O dólar a R$ 6 e o desespero do mercado diante de um mundo multipolar
- Siqka
- 28 de nov. de 2024
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Na manhã desta quinta-feira (28), o dólar ultrapassou a marca histórica de R$ 6, ainda que momentaneamente, antes de recuar para R$ 5,99. Essa alta reflete a reação do mercado ao pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite anterior. Mas o que explica esse movimento tão significativo?
A marca histórica do dólar chegando a R$ 6, ainda que brevemente, não é apenas um reflexo de incertezas econômicas. É o grito de um sistema financeiro que vê seu domínio escorrer pelas mãos, enquanto tenta desesperadamente preservar privilégios. O nervosismo dos investidores não está ligado apenas à economia brasileira, mas à lenta e inevitável erosão de um mundo moldado pelo imperialismo e pela hegemonia do dólar.
O governo brasileiro, ao apresentar um pacote fiscal que isenta trabalhadores com rendas de até R$ 5 mil e introduz uma taxação sobre os super-ricos, deixou claro para quem governa: a classe trabalhadora. Para os investidores, essa postura soa como uma afronta. Analistas apontam que, ao invés de tranquilizar, o anúncio gerou dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo. Segundo especialistas, os investidores esperavam medidas "mais concretas"; um eufemismo para a realidade que é a de um Estado que tenta redistribuir, ainda que timidamente, os frutos do trabalho coletivo.
E o cenário internacional só amplia essa sensação de perda de controle. Recentemente, o Irã, agora membro do BRICS, deu um passo ousado: adotou uma criptomoeda para transações com parceiros do bloco. É mais um golpe no dólar, símbolo máximo do imperialismo estadunidense. O BRICS, cada vez mais independente da moeda norte-americana, aponta para um futuro multipolar onde as nações têm maior autonomia sobre suas economias.

A reação dos mercados à alta do dólar é, em essência, uma recusa a aceitar essa nova ordem mundial. É a resistência dos que se beneficiaram de um sistema injusto que concentrou riquezas e impôs desigualdades globais. Para eles, o avanço de um BRICS fortalecido e um governo que prioriza a classe trabalhadora são ameaças existenciais.
Mas é preciso lembrar: quem dita as regras do jogo está perdendo o tabuleiro. A desvalorização do real não é só reflexo de “medo do mercado”. É o sintoma de um capitalismo em crise, que se debate enquanto o mundo se reorganiza.
A alta do dólar não nos assusta. O que deveria assustar é a submissão às velhas fórmulas que só beneficiaram poucos por tanto tempo. Talvez o grito do mercado seja, afinal, o prenúncio de uma ruptura necessária. E quando as moedas caírem, que a reconstrução seja feita pelos povos, e não pelos que insistem em governar por desespero e avareza.