top of page
Foto do escritorClandestino

Duas mulheres sofrem violência sexual a cada hora na República Democrática do Congo  

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) revelou que atendeu mais de 25 mil vítimas de violência de gênero na República Democrática do Congo em 2023. Esse número equivale a uma média de duas mulheres por hora, sendo que 90% das vítimas estão na província de Kivu do Sul (MÉDECINS SANS FRONTIÈRES, 2024).

 

Muitas dessas vítimas se encontram em campos de descolados internernos nos arredores de Goma, onde os confrontos entre o M23 e as forças governamentais recomeçaram no final de 2021, resultando no deslocamento de mais de meio milhão de pessoas, segundo dados da ONU.

 

"De acordo com os relatos dos pacientes, dois terços deles foram atacados por homens armados, tanto em suas residências quanto nas áreas circunvizinhas, quando mulheres e meninas – que representaram 98% das vítimas atendidas pela MSF na RDC em 2023 – saíam para coletar madeira ou água, ou para trabalhar nos campos", afirma Christopher Mambula, chefe dos programas da MSF na RDC (MÉDECINS SANS FRONTIÈRES, 2024).

 

Desde que começou suas atividades na RD Congo, a MSF registrou que 2023 foi o primeiro ano a apresentar um número tão alarmante de vítimas de violência de gênero.

 

A MSF informa que a maioria das pessoas tratadas por estupro – 17.829 – está em campos nos arredores de Goma, onde a presença massiva de homens armados e as condições de vida desumanas agravam ainda mais a situação.


Segundo o relatório anual da MSF, uma em cada dez vítimas atendidas em 2023 era menor de idade, e muitas acabam se tornando alvo de exploração sexual para sustentar suas famílias (MÉDECINS SANS FRONTIÈRES, 2024).

 

Graham Inglis, que foi chefe da MSF em Goma no ano passado, enfatiza que o principal desafio reside em atender às necessidades básicas das pessoas.

 

“Estamos falando de violência de gênero, mas elas também precisam de abrigo, alimentos, higiene e saneamento. As mulheres nos informam que recebem tratamento médico, mas retornam para casa sem comida. Essa é uma situação extremamente séria, que parece ser desconhecida pela maior parte do mundo”, afirma Graham Inglis.

 

Os profissionais de saúde alertam que está se tornando cada vez mais difícil garantir suprimentos adequados à medida que o número de vítimas cresce. Há uma escassez de recursos para atender às vítimas de estupro, e elas não têm acesso à assistência jurídica. Isso significa que as mulheres e meninas permanecem vulneráveis à violência.

 

A MSF apela às partes envolvidas no conflito no leste da RD Congo para que cessem a violência contra civis e respeitem os campos de refúgio, uma vez que esses atos de violência de gênero são extremamente graves.

 


 

Referências

MÉDECINS SANS FRONTIÈRES. “WE ARE CALLING FOR HELP” Care for victims of sexual violence in the Democratic Republic of Congo. Genebra. 2024.


MÉDECINS SANS FRONTIÈRES. MSF has and continues to treat more than two victims of sexual violence per hour in DRC. MSF. Genebra. 2024.

 

 

Creative Commons (1).webp

ÚLTIMAS POSTAGENS

bottom of page