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Desinformação: A batalha pela verdade na mídia palestina

Desde que aprendemos a nos comunicar, a mentira sempre esteve presente em nossas bocas, ainda mais em casos de disputas narrativas, territoriais ou de qualquer outra forma. Como se diz “durante os períodos de guerra, a primeira baixa sempre foi a verdade” [107]. Devido ao avanço das comunicações online nas últimas décadas, à medida que melhoramos nossos meios de comu­nicação, também aprimoramos as técnicas de disseminação de mentiras, revelando um desafio catastrófico de alcance global. Ao invés de informar a esfera pública sobre o que é de interesse, a desinformação, ou fake news tendem a provocar efeitos opostos. Se antes, o jornalismo esteve ligado à procura da verdade, a desinformação tem como pretensão obscurecer essa busca.

A utilização do termo fake news suscita dificuldades na sua compreensão. Para nós, falantes do português, a tradução literal da expressão resulta em “notícia falsa”. Tal tradução tende, de certa forma, a relativizar o significado tanto da palavra “notícia”, que se refere a um fato de interesse público, quanto minimizar o uso da palavra “falso”, que simplesmente representa o que não é. Se uma informação é categorizada como “falsa”, então, por definição, ela não pode ser considerada uma notícia. Vamos ado­tar neste texto o termo “desinformação”, que é o que realmente significa.

A desinformação busca unicamente confundir, manipular e iludir o público por meio de falsidades. – Espero, que os leitores adotem essa terminologia como forma usual, para que não mais notícia seja relativizada e falso minimizado.

Conceituado a palavra "desinformação", avançamos agora para os efeitos colaterais causados por ela em nossa sociedade contemporânea. Em escala global, a desinformação tem desenca­deado o caos, desestabilizado governos e manipulado a opinião pública em todos os cantos, muitas vezes visando influenciar o resultado de eleições democráticas ou sustentar golpes midiáticos; uma situação muito bem delineada pelo jornalista Andrey Korybko em seu livro "Guerras Híbridas” [108]. Basta observar os eventos ocorridos após a difusão em larga escala de desinformação referente ao "kit gay" e à "mamadeira de piroca", desinformações das mais absurdas, que abriram as portas para o período mais catastrófico da história da democracia brasileira, resultando no golpe batizado de impeachment da Presidenta Dilma, sucedida pelos governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

A desinformação provoca danos em toda a sociedade, mas nenhum setor sofre mais com seus efeitos do que o jornalismo, especialmente aqueles comprometidos com ética profissional e a responsabilidade na apresentação de fatos em vez de fofocas. A inversão de valores foi tão significativa - e não me refiro apenas aos casos no Brasil e na Palestina - que os profissionais, após dedicarem lon­gos anos ao estudo e aprimoramento de técnicas de comunicação, verificação de informações e métodos científicos, sem mencionar os estudos éticos, passaram a ser desacreditados pela sociedade. Seu compromisso com a verdade dos fatos foi substituído pelas páginas de redes sociais e grupos de WhatsApp, que priorizam apenas seus interesses em curtidas e compartilha­mentos virtuais, em detrimento do comprometimento com a sociedade. Diante dessa nova realidade, o ambiente virtual se transformou em um palco onde se censura toda forma de luta social ao passo que autoriza e incentiva os verdadeiros discursos de ódio e promoção das mais bizarras pseudociên­cias - alguém ainda duvida do formato da Terra?

Para os jornalistas palestinos, os impactos têm sido ainda mais severos. Diante de tudo que discutimos até o momento, torna-se evidente que o Estado de Israel exerce um domínio significativo sobre o cenário midiático, utilizando sua influência para interferir na comunicação palestina. Esse controle se manifesta na distorção dos fatos noticiados, na alteração da narrativa e, acima de tudo, na influência sobre as redes sociais. O autor ilustrou, ao longo desse breve histórico, casos exemplares: desde a responsabilização de um jornalista por seu próprio assassinato até a morte de uma jor­nalista em um confronto de tiros unilateral; da confusão entre uma toalha branca e um coquetel molotov até a classificação de uma jovem jornalista como uma ameaça à segurança do poderoso Estado de Israel. Essa desinformação é disseminada por agências da indústria da desinformação e por perfis de redes sociais controlados e financiados pela ideologia sionista.


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