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Um guia para entender o que está acontecendo – novamente – na Síria e qual a participação de EUA, Israel, Rússia, Irã e Turquia...


Prelúdio

Nos últimos dias, o norte da Síria serve como palco de intensos combates, os mais violentos desde março de 2020, quando um cessar-fogo foi negociado com a mediação da Rússia e da Turquia. Compreender os eventos atuais na Síria não é uma tarefa simples para o Ocidente, especialmente em um contexto de uma ÚLTIMA GUERRA MUNDIAL em curso que muitos preferem ignorar. Nesse cenário, a manipulação midiática emerge como uma das armas mais poderosas dessa guerra, com disputas de narrativas e milhares de acusações, cada qual declarando seu oponente como "terrorista".

Antes de mergulharmos no tema, é essencial considerar a atual conjuntura mundial. Israel, com financiamento dos Estados Unidos e de potências europeias, está promovendo ações genocidas em Gaza e no Líbano, além de desferir ataques de diferentes intensidades contra a Síria, Iraque, Iêmen e Irã. Enquanto isso, a Rússia, com apoio de forças da Coréia do Norte, intensifica sua ofensiva na Ucrânia. A recente sinalização de Donald Trump sobre a suspensão do apoio dos EUA a Zelensky indica que a Europa pode ficar isolada na condução de sua guerra contra Putin, agravando tensões no continente. Simultaneamente, o Irã firmou um acordo de defesa abrangente com a Rússia, fortalecendo suas alianças. Tanto Irã quanto Rússia continuam apoiando o regime de Bashar al-Assad na Síria. Por outro lado, a Turquia desempenha um papel ambivalente, atuando como mediadora entre as potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos e Israel, enquanto dança em uma corda bamba para não se indispor com a Rússia e os países árabes. Trata-se de um cenário altamente complexo, repleto de atores estrangeiros que alternam alianças e disputa de poder conforme as peças são posicionadas.




O que aconteceu?

Na manhã de 27 de novembro, grupos antigovernamentais lançaram uma ofensiva nas províncias de Aleppo e Idlib. Segundo relatos, a operação envolveu facções islâmicas, como o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), e forças armadas da coalizão Al-Fateh al-Mubin, apoiadas pela Turquia e, indiretamente, pelos Estados Unidos. No dia seguinte, a coalizão Al-Fateh al-Mubin, da qual o HTS faz parte, anunciou a captura de Khan al-Assal, a apenas 7 quilômetros de Aleppo, além da apreensão de dez tanques.

Entender quem são esses grupos e quais são seus objetivos é fundamental para desvendar as dinâmicas do conflito. Vamos explorar isso em mais detalhes.



Hay'at Tahrir al-Sham (HTS) é uma organização armada salafista-jihadista[1] que atua predominantemente no noroeste da Síria, especialmente na província de Idlib. Fundado em janeiro de 2017, o HTS surgiu da fusão de várias facções rebeldes, incluindo a Jabhat Fateh al-Sham (anteriormente Frente al-Nusra, o braço da Al-Qaeda na Síria), e outros grupos menores. Embora o HTS tenha se desvinculado formalmente da Al-Qaeda, muitos especialistas apontam que suas ideologias e objetivos permanecem alinhados ao movimento jihadista. Diversos países, como Estados Unidos, Rússia, Turquia e Síria, classificam o HTS como uma organização terrorista.

O objetivo do HTS é estabelecer um Estado regido por uma interpretação rigorosa da lei islâmica (Sharia) e derrubar o regime de Bashar al-Assad. Atualmente, o HTS é a força dominante na região de Idlib, um dos últimos bastiões de resistência contra o governo sírio.

Apesar de compartilhar metas gerais com outras facções, o HTS frequentemente entra em conflito com grupos rivais, incluindo aqueles apoiados pela Turquia. O HTS é acusado de graves violações de direitos humanos e de governar com métodos autoritários em áreas sob seu controle. O grupo também é alvo constante de ataques aéreos e operações militares conduzidas por forças russas, sírias e, ocasionalmente, pela coalizão liderada pelos Estados Unidos.

A presença do HTS em Idlib coloca o grupo no centro das tensões internacionais na Síria. A região é objeto de acordos de desescalada entre Turquia, Rússia e Irã no âmbito do Processo de Astana, com discussões envolvendo o papel estratégico do HTS e sua ameaça contínua à estabilidade local.

Por fim, devemos entender que o HTS faz parte da coalizão militar Al-Fateh al-Mubin.


Al-Fateh al-Mubin (traduzido como "A Conquista Clara") é uma coalizão militar rebelde ativa no noroeste da Síria, composta por grupos armados que se opõem ao regime de Bashar al-Assad. A coalizão inclui algumas das principais facções da oposição síria, como o Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), o Exército Nacional Sírio (apoiado pela Turquia) e outros grupos islâmicos e rebeldes menores, que operam principalmente nas regiões de Idlib e áreas adjacentes.

O principal objetivo do Al-Fateh al-Mubin é proteger as zonas controladas pela oposição, particularmente em Idlib, e realizar operações ofensivas contra as forças do governo sírio e seus aliados, como a Rússia e o Irã. Além disso, a coalizão combate outros grupos extremistas rivais e, em alguns casos, enfrenta o Estado Islâmico (ISIS).

Apesar de muitas vezes estar na defensiva, o Al-Fateh al-Mubin também organiza ataques coordenados com o intuito de enfraquecer as defesas do regime sírio ou retaliar contra avanços em áreas estratégicas. Embora os grupos que compõem a coalizão possuam diferenças ideológicas e estratégicas, eles operam unidos pela necessidade de sobrevivência e preservação territorial.

A coalizão é especialmente ativa nas províncias de Idlib, Aleppo e Hama, frequentemente alvo de bombardeios pelas forças do governo sírio e ataques aéreos russos. O Al-Fateh al-Mubin é considerado uma força para a manutenção do status quo em Idlib, uma das últimas áreas sob controle da oposição no país.



Voltando ao assunto...

Na manhã de 28 de novembro, as forças de oposição ao regime de Assad anunciaram a captura de cerca de uma dúzia de assentamentos a oeste de Aleppo. Entre os feitos, destacaram-se a tomada da Base da 46ª Brigada, a maior base militar do exército sírio, e a apreensão de cinco tanques, um veículo de combate de infantaria e um estoque de mísseis. No mesmo dia, os insurgentes realizaram um ataque de precisão contra um helicóptero na base aérea de An-Nayrab.

A coalizão Al-Fateh al-Mubin também relatou a conquista de Khan al-Assal, localizada a apenas 7 quilômetros de Aleppo, juntamente com dez tanques. Os rebeldes alegaram que o pânico e o declínio moral estavam se espalhando entre as forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Simultaneamente, a ofensiva avançava para o sul e leste de Idlib, uma área controlada pela oposição desde 2015.

Em um período de três dias, os militantes capturaram ao menos 70 assentamentos, abrangendo cerca de 400 quilômetros quadrados nas províncias de Aleppo e Idlib. Na noite seguinte, em 29 de novembro, os combatentes declararam a tomada de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria. Eles afirmaram que sua missão era "libertar a cidade da crueldade e corrupção do regime criminoso", visando restaurar a dignidade e a justiça ao seu povo.

A coalizão Al-Fateh al-Mubin explicou que sua ofensiva foi uma resposta aos intensificados ataques aéreos, supostamente realizados por forças russas e sírias contra áreas civis no sul de Idlib, bem como uma antecipação de possíveis ofensivas do exército sírio.



Por que o conflito ganhou novo impulso?

Em 2017, como parte do processo de paz de Astana, Rússia, Turquia e Irã concordaram em estabelecer zonas de desescalada, com Idlib designada como uma delas. O objetivo desses acordos era reduzir a intensidade das hostilidades e criar condições para uma resolução política. No entanto, o cessar-fogo foi repetidamente violado por ambos os lados, e as operações militares continuaram, intensificando o conflito. A crescente influência de grupos como o Hay'at Tahrir al-Sham (HTS) complicou ainda mais o diálogo entre as partes, pois muitas dessas organizações foram excluídas das negociações e classificadas como grupos "terroristas".

A Turquia, motivada por interesses estratégicos e preocupações com uma nova onda de refugiados [2], aumentou sua presença militar em Idlib. Fortalecendo seu apoio a algumas forças da oposição e estabeleceu uma rede de postos de observação, o que ocasionou confrontos diretos com o exército sírio e deteriorou as relações com a Rússia. Isso adicionou uma nova camada de complexidade a uma situação já tensa, exacerbando os confrontos.


A escassez de ajuda humanitária e a deterioração das condições de vida aumentaram as tensões e corroeram a confiança nas autoridades locais. Esse cenário criou um terreno fértil para a radicalização, resultando no recrutamento para grupos armados.


A importância estratégica de Idlib também contribui para a disputa. Localizada na interseção de rotas de transporte e com fronteira com a Turquia, a província tornou-se uma área de importância militar e econômica. O controle de Idlib passou a ser uma prioridade para todas as partes envolvidas, o que intensificou os combates e dificultou os esforços para uma solução pacífica.


A radicalização da oposição e a presença de elementos extremistas nas fileiras dos rebeldes complicaram ainda mais as perspectivas de paz. Esses grupos, com pouco interesse em negociações, buscaram prolongar o conflito armado, minando os esforços internacionais para estabilizar a região. Ao mesmo tempo, os desafios internos enfrentados pelo governo sírio, como dificuldades econômicas, sanções internacionais e divisões internas, enfraqueceram sua posição. Isso provavelmente levou o governo a adotar uma postura mais agressiva, intensificando as ações militares para consolidar o controle e projetar força.




Um episódio específico ilustra bem o cenário de deterioração: em 6 de fevereiro de 2023, um terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter, com epicentro no sudeste da Turquia e norte da Síria, seguido por um segundo tremor de magnitude 7,5 poucas horas depois, amplificando os danos nas mesmas regiões de ambos os países. Mais de 59 mil pessoas morreram, sendo cerca de 50 mil na Turquia e 9 mil na Síria, com centenas de milhares de feridos.

Na Turquia, as áreas afetadas incluíram 11 províncias, como Gaziantep, Hatay, Adıyaman e Malatya. Na Síria, as regiões mais devastadas foram aquelas já afetadas pela guerra civil, como Alepo, Idlib (reduto das forças do HTS e da coalizão Al-Fateh al-Mubin) e Latakia.

A devastação comprometeu estradas e hospitais, dificultando a chegada de ajuda. Na Síria, a situação foi ainda mais agravada pelas sanções internacionais, que, de certa forma, refletiam a tentativa dos países ocidentais de enfraquecer o regime de Assad e, por extensão, a Rússia.

Na Turquia, houve uma mobilização global, com países enviando equipes de resgate, suprimentos médicos e fundos para ajudar na recuperação. No entanto, na Síria, a ajuda foi limitada devido às complexidades políticas, especialmente nas áreas controladas pela oposição rebelde. Este desastre contribuiu significativamente para a degradação das condições de vida nos territórios controlados pelas forças de oposição ao regime de Assad, as quais, vale ressaltar, recebem apoio de agentes externos ocidentais.



Conspiração americano-sionista por trás da ofensiva na Síria

Em um telefonema com o representante sírio Bassam al-Sabbagh, na última sexta-feira, Araghchi, vice-ministro iraniano, caracterizou a ofensiva em curso como parte de uma "conspiração americano-sionista". Araghchi sugeriu que o ataque, ocorrido logo após um cessar-fogo entre Israel e Hezbollah no Líbano, indicava que Washington e 'Jerusalém Ocidental' estavam utilizando o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) como intermediários para enfraquecer o governo sírio.

O raciocínio do ministro iraniano reflete uma lógica estratégica: controlar a Síria representaria cortar a conexão terrestre entre Irã, Líbano e Palestina, isolando ainda mais os dois últimos da assistência militar provida pelo Irã. Esse isolamento debilitante é visto como uma prioridade para os EUA e Israel, especialmente diante do apoio sírio e iraniano à resistência anti-Israel.

Os conflitos na Síria ganharam impulso logo após o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, coincidindo com tensões geopolíticas como a guerra na Ucrânia, o uso de mísseis ocidentais de longo alcance em território russo e testes retaliatórios do sistema de mísseis russo Oreshnik. A estratégia sugere que EUA e Israel aproveitaram a conjuntura para abrir novas frentes contra o Irã e a Rússia, alavancando instabilidade regional em benefício próprio.


Nesse cenário, já caótico, a Turquia surge como agente de seus próprios interesses. Ancara parece dividir-se entre esforços para normalizar as relações com Damasco e sua insistência em pressionar o regime sírio. A instabilidade em Idlib, onde a Turquia mantém uma rede de postos de observação, expõe suas complexas prioridades: evitar uma nova crise de refugiados, consolidar suas operações contra forças curdas e equilibrar suas relações com Irã, Rússia e EUA.


Hezbollah / Guarda Revolucionária do Irã

Não podemos ignorar o papel desempenhado tanto pelo Hezbollah quanto pela Guarda Revolucionária do Irã na defesa do regime de Bashar al-Assad e na libertação da Síria. Essas forças atuaram decisivamente contra a insurgência armada reforçada por potências regionais e globais, além de enfrentarem e vencerem diretamente as milícias do Estado Islâmico (ISIS) e Al-Qaeda.


Uma Escalada Multifacetada

A escalada em Idlib carrega o peso de interesses de diversas potências globais e regionais. Enquanto Israel e EUA buscam enfraquecer o Irã e desestabilizar alianças, Damasco enfrenta pressão para rever seus vínculos com Hezbollah e reconsiderar sua posição no tabuleiro anti-Israel. Paralelamente, a Rússia lida com o desvio de recursos para a Ucrânia, complicando o suporte ao regime Assad.


Nesse cenário, a Turquia enfrenta dilemas estratégicos. Entre apoiar a oposição síria e buscar normalização com Damasco, Ancara tenta navegar por uma teia de pressões regionais e globais, evitando o agravamento de sua própria situação interna.


Idlib: Prenúncio de Catástrofe Global

A crise em Idlib transcende a geopolítica local, evidenciando as rachaduras na ordem mundial. O envolvimento de múltiplos atores externos, cada qual perseguindo agendas próprias, transforma a província síria em um microcosmo de rivalidades globais. Esses conflitos “congelados” — que voltam à tona em Gaza, Líbano e, agora na Síria — refletem a incapacidade das instituições internacionais de gerenciar a crescente complexidade dos desafios geopolíticos.

A situação em Idlib é um lembrete de como a transição para uma nova ordem mundial, mais adaptada às realidades contemporâneas, pode ser turbulenta. As potências globais enfrentam o dilema de conciliar interesses estratégicos conflitantes com a necessidade urgente de cooperação para evitar um colapso internacional.

Idlib é mais do que um campo de batalha. É um espelho das tensões globais e um alerta para o que está por vir caso essas divisões não sejam superadas. A resposta internacional à crise será decisiva para moldar o futuro da estabilidade regional e global.



Quais são as relações entre o HTS e o Ocidente?

Antes de assumir seu nome atual em 2017, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) era conhecido como Jabhat al-Nusra, uma filial da Al-Qaeda na Síria. O grupo, indiretamente armado pelos Estados Unidos e supostamente apoiado pela Turquia, destacou-se como uma das principais facções opositoras ao governo de Bashar al-Assad durante a Guerra Civil Síria. A intervenção militar da Rússia, iniciada em 2015, foi decisiva para que Damasco recuperasse amplas áreas anteriormente controladas por grupos como Jabhat al-Nusra, Estado Islâmico (ISIS ou Daesh) e diversas milícias armadas consideradas "rebeldes moderados" pelos EUA.

O Irã também teve papel no fortalecimento do governo sírio, fornecendo armas, treinamento e apoio logístico por meio da Guarda Revolucionária Islâmica. Além disso, o Irã enviou milhares de conselheiros militares e voluntários para o combate direto ao lado das forças de Assad.


Embora os EUA tenham liderado operações ostensivas contra o ISIS, também apoiaram abertamente milícias anti-Assad e, em alguns casos, ofereceram suporte indireto a grupos jihadistas. Apesar de a recompensa de 10 milhões de dólares pela captura do comandante da Al-Qaeda na Síria ter sido anunciada em 2013, documentos revelam contradições na política americana. Em um e-mail de Jake Sullivan, então funcionário do Departamento de Estado, para Hillary Clinton, foi afirmado que "a Al-Qaeda está do nosso lado na Síria."

A relação entre o HTS e o Ocidente é marcada por contradições e interesses estratégicos. Embora oficialmente classificado como uma organização terrorista, o grupo foi visto como útil em certos contextos geopolíticos, evidenciando o papel ambíguo das grandes potências no apoio a facções armadas em conflitos regionais.



O que os sírios dizem de tudo isso?

Se a situação já se revela extremamente complexa para analistas de geopolítica em todo o mundo, não é diferente para o povo sírio. Como mencionado anteriormente, o regime de Bashar al-Assad adota abordagens distintas dependendo da região, como é o caso de Idlib, e estabelece relações variadas com diferentes segmentos da população civil, incluindo os refugiados palestinos. Em diferentes áreas e frente a distintos grupos, observa-se uma diversidade de sentimentos — afeição ou hostilidade — em relação ao regime, algo que, dadas as circunstâncias, é perfeitamente compreensível.

Nesse contexto, é importante destacar que, apesar das divisões internas, a população civil permanece como a principal vítima nas disputas de poder, sejam elas conduzidas por coalizões rebeldes locais ou por potências externas, como os Estados Unidos, Israel, Turquia, Irã e Rússia.



Quem está certo, quem está errado?

A escalada do conflito na Síria evidencia um intricado jogo geopolítico, onde interesses regionais e globais se cruzam em um campo de batalha marcado por alianças instáveis e estratégias oportunistas. O envolvimento direto e indireto de potências como Estados Unidos, Israel, Rússia, Turquia e Irã transforma o território sírio em uma fraça de todas as tensões mundiais em andamento, agravando o sofrimento de sua população.

Embora as narrativas tentem justificar ações militares como medidas de segurança ou luta contra o terrorismo, o impacto real é sentido nos escombros das cidades, nas vidas perdidas e nas comunidades destroçadas. Nesse cenário, é fundamental questionar os interesses por trás das ações dos diversos atores, refletindo sobre quem realmente se beneficia com a perpetuação da guerra.


A Síria, um país rico em história e cultura, segue refém de disputas que ultrapassam suas fronteiras, enquanto sua população luta para sobreviver em meio ao caos. A paz, embora desejada, permanece distante, soterrada por escombros de interesses políticos, econômicos e estratégicos que continuam a ditar os rumos do conflito.


 

[1] O termo salafista-jihadista refere-se a uma ideologia político-religiosa que combina elementos do salafismo, um movimento islâmico que busca retornar às práticas dos primeiros muçulmanos (salaf), com a crença na jihad como meio de alcançar objetivos políticos e religiosos. Grupos salafistas-jihadistas, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI), interpretam textos islâmicos de forma estrita e militante, promovendo a luta armada contra aqueles que consideram inimigos do Islã, incluindo governos muçulmanos que acusam de apostasia e potências ocidentais. Embora representem uma minoria dentro do salafismo, esses grupos têm exercido impacto desproporcional nos conflitos contemporâneos e no discurso global sobre terrorismo.


[2] A Turquia abriga a maior população de refugiados do mundo, com mais de 3,5 milhões de sírios registrados sob proteção temporária, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Desde o início da guerra civil na Síria em 2011, o país adotou uma política de portas abertas, estabelecendo campos de refugiados e oferecendo acesso a serviços básicos como saúde e educação. No entanto, a integração dos refugiados na sociedade turca tem enfrentado desafios, incluindo tensões econômicas, sociais e políticas, especialmente em regiões próximas à fronteira síria, onde a concentração de refugiados é maior. Nos últimos anos, pressões internas têm levado a um endurecimento da retórica política e ao debate sobre o retorno voluntário ou forçado desses refugiados a zonas seguras no norte da Síria.


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