top of page
Foto do escritorSiqka

A história de Jannah Jihad, a jornalista mais jovem a reportar a ocupação na Palestina

“Esta é sua casa, este é seu carro, este é seu caminho para escola. Podemos te matar a qualquer momento. Espero que uma bala sionista te atinja no meio da cabeça.” Janna Jihad, novembro de 2021. [102]

 

Com suas longas trancinhas loiras balançando e usando seu vestido bordado em vermelho, verde e branco, tradicional da vila de Nabi Saleh, Janna Jihad Ayyad caminhava de mãos dadas com seus pais em direção a mais uma manifestação de sexta-feira. Aos sete anos, a menina já compreendia os motivos por trás das manifestações em sua vila. Algumas semanas antes, assistiu os soldados israelenses assassinarem seu tio e primo. Ela sabia que, por menor que fosse, precisava unir sua voz aos outros pales­tinos. Naquele dia, a menina viu novamente amigos, parentes e vizinhos correndo, desviando-se das balas que cortavam o ar das colinas cobertas pelo gás lacrimogêneo. Os olhos verdes de Janna, em suas próprias palavras, “testemunharam coisas que nenhuma criança deveria ver em qualquer parte do mundo” [102]. Como um ato de resistência, a menina tomou o celular das mãos de sua mãe e a partir daquele momento, tornou-se a jornalista palestina mais jovem a documentar e relatar os crimes da ocupação.

Antes de se tornar jornalista, Janna tinha o sonho de ser uma jogadora de futebol. As crianças costumavam se reunir para jogar bola na rua todas as tardes. O rumo das partidas mudou em 2009, quando as incursões do exército israelense em Nabi Saleh se tornaram mais frequentes e agressivas.

Nabi Saleh, enfrenta diariamente a ocupação desde a Guerra dos Seis Dias (1967). Em 1978, o decreto israelense 28/78 foi emitido, resultando na apropriação de terras em Nabi Saleh e outras duas comunidades palestinas, com o propósito de estabele­cer um assen­tamento judaico. A situação se agravou em 2009, quando o assentamento ilegal de Halamish foi construído e tomou controle da nascente de água que abastecia quatro vilarejos pales­tinos. Além disso, uma série de ataques cometidos por colonos, reivindicados pelo grupo conhecido como “O Preço”, agravaram ainda mais a tensão na região. Como resultado, Nabi Saleh se tornou um epicen­tro de manifestações e consequentemente alvo de repressão por parte dos soldados e do governo de Israel.

Nas primeiras incursões do exército israelense, os jovens joga­dores reagiam às interrupções lançando pedras contra aqueles que perturbavam suas atividades. Em resposta, os soldados utilizavam balas de borracha e bombas de gás para conter os jogadores-mirins e, em alguns casos, perseguiam e prendiam crianças com mais de doze anos. – Prender crianças por atirar pedras, isso é crime? – Para Israel Sim!

Antes de prosseguirmos, devemos primeiro compreender e ana­lisar a legislação israelense que se aplica aos palestinos.


Creative Commons (1).webp

ÚLTIMAS POSTAGENS

bottom of page