A Construção do Futuro Sustentável – A Hora de Acordar

O tempo, esse bem tão valioso e imensurável, passa por nós como uma correnteza, levando consigo as chances de reverter um dos maiores desafios que já enfrentamos: a crise climática. No entanto, o tempo do poder público parece sempre ser diferente, dilatado, adiando decisões e ações essenciais para o bem coletivo. E, muitas vezes, meus colegas arquitetos e engenheiros, com suas mãos cheias de sonhos e ideias inovadoras, acabam sendo seduzidos por uma miragem de desenvolvimento rápido e financeiro. No entanto, este "desenvolvimento" é, na verdade, uma construção que desrespeita o solo, a água e o futuro de nossos filhos.

A especulação imobiliária, alimentada por investimentos sem reflexão sobre as consequências ambientais, transformou muitas de nossas cidades em locais desconectados com o seu entorno natural. Edifícios de concreto e aço, prontos para serem vendidos a preços altos, são projetos sem alma, sem um olhar sobre o que realmente importa: a natureza e o futuro das próximas gerações. Estamos, sem perceber, construindo um legado de destruição. Nossos próprios trabalhos, muitas vezes, são moldados por interesses que ignoram a sustentabilidade, negligenciam a eficiência energética e distorcem o verdadeiro conceito de qualidade de vida.

É urgente refletirmos sobre o modelo em que estamos vivendo e sobre as práticas que estamos adotando. Precisamos questionar a maneira como estamos moldando nossas cidades e vidas, não apenas pelos ganhos imediatos, mas pelo impacto duradouro no nosso planeta. Não podemos permitir que interesses privados sobreponham as necessidades coletivas. Afinal, em que tipo de mundo queremos viver nos próximos 30 anos?

A questão central está na administração da nossa vida coletiva. Se estamos construindo para as gerações futuras, então precisamos ser visionários e responsáveis. Que tal se, em vez de construirmos mais edifícios de concreto, começássemos a investir na construção de um futuro mais saudável? A adoção de práticas como o uso de cisternas para captação de águas pluviais, painéis fotovoltaicos, hortas urbanas em ecotelhados, paisagismo vertical e a substituição do concreto impermeável por blocos permeáveis unistein, poderia ser um ótimo começo. Essas soluções não apenas ajudam a combater a crise climática, mas também criam um ambiente urbano mais harmonioso e resiliente.

E o que dizer sobre a sustentabilidade no âmbito global? Ela precisa ser integrada às nossas decisões diárias. Não basta mais tratar da sustentabilidade apenas como um tema isolado, mas sim como uma prática diária. Precisamos de ações concretas e imediatas, por parte de todos os setores. Investir em soluções sustentáveis, como as práticas do ESG (Environmental, Social and Governance), e os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da ONU, é um passo essencial para criarmos um mundo mais justo e equilibrado.

É necessário que todos os setores da sociedade compreendam a urgência e a necessidade de uma transição para uma economia regenerativa e sustentável. Um exemplo claro dessa transição é o trabalho desenvolvido por iniciativas como o EPCG – Escritório de Projetos Coletivos Globais, que trabalha com soluções criativas e sustentáveis para garantir que nossas cidades sejam mais verdes, resilientes e capazes de enfrentar os desafios ambientais.

O tempo de agir é agora. O ano de 2025 está cheio de eventos que celebram e discutem o futuro sustentável: a COP30, no Brasil, que trará líderes mundiais para debater soluções urgentes para a crise climática, e a Semana Global de Ação Climática, que acontece em setembro, são apenas dois exemplos de momentos cruciais em que a humanidade terá a chance de se alinhar em torno da urgência da sustentabilidade.

Mas, mais do que participar de eventos globais, a mudança começa dentro de cada um de nós, em nossas ações diárias. Que tal começarmos a olhar para o mundo com mais responsabilidade e, ao mesmo tempo, com esperança? A mudança está ao alcance das nossas mãos. Juntos, podemos transformar nossas cidades, nossos projetos e, mais importante ainda, o nosso planeta.

O futuro sustentável começa agora. E a transformação depende de cada um de nós.