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Foto do escritorClandestino

Comitiva brasileira vai ao Saara Ocidental em solidariedade à luta anticolonial

Em um contexto de crescente marginalização da luta saaraui no cenário internacional, a segunda caravana de brasileiros rumo ao Saara Ocidental ocorre em solidariedade à causa anticolonial do povo saaraui. Organizada pela representação da Frente Polisário no Brasil, a viagem, com duração de duas semanas, tem como destino os campos de refugiados em Tindouf, na Argélia, e busca amplificar, no Brasil, a luta pela autodeterminação frente à ocupação marroquina, que já dura mais de quatro décadas.


A Frente Polisário (Frente Popular de Libertação de Saguía el Hamra e Río de Oro), fundada em 1973, segue como o único representante legítimo do povo saaraui, reconhecido pela ONU e, recentemente, pelo Tribunal Europeu de Justiça. Em 1976, liderou a fundação da República Árabe Saaraui Democrática (RASD), marco histórico na luta pela independência após a recusa da Espanha em cumprir os processos de descolonização determinados pela ONU.



A disputa pelo Saara Ocidental


Após o declínio do colonialismo espanhol, a região tornou-se palco de disputas envolvendo Marrocos e Mauritânia. O rei Hassan II, buscando consolidar o "Grande Marrocos" como resposta à crise interna, liderou a chamada "Marcha Verde", mobilizando 350 mil marroquinos em 1975 para reivindicar o território saaraui. Apesar de uma decisão contrária da Corte Internacional de Haia, que afirmou não haver soberania marroquina ou mauritana sobre o Saara Ocidental, o Acordo Tripartido entre Espanha, Marrocos e Mauritânia permitiu a ocupação marroquina.

A Frente Polisário reagiu com luta armada, inicialmente contra ambos os países. Após uma série de derrotas infligidas à Mauritânia, incluindo o impacto econômico causado pelo bloqueio das exportações de ferro, o país recuou. Já contra o Marrocos, a Polisário adotou táticas de guerrilha que infligiram importantes baixas, como nos ataques às minas de fosfato em Bou Craa.



Resistência saaraui e desafios contemporâneos

As vitórias pontuais da Polisário levaram Hassan II a construir um muro de mais de 2 mil quilômetros, separando as zonas controladas pela Polisário do restante do território. Esse muro, cercado por campos minados, tornou o Saara Ocidental um dos territórios mais minados do mundo.


Após um cessar-fogo em 1991 e a criação da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO), o referendo prometido jamais ocorreu. Enquanto isso, a comunidade saaraui em Tindouf resistiu, com destaque para o papel das mulheres na organização política dos campos de refugiados, onde surgiram as cinco wilayas: Dajla, Aousserd, El Aiún, Boujdour e Smara.


Nos anos 2000, as tensões aumentaram com a construção de uma estrada em Guerguerat, na zona desmilitarizada, marcando o fim do cessar-fogo em 2020. Recentemente, o Marrocos estreitou relações com Israel e outros países para fortalecer sua ocupação, inclusive com parcerias militares, como o Acordo-Quadro de Cooperação em Defesa assinado com o Brasil em 2019.



Solidariedade brasileira e perspectivas

Nesta sexta-feira (15/11) parte do Brasil a caravana internacionalista que levará ativistas de direitos humanos, internacionalistas, jornalistas, artistas, acadêmicos, militantes políticos, dirigentes sindicais e participantes de organizações da sociedade civil à República Árabe Saaraui Democrática (RASD), melhor conhecida como Saara Ocidental, para levar solidariedade à causa do povo saaraui, que luta por sua autodeterminação diante da ocupação marroquina de seu território, com cumplicidade criminosa das potências imperialistas, bem como para divulgar a causa para o público brasileiro.


A caravana é a segunda que sai do Brasil, e ficará lá até o dia 28/11. O grupo de brasileiros chegará no sábado em Argel, capital argelina, seguindo então para Tindouf, um conjunto de campos de refugiados na fronteira argelina com o Saara Ocidental, onde reside grande parte da população saaraiu, em situação de refúgio devido à ocupação marroquina, assim como a sede do governo em exílio da RASD.


Para a Polisário, a organização das caravanas cumpre a importante função de divulgar a situação dos saarauis e construir a solidariedade internacional, especialmente em países como o Brasil, que ainda não reconhece oficialmente o Saara Ocidental e onde a causa é relativamente pouco conhecida.





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