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Foto do escritorSiqka

A evolução dos códigos, dos símbolos aos algoritmos

No princípio, os seres humanos se comunicavam exclusiva­mente por meio da linguagem oral. Através da fala, era possível transmitir informações, compartilhar conhecimentos e expressar emoções. Com o tempo, as sociedades começaram a utilizar símbolos e desenhos para expressar todo tipo de ideias. Pinturas rupestres e hieróglifos são exemplos desses novos tipos de códi­gos, que permitiam registrar a história e transmitir conhecimentos mais detalhados para além dos membros da comunidade. As pinturas em cavernas se aperfeiçoaram; logo, animais com quatro patas foram substituídos pelo código complexo de quatro letras que formavam a palavra caça.

Através da escrita, a comunicação ganhou novo alcance, mas, ainda assim, existiam certas restrições quanto àqueles que podiam ou não decifrar os seus códigos, já que o processo de reprodução era lento e seu conteúdo era basicamente burocrático ou de teor religioso, sob a responsabilidade dos monges copistas.

No século XV, Gutenberg revolucionou a comunicação com a invenção da prensa, permitindo a disseminação mais rápida e am­pla do conhecimento, facilitando a difusão de informação.

No século XIX, a comunicação ganhou nova forma e começou a ser impulsionada por avanços tecnológicos, como a telegrafia e o telefone. Essas inovações permitiram codificar e transmitir mensa­gens para longas distâncias, encurtando ainda mais as fron­teiras entre um ser humano e outro.

O avanço da mídia impressa, como jornais e revistas, e a introdução de rádio e cinema ampliaram a comunicação não só entre pessoas; a partir dessa fase da história, passamos a nos co­mu­nicar em massa. Notícias e entretenimento estavam acessíveis pela primeira vez para a maioria das pessoas, que nessa fase se tornaram o que a indústria da comunicação chamou de audiência.

As novas técnicas de comunicação logo foram reconhecidas como fontes de manipulação da opinião pública. Sem demora, aqueles que já controlavam os estados se apropriaram em larga escala dos novos meios de comunicação, tornando-se detentores supremos do poder. A revolução industrial já vinha ganhando terreno, alterando a geografia e a história dos centros urbanos. Porém, faltava ainda encontrar consumidores para absorver as mercadorias produzidas em larga escala pelas fábricas. Foram nos novos meios de comunicação desenvolvidos, como rádio, cinema, revistas e jornais, que a revolução industrial encontrou uma maneira de atingir esse objetivo, transformando cada indivíduo em um potencial consumidor. Porém, a nova estratégia de propaganda versus consumidor também encontrou um novo meio, passando a vender não só produtos, mas também ideias. Da mesma maneira que Henry Ford usava a propaganda para vender carros para os tra­balhadores da linha de montagem da Ford Motor Company, Adolf Hitler usava a propaganda nazista para vender ideias chauvinistas para nacionalistas de toda a Europa.

Então, chegamos à era digital. O surgimento da internet e das tecnologias digitais revolucionou as mensagens, os emissores, receptores, canais e principalmente os códigos da comunicação. O surgimento do correio eletrônico, das redes sociais, dos blogs e dos aplicativos de mensagens instantâneas permitiu aproximar pessoas de diferentes partes do mundo em milésimos de segundo.

Após as eras fordista e toyotista, entramos na era digital da uberização, o que criou a ilusão de autonomia, levando-nos a acreditar que éramos senhores de nossos próprios pensamentos e vontades. Essas forças da comunicação não mudaram de mãos; continuaram a servir àqueles que tinham o poder, e eles aproveita­ram para moldar os códigos em seu próprio benefício, colocando o oprimido em defesa de seu próprio opressor. [75] 

Na nossa era, os jornalistas representam a última barreira entre a sociedade e os detentores do poder. Aqueles que se comprome­tem com a proteção da democracia e a denúncia de diversos crimes de guerra recebem como prêmio um alvo colado nas costas.





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