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Foto do escritorSiqka

General de dez estrelas tem que ficar atrás da mesa com o cu na mão

Não preciso repetir detalhes sobre a notícia que já começou a dominar manchetes e debates: a prisão de militares brasileiros acusados de planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O que me intriga não é o plano em si — desde o 8 de janeiro de 2023, isso já estava evidente. O que realmente preocupa é a confirmação de algo muito mais profundo: nossa democracia está corroída por ambições autoritárias e uma herança de impunidade que atravessa décadas da história brasileira.


Renato Russo já alertava: “Eu não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão.” – Mas quem foi que deu as dez estrelas para esses merdas? Lamentavelmente, foi nossa própria democracia, com o aval de uma parte significativa da população brasileira.


Chegamos ao ápice da inversão de valores e estamos à beira de nos jogar, de cabeça, em um abismo político e moral. Aqui está a verdade amarga: o bolsonarismo segue mais vivo do que nunca, e sequer precisa do decrépito Bolsonaro para sobreviver. As portas do inferno que esse leviatã abriu continuam escancaradas, permitindo que ideias como o plano “Punhal Verde e Amarelo”, arquitetado na casa do General Braga Netto, sejam consideradas possíveis. Não estamos falando de devaneios isolados, mas de estratégias concretas que já plantaram bombas no útero da democracia brasileira, invadiram o Congresso, o Planalto e o STF, e tentaram golpes de Estado. Até agora, sobrevivemos pela sorte. Mas até quando?


Setores das Forças Armadas e de segurança do país estão contaminados por projetos golpistas que rejeitam um Brasil democrático e plural. A pergunta que ecoa – de outro poeta – é: “Que fazer?” – Será que estamos prontos para enfrentar essa realidade? O Brasil tem a coragem necessária para cortar a fundo o tecido de uma hierarquia militar ainda impregnada pelas cicatrizes — e pelos vícios — da ditadura? E o sistema judicial, frequentemente cúmplice dos poderosos, terá a ousadia de tratar esses conspiradores como os criminosos hediondos que são e não como “desviados” de uma suposta elite moral?


O Brasil não pode continuar fingindo que episódios como o “Punhal Verde e Amarelo” são aberrações históricas ou casos isolados. Não são! São sintomas de um sistema estruturalmente golpista, cuja origem remonta ao golpe contra Dilma, à prisão de Lula, à eleição de Bolsonaro, à tentativa de golpe de 8 de janeiro, o homem-bomba de Brasília e a tantas outras afrontas à democracia. É um processo amplo, contínuo e deliberado, que exige enfrentamento imediato.


E o que podemos fazer? A primeira lição é clara: o passado não pode ser esquecido. A história já nos mostrou o preço de ignorar as ameaças à democracia. É hora de exigir não só respostas, mas o desmantelamento desse sistema golpista e de seus “gabinetes do ódio”. É preciso fazer esses generais voltarem atrás de suas mesas — e sim, com o 'cu na mão'. Porque, no fim das contas, o poder não pertence a eles. Como diz a Constituição: 'Todo poder emana do povo.' Está na hora de fazer essa frase valer!

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