário-geral para o Sudão do Sul, advertiu sobre a escalada militar no estado do Alto Nilo. “O impasse político se transformou em confronto armado. Estamos vendo uma repetição sombria das guerras de 2013 e 2016, que ceifaram mais de 400 mil vidas”, declarou Haysom, reforçando a urgência de impedir uma nova espiral de sangue. Relatos crescentes apontam para a reativação da milícia conhecida como Exército Branco, o alistamento forçado de crianças e a entrada de tropas ugandesas no país, a pedido do governo de Kiir. Enquanto isso, desinformação, discurso de ódio e narrativas polarizadas alimentam tensões étnicas que corroem qualquer tentativa de estabilidade. O chefe da missão da ONU no país, que também coordena os trabalhos da UNMISS (Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul), destacou que “a região não suportará outra guerra civil”. Ele apelou por ações conjuntas entre líderes nacionais, a União Africana, o IGAD, o Vaticano e outros mediadores, com foco na retomada do diálogo, libertação de prisioneiros políticos e respeito ao cessar-fogo em áreas sensíveis como Nasir. Sudão do Sul I NEW ZIMBABUE Apesar dos esforços diplomáticos, a situação humanitária caminha para o colapso. Segundo Edem Wosornu, diretor de operações do OCHA, cerca de 9,3 milhões de pessoas – o equivalente a três quartos da população sul-sudanesa – necessitam de ajuda emergencial. Deslocamentos internos aumentam, hospitais estão sendo destruídos, e a insegurança alimentar já atinge quase 8 milhões de pessoas. Com a chegada da estação chuvosa, teme-se uma repetição das enchentes devastadoras de 2024, que afetaram mais de 1,4 milhão de cidadãos e exacerbaram a crise alimentar. “A ajuda humanitária não pode compensar a ausência de vontade política”, frisou Wosornu, destacando que apenas o compromisso firme com o Acordo de Paz Revitalizado poderá evitar uma nova catástrofe regional. Haysom encerrou com um aviso direto: “A região já está sobrecarregada por outras guerras. Um novo colapso no Sudão do Sul não interessa a ninguém – exceto aos que lucram com o caos.”

Iêmen contra-ataca império bélico dos EUA e atinge Tel Aviv em defesa da Palestina
Em resposta a um bombardeio norte-americano que deixou ao menos 74 mortos na província de Hodeidah, as Forças Armadas do Iêmen (YAF) intensificaram seus ataques contra alvos israelenses e norte-americanos na sexta-feira, 18 de abril. O movimento marcou uma nova escalada no confronto regional, com a capital Sanaa reiterando seu compromisso de se manter ao lado da Palestina. Iêmen contra-ataca império bélico dos EUA e atinge Tel Aviv em defesa da Palestina I Arquivo AFP De acordo com o porta-voz militar brigadeiro-general Yahya Saree, a YAF lançou um míssil balístico Zulfiqar contra o aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. Simultaneamente, uma ofensiva coordenada atingiu os porta-aviões USS Harry S. Truman e USS Carl Vinson — ambos presentes no Mar Vermelho — com o uso de mísseis de cruzeiro e drones. Saree destacou que essa foi a primeira vez que o USS Carl Vinson foi alvo direto das forças iemenitas desde sua chegada à região para apoiar as ações militares dos EUA em respaldo à ofensiva israelense contra Gaza. Durante a operação, a defesa aérea iemenita também derrubou um drone norte-americano MQ-9 sobre o espaço aéreo da província de Sanaa, utilizando um míssil terra-ar de fabricação nacional. Este é o quinto drone do tipo abatido pelas forças iemenitas em apenas três semanas — e o vigésimo desde que os EUA reiniciaram sua campanha militar no país. “Estamos firmes ao lado de Gaza diante da escalada de agressões promovidas por EUA e Israel”, afirmou Saree em pronunciamento realizado enquanto manifestações populares tomavam as ruas de Sanaa e outras cidades, em apoio à resistência pró-Palestina. O porta-voz advertiu que qualquer nova ofensiva norte-americana será respondida com intensidade crescente, deixando claro que os ataques do YAF não cessarão até que Israel interrompa sua campanha militar contra Gaza e suspenda o cerco à região. Horas antes do anúncio iemenita, ataques navais dos EUA atingiram o porto petrolífero de Ras Issa, em Hodeidah, matando pelo menos 74 civis e ferindo mais de 100, segundo fontes locais. Autoridades de Sanaa classificaram o bombardeio como um “crime de guerra” e prometeram retaliação. No dia anterior, o líder do movimento Ansar Allah, Abdul Malik al-Houthi, revelou que os Estados Unidos já haviam realizado 900 ataques aéreos contra o Iêmen desde meados de março. Em resposta, a YAF intensificou sua ofensiva, com 78 lançamentos de mísseis e drones contra Israel e o USS Truman. Apesar do volume dos ataques liderados por Washington, a resistência iemenita segue inabalável. Analistas e fontes do Congresso dos EUA, ouvidos pelo New York Times, alertaram que a operação prolongada no Oriente Médio está comprometendo a capacidade bélica norte-americana no Pacífico — região estratégica frente à crescente tensão com a China. A sobrecarga das tropas e a dificuldade de manter equipamentos em funcionamento geram crescente preocupação no alto escalão do Pentágono. A guerra, iniciada em janeiro de 2024, não apenas falha em sufocar a resistência iemenita, como começa a corroer a própria estrutura militar do império que a promove.

20 países africanos foram incluídos na famigerada lista de tarifas de Trump
No emblemático "Dia da Libertação", em 2 de abril de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu ao palanque para anunciar um novo capítulo de agressão econômica: tarifas recíprocas sobre os maiores parceiros comerciais do planeta. Apresentadas sob o velho disfarce de “proteção da indústria nacional”, as medidas reacendem o espírito protecionista que marcou sua primeira passagem pela Casa Branca. A iniciativa, embora fantasiada de nacionalismo econômico, encontrou resistência imediata dentro e fora do país. Sob pressão do setor privado e diante da fúria internacional, a aplicação das tarifas foi temporariamente suspensa — um intervalo estratégico, não um recuo. Em 9 de abril, Trump anunciou que as sobretaxas acima de 10% seriam adiadas por 90 dias, com uma exceção: a China, alvo fixo de sua retórica combativa. A maior parte dessas tarifas jamais saiu do papel — uma marca registrada da gestão Trump, sempre mais barulho do que substância. No entanto, o que realmente importa não é o que foi feito, mas o que foi sinalizado: uma guinada radical na política externa comercial dos EUA. A prioridade agora é clara: forçar a presença de produtos americanos a qualquer custo, mesmo que isso signifique transformar antigos parceiros em alvos. O continente africano, como sempre, foi arrastado para o jogo sem direito a fala. Embora não esteja no centro do embate entre Washington, Pequim e Bruxelas, a África tornou-se um dano colateral da política de guerra tarifária. Pior: foi jogada à margem sob o pretexto de “reequilibrar” a balança comercial, sendo atingida por medidas voltadas a setores estratégicos como o automotivo e o têxtil — justamente onde algumas economias africanas encontraram respiro nos últimos anos. Embora os EUA ainda mantenham relações comerciais relevantes com diversos países africanos, o continente mal representa 1% do total do comércio americano. E sua participação no déficit comercial dos EUA — estimado em US$ 1 trilhão — é irrisória. Ainda assim, as tarifas foram lançadas como uma espécie de aviso velado: ninguém está a salvo quando a prioridade é "America First", nem mesmo os economicamente irrelevantes. A ameaça não foi só retórica. Vinte países africanos foram incluídos na famigerada lista de tarifas, alguns com taxas absurdas — como Lesoto (50%) e Madagascar (47%). A África do Sul, por sua vez, recebeu 30% sobre produtos gerais e mais 25% sobre veículos. Ironia: país onde montadoras como Ford, BMW, Toyota e VW investiram pesado, agora penalizado por fazer exatamente o que os EUA sempre incentivaram — abrir-se ao capital estrangeiro e industrializar-se. Para pequenos países como Lesoto, cuja economia depende da exportação de têxteis aos EUA, as tarifas são um golpe quase fatal. Já Madagascar, outro polo têxtil, foi igualmente atingido em cheio. Enquanto isso, a África do Sul, mesmo sendo o maior parceiro comercial africano dos EUA, foi deliberadamente escolhida como exemplo — talvez para mostrar que nem os “aliados” estão imunes à lógica de submissão imposta por Washington. Outros países, como Egito, Marrocos e Quênia, receberam penas mais leves — 10%. Coincidência? Difícil acreditar. São nações com vínculos estratégicos com os EUA e economias em crescimento que Washington ainda tenta manter sob controle. Por ora. Mas o verdadeiro desastre paira sobre a AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para a África), que oferecia acesso isento de tarifas para uma ampla gama de exportações africanas. Com validade até setembro de 2025, a lei já vinha perdendo relevância desde que os EUA reduziram sua dependência do petróleo africano. Agora, com a postura agressiva de Trump, a renovação da AGOA se torna praticamente impossível — mais um passo na desconstrução silenciosa da política de parceria com o continente. Como solução, Trump propôs o que soa como piada de mau gosto: realocar a produção para o território americano. Para a União Europeia ou China, isso pode até fazer sentido. Mas para países africanos que exportam basicamente commodities? Uma demanda que não leva em conta a realidade, apenas reafirma o desprezo pela lógica econômica e pelo equilíbrio internacional. Na prática, o novo regime tarifário de Trump se baseia em afinidades políticas, alinhamento ideológico e — claro — disposição para abrir as pernas aos interesses americanos. Países que oferecem regalias comerciais e favorecem investidores dos EUA podem receber tratamento “especial”. Um exemplo emblemático é o Zimbábue, cujo presidente correu para oferecer isenção de impostos a produtos americanos em uma tentativa desesperada de escapar da lista negra. Esse novo jogo é tudo, menos justo. Ele é opaco, partidário e escancaradamente manipulado. E, no fim das contas, destrói as pontes que a AGOA tentou construir nas últimas décadas. Historicamente, os EUA se apresentaram como defensores do livre comércio com a África, desde a Conferência de Berlim (1884) até a Carta do Atlântico (1941). Mas com o avanço da globalização, os papéis se inverteram: de exportadores, os americanos se tornaram compradores. A AGOA foi a tentativa de equilibrar essa nova dependência. Agora, Trump quer reverter tudo isso à força. O que isso significa para a África? Um convite à reinvenção. Com os EUA fechando as portas, talvez seja hora de o continente voltar-se para si mesmo, fortalecer mercados regionais, e desenvolver modelos industriais próprios. Ainda assim, os desafios persistem: déficits comerciais entre US$ 70 e 100 bilhões por ano, dívida crescente e escassez de moeda. E o mais cruel — falta de crédito e poder de compra para escapar dessa armadilha. A ilusão de que a África poderia ser a “nova China” está ruindo. Não há sinal de que o continente vá assumir o papel de oficina do mundo. O que resta, portanto, é a aposta no consumo interno — e em uma política que, pela primeira vez, coloque os africanos no centro de suas próprias prioridades. Porque se depender de Trump, o que virá da América não será prosperidade, e sim pressão.

Alemanha fecha Embaixada no Sudão do Sul devido à intensificação da violência
A Alemanha decidiu fechar temporariamente sua embaixada em Juba, capital do Sudão do Sul, alegando "crescente instabilidade no país". A decisão ocorre em meio ao aumento da violência que ameaça levar o Sudão do Sul de volta à guerra civil, apenas sete anos após o fim do conflito anterior. Recentes ações do presidente Salva Kiir, incluindo a destituição do governador do estado do Alto Nilo, provocaram intensos confrontos entre as forças do governo e milícias étnicas aliadas a líderes rivais, como o primeiro vice-presidente Riek Machar. Esses confrontos aumentaram as tensões políticas e sociais no país. Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, ao anunciar o fechamento da embaixada, destacou a responsabilidade de Kiir e Machar em evitar mais derramamento de sangue e cumprir os acordos de paz firmados para garantir a estabilidade no Sudão do Sul.

China exige fim do bloqueio contra Cuba e critica sanções dos EUA
A China voltou a condenar as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e pediu o fim imediato do bloqueio econômico contra Cuba. Em declaração nesta quinta-feira (20), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, afirmou que Pequim se opõe ao uso da diplomacia coercitiva e rejeita qualquer tentativa de pressão política através de restrições econômicas. A manifestação ocorreu após Washington anunciar novas restrições de visto contra autoridades cubanas, sob a alegação de “trabalho forçado” em missões médicas enviadas pelo governo da ilha a outros países. Mao Ning rebateu as acusações e ressaltou que, ao longo de seis décadas, mais de 600 mil profissionais de saúde cubanos atuaram em 60 países, beneficiando 230 milhões de pessoas e salvando 12 milhões de vidas. “A cooperação médica de Cuba é amplamente reconhecida, especialmente no Caribe. A narrativa do ‘trabalho forçado’ não passa de uma justificativa para endurecer ainda mais o bloqueio”, afirmou. Impacto econômico e isolamento dos EUA O apelo chinês reforça o posicionamento do país na Assembleia Geral da ONU, onde, desde 1992, a maioria das nações vota contra o embargo imposto a Cuba. Segundo relatórios cubanos, as sanções norte-americanas já causaram um prejuízo superior a US$ 154 bilhões, afetando o acesso a medicamentos, tecnologia e comércio exterior. A China também cobrou que os EUA retirem Cuba da lista de “patrocinadores estatais do terrorismo”, classificação que limita ainda mais a economia cubana no cenário internacional. Para Pequim, Washington deve adotar medidas concretas para melhorar as relações bilaterais e contribuir para o desenvolvimento da região caribenha. Além da questão cubana, Mao Ning criticou a escalada de barreiras comerciais em nível global e alertou para os impactos das disputas tarifárias. Citando um relatório da OCDE que prevê uma desaceleração no crescimento mundial devido a políticas protecionistas, a porta-voz defendeu o multilateralismo como caminho para um comércio mais justo. “A imposição de tarifas e sanções unilaterais não beneficia ninguém”, afirmou Mao. Segundo ela, a China continuará promovendo uma globalização inclusiva e mutuamente benéfica, em contraste com a estratégia de guerras comerciais adotada por governos como o de Donald Trump. Analistas apontam que a postura de Pequim reforça seu papel como defensora de um sistema internacional baseado na cooperação, enquanto os EUA enfrentam crescente isolamento na ONU por manter políticas consideradas colonialistas contra Cuba e outras nações.

Israel intensifica agressão a Jenin e aumenta deslocamento forçado na Cisjordânia
As forças de ocupação israelenses continuam sua ofensiva contra a cidade de Jenin e seu acampamento pelo 59º dia consecutivo, resultando em um aumento no deslocamento forçado de moradores que são obrigados a deixar suas casas sob ameaça de armas. Na terça-feira, as forças israelenses emitiram ordens de demolição para cerca de 66 casas nos bairros de Al-Hawashin, Al-Aloub, Mesquita Azzam, Jourat Al-Dhahab e Harat Al-Samran, alegando que o motivo seria a ampliação das ruas e a pavimentação de novas estradas no campo, com o objetivo de facilitar a passagem de veículos militares. Durante a noite, diversas residências próximas ao Al-Saadi Diwan, dentro do campo de refugiados, foram incendiadas pelas forças israelenses, que também continuam a bloquear o acesso ao Hospital Governamental de Jenin com montes de terra. Desde o início da agressão, aproximadamente 227 cidadãos de Jenin foram detidos, e investigações de campo foram realizadas com dezenas de moradores. De acordo com autoridades locais, as forças de ocupação destruíram 100% das ruas do acampamento de Jenin e cerca de 80% das ruas da cidade. Aproximadamente 3.200 casas foram destruídas, forçando seus moradores a se deslocarem. A economia local sofreu um impacto severo, e a pobreza entre os residentes aumentou drasticamente. Até o momento, a agressão resultou em 34 mortos, dezenas de feridos e vários detidos.

Bombardeios israelenses continuam em Gaza, deixando dezenas de mortos e feridos
A noite passada e a manhã de quinta-feira foram marcadas por intensos bombardeios israelenses em várias regiões da Faixa de Gaza, que resultaram na morte e ferimentos de dezenas de cidadãos palestinos. De acordo com o correspondente da WAFA, sete pessoas morreram quando as forças de ocupação israelenses atacaram a casa da família Abu Deeb, localizada em Bani Suhaila. Em Abasan al-Kabira, oito pessoas perderam a vida no ataque à residência da família Abu Daqqa. Além disso, vários outros palestinos morreram em ataques a casas, como a de Abdul Rahman al-Majayda, em Miraj, e a da família al-Amour em al-Fakhari. Em outros locais, dez pessoas morreram durante um bombardeio à casa da família Jabr, na área de Musabah, a leste de Rafah, enquanto sete foram mortas em um ataque a uma residência no bairro de al-Sultan, a oeste de Beit Lahia. A retomada dos ataques israelenses à Faixa de Gaza ocorreu na madrugada de terça-feira, 18 de março, após mais de dois meses de pausa. Desde então, mais de 400 civis foram mortos, a maioria mulheres e crianças, e centenas ficaram feridos. A agressão contínua ocorre em um momento de grande preocupação com a situação humanitária na região, agravada pelo cerco israelense e a falta de suprimentos médicos e humanitários. Desde o início da ofensiva em 7 de outubro de 2023, mais de 48.572 palestinos foram mortos, muitos dos quais crianças e mulheres, e mais de 112.000 ficaram feridos, enquanto muitas vítimas permanecem soterradas sob os escombros.

Colonos israelenses invadem sítio arqueológico em Sebastia, na Cisjordânia
Hoje, colonos israelenses invadiram o sítio arqueológico de Sebastia, localizado ao norte de Nablus, na Cisjordânia. Segundo relatos de autoridades locais, os colonos entraram no local com o apoio de forças militares israelenses, que isolaram a área, impedindo o acesso dos palestinos. Imagem do acervo. © mosab.shawer - Palestina O prefeito de Sebastia, Mohammad Azzem, informou à agência de notícias WAFA que os soldados israelenses cercaram a cidade e bloquearam o acesso ao sítio arqueológico. Ele afirmou que o local foi declarado inacessível para os palestinos, permitindo apenas a presença de colonos sob a vigilância militar.

Iêmen emerge como um ator-chave da resistência anti-imperialista no Oriente Médio
A região do Mar Vermelho e do Estreito de Bab al-Mandab, fundamentais para o comércio global e rotas de energia, está passando por uma rápida reconfiguração geopolítica, com o Iêmen emergindo como um ator-chave. A recente escalada no conflito iemenita envolve não apenas atores locais, mas também potências internacionais, com o envolvimento direto dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e de Israel, além da crescente rivalidade entre Arábia Saudita e Emirados. A crise se intensificou após o governo de Sanaa, liderado pelo movimento Ansarallah (Houthi), retomar o bloqueio naval contra navios destinados a Israel em resposta à suspensão de ajuda humanitária a Gaza. A medida provocou uma intervenção rápida dos Estados Unidos, que realizaram ataques aéreos em várias províncias iemenitas, resultando em centenas de vítimas. Em retaliação, as forças armadas do Iêmen executaram uma operação militar direcionada ao porta-aviões USS Harry S. Truman e seus navios de guerra no Mar Vermelho, marcando uma nova fase no confronto entre os dois países. Desfile de Ansarullah na frente de Jizan No entanto, a escalada vai além do cenário militar imediato. A disputa por influência nas províncias orientais do Iêmen, especialmente em Al-Mahra, Hadhramaut e Socotra, está se intensificando entre os dois grandes aliados regionais da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita: os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. A luta por esses territórios estratégicos visa garantir controle sobre as vitais rotas comerciais do Mar Vermelho e do Estreito de Bab al-Mandab, além de permitir alternativas ao Estreito de Ormuz, crucial para o transporte de energia. Os Emirados, que desde o início da guerra no Iêmen em 2015 buscaram expandir sua influência sobre a ilha de Socotra, têm implementado uma série de medidas para consolidar seu controle, incluindo a militarização da região e a transformação demográfica. De acordo com Saleh Manser al-Yafei, editor do Southern Scene, os Emirados não apenas procuraram comprar terras e estabelecer bases militares na ilha, mas também trabalharam para naturalizar cidadãos da ilha e alterar seu tecido social e cultural. Socotra, uma ilha no "Triângulo Dourado" do Mar Arábico, tem sido um foco de disputa. Os Emirados Árabes Unidos têm expandido sua presença, criando bases militares e estabelecendo uma rede de lealdades com líderes tribais locais. Os Emirados controlam áreas-chave, como o Aeroporto Internacional de Socotra, em uma tentativa de consolidar sua posição estratégica. Amir al-Socotri, do Congresso Nacional de Socotra, alerta que a estratégia dos Emirados em Socotra é multifacetada, abrangendo aspectos militares, econômicos e culturais. "O objetivo é apagar a identidade de Socotra e espalhar a cultura dos Emirados, ao mesmo tempo em que controlam setores vitais como eletricidade e combustível, marginalizando o governo central do Iêmen", afirmou. Além disso, a cooperação crescente entre os Emirados Árabes Unidos e Israel tem aprofundado as tensões na região. Desde 2020, os Emirados e Israel têm fortalecido seus laços militares e de inteligência, com uma instalação conjunta de monitoramento sendo estabelecida em Socotra. A presença militar israelense na ilha, embora não oficialmente reconhecida, é crescente, com o apoio dos Emirados para o estabelecimento de infraestrutura militar avançada, incluindo pistas para aeronaves e bases navais. Segundo o jornalista Saleh al-Yafei, a construção dessas instalações sugere que Israel planeja usar Socotra como uma base avançada para operações contra os houthis. "Imagens de satélite revelam a construção de pistas militares que indicam que Israel pretende operar de Socotra para ataques diretos no Iêmen", afirmou. No entanto, a população local tem resistido ativamente à crescente influência estrangeira, com protestos tanto em Al-Mahra quanto em Socotra contra a presença saudita e dos Emirados. A resistência popular tem sido um reflexo da oposição à militarização e à tentativa de manipulação das dinâmicas políticas e sociais locais por potências externas. Com o controle das províncias orientais do Iêmen sendo disputado entre os Emirados e a Arábia Saudita, enquanto potências globais como os Estados Unidos e Israel aprofundam seu envolvimento, o cenário se torna cada vez mais volátil. As tensões em torno de Socotra e da região do Mar Vermelho podem ter implicações não apenas para o futuro imediato do Iêmen, mas também para a geopolítica global, com repercussões nos corredores comerciais estratégicos e no equilíbrio de poder no Oriente Médio. A situação permanece incerta, com o conflito se expandindo para novas frentes e potencialmente desencadeando uma mudança geopolítica de longo alcance na região.

Musk sugeriu que a imposição de sanções aos oligarcas ucranianos poderia ser a chave para solucionar o conflito
O bilionário Elon Musk, conhecido por seus comentários polêmicos e sua influência no setor tecnológico, propôs uma solução improvável para o conflito entre Ucrânia e Rússia: sancionar os dez principais oligarcas ucranianos. Segundo ele, esse seria o “segredo” para encerrar a guerra de imediato. A sugestão surgiu em um post na plataforma X no último sábado, quando Musk respondia a um debate sobre o financiamento dos EUA para a Ucrânia. Crítico recorrente da ajuda externa americana, o empresário defendeu que atingir financeiramente os magnatas ucranianos, especialmente aqueles com mansões em Mônaco, forçaria Kiev a buscar um acordo. “Essa é a chave do quebra-cabeça”, declarou Musk, sem detalhar como exatamente isso influenciaria o curso da guerra. A lista dos oligarcas mais ricos da Ucrânia, segundo a Ukrainian Focus, inclui nomes como Rinat Akhmetov, dono do grupo SCM; Viktor Pinchuk, do Interpipe Group; o ex-presidente Petro Poroshenko; Igor Kolomoisky, proprietário da Dneprazot; e Konstantin Zhevago, da Ferrexpo. Muitos desses bilionários são responsáveis pelo fornecimento de equipamentos militares, drones e munições ao exército ucraniano, tendo investido milhões no esforço de guerra nos últimos anos. A proposta de Musk gerou reações divididas. Enquanto alguns argumentam que a elite empresarial ucraniana tem pouco poder para influenciar decisões militares, outros destacaram que a própria Kiev já sancionou alguns desses oligarcas, incluindo Poroshenko e Kolomoisky, sugerindo uma cisão dentro do governo ucraniano. O comentário do empresário surge em um momento de crescente tensão entre Washington e Kiev. Após uma viagem humilhante de Volodymyr Zelensky aos EUA, onde uma reunião com Donald Trump ficou acalorada e um acordo sobre minerais foi suspenso, os EUA retaliaram cortando ajuda militar e interrompendo o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia. Há receios dentro do governo ucraniano de que Trump possa adotar sanções contra a Ucrânia, vinculando membros do círculo de Zelensky a escândalos de corrupção. Esse movimento poderia enfraquecer ainda mais o apoio do Ocidente ao país e colocar em risco seu futuro na União Europeia. Enquanto Musk brinca de diplomata nas redes sociais, a Ucrânia enfrenta um dilema geopolítico real: um governo pressionado por oligarcas, um Ocidente cada vez mais relutante em continuar a guerra e uma Rússia observando de perto os desdobramentos dessa crise política.

Paz à Moda do HTS: Massacre de civis em nova onda de violência na Síria
Os confrontos voltaram na costa síria no dia 9 de março, com as forças lideradas pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) intensificando uma operação brutal que já deixou mais de 800 mortos em apenas uma semana. O novo governo sírio, sob domínio do grupo extremista, declarou o início da "segunda fase" da ofensiva, mirando ex-militares e opositores do antigo governo de Assad. De acordo com uma fonte do Ministério da Defesa sírio, combates violentos foram registrados na vila de Taanita, na zona rural de Tartous, onde remanescentes do Exército Árabe Sírio (SAA) e apoiadores do antigo governo resistem ao avanço das forças do HTS. Em resposta, as tropas extremistas lançaram pesados bombardeios contra diversas localidades, incluindo Hammam al-Wasel e Beit al-Atiq, além de ataques com drones. Casas de civis foram incendiadas, e o pânico se espalhou entre os moradores, que pedem socorro enquanto enfrentam execuções sumárias e deslocamento forçado. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR) denunciou o massacre em curso, apontando que, desde sexta-feira, ao menos 830 civis alauitas foram assassinados, com milhares de pessoas sendo forçadas a fugir. Segundo relatos, combatentes do HTS e aliados extremistas invadem casas, executando indiscriminadamente mulheres e crianças, muitas vezes registrando os ataques em vídeo. Mesmo diante da devastação, Ahmad al-Sharaa, presidente de transição da Síria, minimizou a situação durante um discurso em uma mesquita de Damasco, alegando que "esses desafios já eram esperados" e garantindo que "a Síria tem os elementos necessários para sobreviver". Enquanto o HTS consolida seu poder com táticas de terror, a população das províncias costeiras de Latakia e Tartous segue à mercê de uma guerra que, longe de acabar, se reinventa sob novas bandeiras.
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