Cortar fornecimento de eletricidade para dessalinização de Gaza é cruel e ilegal, diz Anistia Internacional
- Derek Emidio
- 14 de mar.
- 2 min de leitura
Em resposta à decisão de Israel de cortar o fornecimento de eletricidade para a planta de dessalinização de água potável na Faixa de Gaza, uma semana após bloquear a entrada de ajuda humanitária vital, Erika Guevara Rosas, diretora sênior de Pesquisa, Política, Defesa e Campanhas da Anistia Internacional, afirmou:
“A decisão de Israel de cortar a eletricidade para a principal planta de dessalinização de Gaza, uma semana após bloquear a entrada de toda a ajuda humanitária e suprimentos comerciais, incluindo combustível e alimentos, viola a lei internacional humanitária e é mais uma evidência do genocídio de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza ocupada."
“Essas ações desumanas e ilegais são uma clara indicação de que Israel continua sua política de impor deliberadamente aos palestinos de Gaza condições de vida calculadas para provocar sua destruição física – um ato proibido pela Convenção sobre Genocídio. Elas também servem como um lembrete do controle que Israel exerce como potência ocupante, permitindo-lhe desligar e ligar serviços essenciais a qualquer momento."
“Israel não pode ser autorizado a usar a água como arma de guerra. Combustível, alimentos, abrigo e outros suprimentos essenciais à sobrevivência da população civil são uma questão de vida ou morte, não uma ferramenta para exercer pressão em negociações”, disse Erika Guevara Rosas.

A Faixa de Gaza está enfrentando uma catástrofe hídrica e sanitária após danos massivos à infraestrutura de água e esgoto devido às operações militares israelenses e ao bloqueio ilegal em curso. Desde o dia 11 de outubro de 2023, Gaza está sem eletricidade, após a decisão do então ministro de Energia de Israel, Israel Katz, de cortar o fornecimento de eletricidade por meio da Companhia Elétrica de Israel, que é paga pela Autoridade Palestina. Isso forçou a planta de energia de Gaza a ser desligada.
Em 14 de novembro de 2024, a planta de dessalinização do Mar do Sul foi reconectada à rede elétrica israelense, tornando-se a única instalação em Gaza a receber eletricidade de Israel. No entanto, a decisão de cortar novamente esse fornecimento agora reduzirá a capacidade da planta de produzir água potável em 85%, passando de 18.000 metros cúbicos de água por dia para apenas 3.000, o que terá consequências devastadoras para os civis no centro e no sul de Gaza.
O bloqueio total dos suprimentos de combustível ameaça fechar outras instalações de água, incluindo poços, agravando ainda mais a crise.

“A situação em Gaza já é desesperadora, e a interrupção do fornecimento de eletricidade à planta de dessalinização agravará a escassez de água, colocando ainda mais vidas em risco”, afirmou Guevara Rosas. “As autoridades israelenses devem restaurar imediatamente e completamente o fornecimento de eletricidade para Gaza – não apenas para a planta de dessalinização – e permitir que os civis tenham acesso irrestrito a bens e serviços essenciais.”
Como potência ocupante, Israel tem a obrigação legal, de acordo com a lei internacional humanitária, de garantir a provisão de alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais para a sobrevivência da população civil em Gaza, utilizando todos os meios ao seu alcance para cumprir essa obrigação.