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Foto do escritorSiqka

A perspectiva sobre a propaganda 'antiarabe' nos livros didáticos israelenses

A mensagem emitida por Janna Jihad serve como um alerta aos jovens israelenses, destacando um conjunto de sentimentos, crenças e normas que alimentam o ódio anti-árabe. Ela os identi­fica também como vítimas da ocupação. Argumento respaldado pela pesquisa realizada por Nurit Peled-Elhanan, filóloga e professora de literatura comparada da Universidade Hebraica de Jerusalém. Peled-Elhanan iniciou sua pesquisa após perder a filha em um atentado terrorista, trágica situação que a levou a tentar entender e determinar as origens do conflito entre israelenses e palestinos.

Os resultados da pesquisa apontaram para a ideologia e a propaganda presentes nos livros didáticos israelenses como elementos contribuintes para o ódio aos palestinos. Peled-Elhanan examinou cuidadosamente o material didático fornecido pelo Estado e identificou uma ausência notável: ao longo de todos os anos escolares, as crianças israelenses não encontram uma única fotografia de uma pessoa palestina nos livros que estudam. Quando os palestinos são retratados, são representados por ilus­trações infantis que remetem aos árabes do século XIX, criando a impressão de que todo palestino faz parte de uma comunidade árabe internacional que compartilha os mesmos hábitos e cultura.

Essa visão de uma nação árabe imaginária e a visão estereoti­pada dos árabes nos livros didáticos concebem a ideia de que os palestinos poderiam viver em qualquer uma dessas nações, enquanto os judeus de todo o mundo não têm alternativa de destino a não ser o Estado de Israel.

Peled-Elhanan também ressalta um aspecto notável nas disci­plinas de geografia, onde áreas palestinas, como Hebron, Nablus e Jenin, na Cisjordânia, e toda a Faixa de Gaza, permanecem como espaços vazios, sem informações sobre seus habitantes ou do que existe nesses locais. Ela descreve essa repre­sentação como um "espaço em branco pronto para ser habitado". [105]

Um dos focos da estratégia sionista nos livros escolares é a ênfase em trunfos e desastres históricos, como explicado por Stuart Hall anteriormente. Nos livros didáticos, eventos como o assassi­nato do Conde Folke Bernadotte e outros crimes de guerra são sistematicamente omitidos, uma vez que não se alinham com a narrativa sionista. Em contraste, os livros costumam realçar as figuras heroicas da Bíblia, como Moisés, Josué e Davi. Essas figuras são apresentadas não apenas como parte de uma narrativa religiosa, mas como verdadeiras personalidades que lutaram em prol do povo hebreu. Essas histórias, segundo Peled-Elhanan, alimentam o sentimento de heroísmo e inspiram os jovens a ingressarem no serviço militar em busca de seu próprio Golias.

Quanto aos desastres, como a Guerra do Yom Kippur, eles tendem a instilar pânico e medo, contribuindo para o sentimento combativo contra os palestinos. Influenciando os novos cidadãos israelenses a acreditarem que precisam se proteger a todo custo de um inimigo implacável. Esse fenômeno social, denominado pelo pesquisador britânico Stan Cohen como pânico moral, desencadeia respostas violentas e autoritárias que tendem a favorecer regimes de exceção. Tais atitudes não surgem de um processo de análise crítica da situação real ou de uma reflexão baseada em evidências e processos históricos, em vez disso, têm origem em crenças religiosas e fictícias de líderes militares que se apresentam como salvadores da pátria.

“Desumanizar os palestinos, deturpar as incursões de limpeza étnica e glorificar os heróis da causa sionista, são temas abordados nos livros didáticos que transformaram crianças israelenses em um exército de eleitores medrosos. Sendo assim, propensos a acreditar nos palestinos como ‘uma ameaça à própria existência do Estado’ e, em geral, sua expulsão e assassinato resolvem um enorme problema demográfico e nos salva israelenses de outro Auschwitz.” Peled-Elhanan [105] 


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