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Bukavu Resiste: A atual situação no leste da RD do Congo


RD Congo © Christophe Stramba-Badiali
RD Congo © Christophe Stramba-Badiali


Eu sou Bukavu, e Bukavu está comigo!

A paz permanece esse brilho ardente e incansável em nosso sonho. Mas no Kivu, ela se tornou um ideal nebuloso, preso num impasse diplomático. Convenções assinadas obscurecem nossa vida cotidiana, enquanto as viagens presidenciais tornam ainda mais complicadas as decisões para o estabelecimento da paz.

Alguns atores nacionais e internacionais normalizaram a guerra no Congo, fazendo dela parte da nossa rotina. Eles lucram com os impactos devastadores sobre a população, que continua sendo mantida na posição de vítima.

Ontem foi Goma, hoje é Bukavu.

Qual cidade será a próxima? Até onde tudo isso levará?

Uma pergunta que parece ser de baixa prioridade no cenário diplomático e governamental.

No dia 8 de fevereiro de 2024, durante a Cúpula da EAC e da SADC na Tanzânia, onde o presidente Tshisekedi deveria estar presente, ele optou por se esconder atrás de uma chamada de vídeo, negligenciando a chance de romper o impasse diplomático.

As recomendações da RDC permaneceram inalteradas:

  • Exigir um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas ruandesas.

  • Apoiar iniciativas africanas pela paz, mas sem complacência.

  • Reafirmar que nenhuma negociação pode comprometer a soberania nacional.

Enquanto isso, o governo de Suminwa reafirma seu compromisso com a proteção da população e a busca por uma paz duradoura. Mas essa retórica já se tornou um refrão cansado, ignorando o peso emocional da RDC na EAC e perpetuando o impasse diplomático.



Hoje, o Congo parece um bolo dividido entre seus vizinhos. Entre os que avançam sobre o país, está Muhoozi, filho do presidente ugandense Museveni, sugerindo, através de seus tweets, intervir na RDC sob o pretexto de defender seu povo bahima em Bunyia.

A RDC tornou-se palco de acertos de contas entre potências vizinhas. O pretexto de "caçar rebeldes" serve apenas para manipular a opinião internacional e garantir o saque sistemático dos recursos do leste congolês.

Diante desse cenário, surgem questões inquietantes:

  • Quem está realmente por trás da crise no leste da RDC?

  • O que esses atores políticos e militares realmente buscam?

A justificativa de defender minorias, como os banyamulenge, e promover a democracia soa vazia diante dos verdadeiros interesses em jogo.

Enquanto isso, a cidade de Bukavu foi tomada pelo terror do M23, que opera a partir de 100 km de distância. O exército congolês, alegando respeitar um cessar-fogo, recua e facilita o avanço do inimigo.

Pouco antes do assalto total a Bukavu, a segurança da cidade foi entregue a um grupo rebelde, numa decisão aleatória e desastrosa. O resultado? Um adversário bem estruturado e equipado tomou o controle, como já aconteceu em Bunagana e em tantas outras localidades.

A cada nova conquista do M23, o governo promete uma resposta estratégica. Mas essa promessa não intimida o inimigo, que segue fortalecendo suas posições.

Diante disso, devemos nos perguntar: o que faríamos se fôssemos reféns?

A população continua refém de acordos que nunca viu, mas que têm consequências diretas em sua vida. Enquanto isso, nosso solo é entregue sem que nos demos conta.

Devemos refletir antes de aceitar a realidade imposta. Nada de positivo pode surgir de uma rebelião. Já tivemos experiências suficientes para saber disso.

A história prova que nenhum exército libertou um povo, e que a guerra nunca deve ser justificada como um instrumento de libertação. O verdadeiro caminho para a libertação da RDC passa por uma consciência coletiva e uma governança transparente. Nenhuma arma pode redimir um país.

Os rebeldes do M23 e seus cúmplices pagarão um alto preço. O sangue congolês clama por justiça!

A justiça precisa ser reparadora. Precisamos vingar os nossos mortos.

Um dia, a RDC verá uma pomba cruzar seu céu e se tornará um refúgio de paz.

Nosso sangue é testemunha da nossa resiliência e nunca será esquecido. Não apagaremos os crimes do Ruanda e de Uganda. Nossa resiliência não significa esquecimento!

Guardaremos essa memória até o fim. E faremos de tudo para que essa história de dor jamais se repita!


JUSTIN MULINDWA

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