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Leia on-line "Poesia sem Censura" de Gilson L. Siqueira

Foto do escritor: ClandestinoClandestino
 

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PREFÁCIO

“Escrever é fácil: você começa com maiúscula e termina com ponto. No meio você coloca as ideias.” A frase pronunciada pelo grande poeta chileno Pablo Neruda pode transformar o ato de escrever em algo banal, mas a realidade é muito diferente. São poucos aqueles que têm o privilégio de dar ao ato de escrever dimensões de arte, de transformar palavras em sentimentos e também em sonhos.

Na poesia, essa dificuldade aumenta porque as palavras são usadas de maneira cerimoniosa, na dose exata, de forma precisa, com ritmo, leveza ou aspereza; e envolvidas em muita emoção. São pequenas gotas de sentimentos ditadas pela vivência do autor.

Gilson Luiz Siqueira é poeta. E ele define no seu “Soneto ao Poeta” o significado da criação ao afirmar: “poetar e saber trabalhar cada letra, cada sentimento / poetar é saber expressar o motivo de cada movimento.”

Autor premiado na VI Antologia Poética de São José dos Campos, em 1989, e primeiro colocado no I Concurso de Poesias Cora Coralina, em 1994, Gilson vem dividir os seus sentimentos com todos nós. Mais uma vez recorrendo aos seus poemas, podemos dizer que Gilson deseja dividir a sua emoção. E emoção para o poeta não tem limites. Apenas os delimitados por seu coração.

Gisela Alves Natal




 

Sou como

tantos

entre

tantos

mais um

desconhecido

que tentou

no entanto

sem chances

portanto

lutou

enquanto

tantos

desistiram.


Adilson Dobosz

 


LAÇO E NÓ


O laço,

desfaço.

No momento,

temo o tempo.

Desato o nó,

sem dó.

Se a gente

sente,

rola e chora.

Cala,

no peito

o nó,

só pó.


Premiada na “VI Antologia Poética”

São José dos Campos – 1989



 


NA VIDA


Na vida

Rumo

Sem rumo

Certo

Rolo no chão

Sinto

Sentir

Não viver

Amo

Te amar

Desabafo

Nas palavras

Sou eu

Na vida



1º Lugar I Concurso de Poesias

Cora Coralina 1994 



 


VITÓRIA


Um desejo,

um sonho

que se fez realidade.

Uma vontade,

um grito

que se ouviu no ar.

Uma alegria,

um passo

que se deu à frente.

Uma vitória,

de repente

um “EU” em letras

num papel.





 



SONETO AO POETA


Poetar é saber trabalhar

Cada letra, cada sentimento

Poetar é saber expressar

O motivo de cada movimento

O poeta sabe colocar pra fora

Cada sentimento do coração

Poeta é aquele que explora

Todo um mundo de emoção

Poetar é saber transmitir

O que existe dentro de si

Poetar é saber dividir

No mundo do poeta

Não existem limites

Tudo; o coração, lhe afeta




 


FAÇO


Faço da poesia

um canto melódico.

No canto de um quarto

faço versos sem rima,

desenho letras no papel.

Tento um encanto

pra poder te encantar.

Tento um sorriso

sem sentido.

Choro calado,

calo sorrindo.

 

BOLHA DE SABÃO


Leve bolha de sabão

Sem destino flutua

Alimenta a imaginação

De transparência nua

Rola bola

Flutua bolha

O sentimento aflora

Não tenho escolha

Bolha de sabão

Leva contigo

Minha decepção

Me faz abrigo

De alguma emoção

Será que consigo?



 


VOCÊ


Teus olhos negros,

me olham maliciosamente.

Suspense insinuando prazer.

Teus lábios macios,

me tocam o peito nu.

Amor invadindo minh´alma.

Tuas mãos delicadas,

me acariciam o corpo.

Emoção provocando desejo.

Teus gestos de ternura,

me apagam a solidão.

Naturalidade despindo carência.



 


GENTE


É gente que passa

Que vai e que vem

É gente que se amassa

Dentro de algum trem

É gente que corre

Pra pegar a condução

É gente que morre

Sem nenhuma condição

É gente que passa

É gente que se amassa

É gente que morre

Depois de um porre

Gente que vai e que vem

Dentro de algum trem


 

COMPOSIÇÃO


Componho

no compasso

do ritmo

que acompanho.

Me decomponho

passo a passo.

Apanho...

Não me exponho.

 

TEMPO


Um sonho,

acordo de um sono.

Uma emoção

e transbordo.

Me refaço,

dou um passo.

No estopim

meu fim.

 

SEGREDO


Te olhei, gostei

me apaixonei.

Senti vontade, medo

fui covarde.

Um sorriso, aceno

recuei.

Uma música, poesia

chorei.

Uma dor, lágrima

fui fraco.

Um mistério, segredo

fui sincero.


 

RASCUNHO


Traço

um risco

dois, cinco...

Desisto.

Rabisco...

Fico só

com o risco

arisco.

Resisto.

Rascunho.

 

DELITO


Sequestro,

se destro

ou canhoto...

Um gafanhoto

caiu na minha

sopa...

Fico aflito,

desisto...

 

PAUSA

Faço uma pausa,

numa lauda

sem pauta

me resumo.

Me identifico

com o vazio

das horas

e me calo.

Não sei

se mereço,

mas faleço

a cada minuto

percorrido

pelos ponteiros

do tempo.

 

ENTRELINHAS


Páginas viradas

são só entrelinhas

da lembrança.

Momentos que deslizaram

por entre os dedos,

são flores pisadas

após a última

primavera.

 

MENINA


Me castrei da terra,

arranquei as raízes

e me lancei no espaço.

Viajei no arco-íris

que brotou da menina

dos teus olhos.

Me escravizei

nos teus desejos.

Te desejei

menina mulher

crua e nua,

bela e fera.


 

SANGUE


O sangue

que rola

nas veias

da vida

não me tem

sentido.

Mas os minutos

nos ponteiros

do tempo,

me transportam

para o coração

do mundo.

 

VIDA


Desfaço o laço,

mas traço

meu destino.

Fui menino,

hoje peregrino

nas entranhas

estranhas do tempo.

O vento traz

o cheiro de nada,

enquanto na calçada

a cada passo

me refaço

do tempo perdido

porém vivido.

 

“Oh! Sejamos pornográficos

(docemente pornográficos).”

Carlos Drummond de Andrade

 

CORPOS


Roupas tiradas,

atiradas.

Corpos despidos

atraídos

um pelo outro.

Amor discreto,

secreto.

Tesão na flor

da pele,

carícias, prazeres.

Momentos.

 

PALCO


Bocas pornográficas

soletram

palavras que valsam

sobre o palco

de cortinas

vermelhas

cor do sangue

que jorra das veias do mundo

após o último ato.

E o dicionário da vida

perpetua

cada sentimento

que se crava no peito

pra lapidar o ser humano.


 

DESTINO


Seu corpo nu

se vestiu de água

e me amou

na cascata

de lágrimas

que o destino

chorou...

 

FEL


Nu...

teu corpo

meu, nosso.

Um n´outro

peles e pelos

molhados.

Mel nos lábios

orgasmo

de fel.


 

LÁGRIMAS


Horas mágicas,

trágicas

movimentações.

Bocas caladas,

línguas que descobrem

novos sabores.

Lágrimas póstumas

escorrem

pelo rosto

que jaz gelado

sob o lençol,

que outrora

fora palco

do amor.


 

DESEJO


O curto vestido

esconde teu corpo,

mas não...

tua silhueta

de fartos seios

que desejo.

Nem as grossas pernas

de pele morena

se cobrem

pelo tecido transparente,

ingênuo

maliciosamente...


 

ESCARRO


Escarra meus beijos,

despreza meus desejos

e veste a calcinha.

Oculta teu prazer

e me manda embora.

Me põe pra fora

bate a porta

e te masturba no chuveiro,

lava o meu cheiro.

Chora minha ausência

e incrimina teu orgasmo

solitário...


 

VENENO


Me embriago

em teu veneno

depois

de tê-la

feito mulher.

Me entrego

à maciez

da tua pele,

e me aconchego

no teu corpo

frágil.


 

FOGO


Te despe, te deita

expõe tua nudez

teu sexo, teus pelos.

Me consome, corpo

frágil, nu...

Mostra teu fogo,

me incendeia,

faz um aceno.

Um gesto obsceno.

Me devora

com tuas entranhas

úmidas. Coxas

entre coxas.


 

PERIGO


O teu sexo

tem o gosto

da malícia.

As curvas

do teu corpo

de mulher

escondem teus

perigos.

No calor

das tuas entranhas

realizo meus desejos.

Mas é no suor

da tua pele

que sacio minha sede.


 

NUDEZ


Recostei minha cabeça

em teu peio nu,

com semente que cai

em solo fértil

e me plantei

em teus segredos.

Prazeres se fizeram

ocultos

na tímida nudez.

Nos completamos vidas

vividas,

transadas.


 

SABONETE


O sabonete corre

escorre

percorre curvas.

Espumanada

lisanádegas

alisa.

Perfumapele

molhada

de mistérios.

Descobre

segredos

de ninfa

amores

e sabores...


 

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