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Leia: "Filho do Hamas", a suposta autobiografia de Mosab Hassan Yousef, filho de Sheikh Hassan Yousef, um dos fundadores do Hamas

  • Foto do escritor: Siqka
    Siqka
  • 15 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

"Filho do Hamas" é uma autobiografia escrita por Mosab Hassan Yousef, filho de Sheikh Hassan Yousef, um dos fundadores do Hamas, um partido político e grupo de resistência palestino. O livro narra a vida de Mosab, seu envolvimento com o Hamas, sua cooperação com o Shin Bet, a agência de segurança israelense, e sua conversão ao cristianismo.


No livro, Mosab Hassan Yousef alega ter se tornado um agente duplo para o Shin Bet, buscando salvar vidas tanto israelenses quanto palestinas. No entanto, a narrativa se apresenta como uma construção propagandística, ilusória e alimentada pela visão messiânica do autor de que, ao trair sua própria gente, estava cumprindo um papel de salvador.


A ilusão messiânica de Mosab se torna evidente quando ele descreve sua cooperação com o serviço secreto israelense como um ato de heroísmo. Em vez de oferecer uma solução genuína para a ocupação, Mosab se retrata como um mártir incompreendido, ignorando as complexas realidades e sofrimentos do povo palestino. Sua visão simplista e autoengrandecedora não apenas falha em proporcionar uma análise profunda dos eventos, mas também demonstra uma desconexão flagrante com as experiências vividas por aqueles que ele afirma estar ajudando.


A decisão de Mosab de se envolver com o Shin Bet é pintada como um ato de bravura, mas pode ser vista como uma traição profunda contra sua família, amigos e pátria. O autor se apresenta como alguém que possui uma compreensão superior do conflito, mas suas ações refletem ganância, hipocrisia e individualismo que traem os valores de solidariedade e resistência que o povo palestino mantém com fervor. A cooperação com uma força de ocupação que tem sido responsável por inúmeras violações dos direitos humanos contra os palestinos é uma escolha que merece escrutínio severo, e o livro falha em abordar adequadamente as implicações morais dessa decisão – se é que o autor seja dotado de tal moralidade.


Sheikh Hassan Yousef, líder religioso e não militar, é um líder respeitado dentro do Hamas e por toda a Palestina, mesmo por aqueles que não simpatizam com os métodos operacionais do grupo e seus ideais políticos. No livro, Hassan é tratado com uma mistura de pena e incompreensão. O sofrimento de Sheikh Hassan e do povo palestino ao perceberem que um dos seus havia se voltado contra eles é palpável, mas Mosab parece alheio ao impacto emocional e político de suas ações. Sua narrativa falta empatia e compreensão das consequências devastadoras de sua traição.


Além disso, a conversão de Mosab ao cristianismo é retratada de maneira que serve mais para glorificar sua trajetória pessoal do que para oferecer uma posição "imparcial" do conflito, e em muitos casos, o autor não evita mencionar o Islã de forma pejorativa e como uma crença vazia. A mudança de fé é usada como mais uma ferramenta para distanciar o autor de suas raízes e pintar sua nova vida como uma ascensão moral, ignorando as reações diversas que tal transformação provoca.


"Filho do Hamas" se apresenta como uma autobiografia reveladora, mas, longe de ser, falha em fornecer uma perspectiva honesta e equilibrada sobre os eventos descritos. A narrativa de Mosab Hassan Yousef é marcada por ilusões de grandeza e uma visão distorcida de seu papel no conflito, resultando em uma leitura que pode parecer mais um exercício de autojustificação do que um relato sincero. Para os leitores que buscam uma compreensão mais profunda e empática, este livro é frustrante e decepcionante; no entanto, serve aos leitores críticos como uma potencial ferramenta para compreender os métodos de propaganda e denunciar por si só as táticas operacionais e de violação dos direitos humanos contra a população civil palestina.


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