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Foto do escritorLuiz Fernando Padulla

Mudanças climáticas e o genocídio de “israel”

Que as mudanças climáticas dizimam e dizimarão centenas de milhares de pessoas e outros seres vivos, não temos dúvida. No entanto, mesmo sabendo disso, a produção dessa violência ao produzir combustíveis fósseis, continua a todo vapor, como alerta Andreas Malm.

Na Palestina, cujo tecnogenocídio completa 1 ano neste dia 7 de outubro, fala-se que todo o processo de colonização e limpeza étnica começou oficialmente em 14 de maio de 1948 com a aprovação unilateral e criminosa da ONU, formalizando o estado pária, racista e colonial de “israel”. No entanto, o que pouca gente sabe – e eu mesmo, mero biólogo internacionalista, que busco sempre aprimorar meus conhecimentos – é que tudo isso se inicia justamente com o uso dos combustíveis fósseis, especificamente em 1840, quando o Império Britânico propôs a invasão de judeus europeus na Palestina, dando vazão aos avanços de suas novas tecnologias colonialistas de navios à vapor, transformando essa nação na primeira economia fóssil do mundo.

(Antes disso, no entanto, o megalomaníaco Napoleão Bonaparte, em 1799 já havia invadido a Palestina, assim como o Egito e a Síria. Contudo, fracassou por conta da contraofensiva do Império Otomano, com apoio britânico).

Em seu recente livro “A destruição da Palestina é a destruição do planeta”, Malm transcreve um trecho de uma carta do lorde Palmerston para Ponsonby (embaixador em Istambul):

Por gentileza, tente fazer o que puder em relação a esses judeus; você não tem ideia de até que ponto vai o interesse por eles; seria extremamente político [se pudéssemos] o sultão dar-lhes todo incentivo e facilidade para retornar à Palestina e comprar terras ali; se lhes fosse permitido usar nossos cônsules e embaixador como canal para reclamações, a dizer, colocarem-se praticamente sob nossa proteção, eles voltariam em número considerável e trariam consigo muita riqueza.

Os argumentos de um retorno financeiro, apoiado por capital estrangeiro, e a criação de uma barreira de contenção contra o governo egípicio de Muhahhmad Ali e seus sucessores, caíram nas graças do sultão.

Paralelamente, durante a década de 1830, a Grã-Bretanha passa a ser tomada por um surto crescente do “sionismo cristão”, cujo principal pregador dessa doutrina era o conde de Shaftesbury, parente do lorde Palmerston. Como o argumento religiosos não surtiriam efeito, o religioso apela para os frutos financeiros que o país poderia usufruir se os judeus colonizassem a Palestina e gerassem algodão cru e demais produtos manufaturados.

Posteriormente, em 1841, o coronel Charles Henry Churchill – parente distante do famoso – depois de marchar sobre Damasco abrindo espaço para a colonização sionista, disse em seu discurso:

Sim, meus amigos! Houve uma vez um povo judeu! Famoso nas artes e renomado na guerra. Essas belas planícies e vales, que agora são habitadas pelos selvagens e errantes árabes, sobre as quais a desolação impôs seu selo de ferro, uma vez se deleitavam na exuberância das colheitas férteis e abundantes desse povo, e ressoavam com as canções das filhas de Sião. Que a hora da libertação de Israel esteja próxima!

No entanto, isso não passou de um discurso para convencer seus planos de ocupação da Palestina. Afinal, para os britânicos, o desejo dos judeus de permanecerem onde viviam os deixavam frustrados, assim como a manutenção do Império Otomano. A solução, portanto, era a colonização judaica-europeia da Palestina.

Para Churchill, a Síria e a Palestina, em uma palavra, devem ser colocadas sob proteção europeia e governada no sentido do espírito da administração europeia e de acordo com ele. Esse deve, ao fim, ser o resultado.

Outros estrangeiros colonizadores, como Georges Gawler e E. L. Mitford reforçaram o avanço do sionismo, descaracterizando a Palestina como uma nação e citando os palestinos como beduínos incultos e inquietos, trazendo prosperidade financeira para o local, abastecendo Manchester, Birmigham e Glasgow com um mercado florescente sob a vigilância de uma força naval frequente na costa.

Passado esse primeiro momento de espoliação e expropriação, o capital usurpado da Palestina chega aos Estados Unidos que apoiaram a tomada em definitivo da Palestina pelos judeus europeus. Em 1844 Mordecai Manuel Noah declara que todo o comércio marítimo será aberto e organizado pelos Estados Unidos.

E assim foi, logo após a derrota do Império Otomano, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) tornando a Palestina um Estado administrado pelo Mandato Britânico entre 1920 e 1948, lembrando que os britânicos entregaram o  domínio colonialista aos sionistas (conforme a Declaração de Balfour, de 1917) judeus de origem europeia, não apenas pagaram para que invadissem a Palestina, mas que promovessem a expulsão dos povos originários, inclusive com a matança, limpeza étnica e extermínio dos palestinos.

E isso perpetua-se até hoje.

Como relata Andreas Malm, percebe-se que antes 57 anos do famigerado Primeiro Congresso Sionista Mundial, na Basiléia, na Suíça em 1897, e 77 anos antes da própria Declaração Balfour e até mesmo 107 anos do criminoso Plano de Partilha da ONU, foi o Império Britânico e o surgimento do capitalismo marítimo-comercial que estabeleceu a colonização da Palestina e cria o monstro “israel”.

O genocídio que continua em curso é a representação do que é o colonialismo de ocupação: tentativa de limpeza étnica e apagamento da presença árabe e de sua cultura. Não à toa, em pleno ano de 2023 Isaac Herzog, presidente de “israel” disse a luta é de todos os Estados civilizados e povos contra uma barbárie que não tem lugar no mundo moderno.

Hoje a presença nazisionista amparada pelo braço armado do imperialismo ocidental, e que se esconde através de um falso discurso religioso e mitológico, não é mais pela exclusividade do comércio facilitado para a Europa, mas pelos combustíveis fósseis das reservas locais e o controle de rotas de comércio, justamente em um momento em que o mundo se torna multipolar e vê a soberania e domínio do imperialismo estadunidense ruir – novamente com a ascensão da Rússia, China e seus aliados dos BRICS+. Um caminho sem volta.

Mas como os Estados Unidos e seus párias não admitem e não querer perder o posto, desejando manter algo que não se sustenta mais através desse sistema predatório, assassino e degradante do ambiente, resta-lhes apenas a escalada de novos conflitos, abastecendo suas economias bélicas, ainda que custem vidas de milhares de inocentes que lutam pelo direito de existir e pertencerem a uma pátria. Pátria essa, chamada Palestina, que desde seu princípio abrigou as mais diferentes etnias e religiões, sempre de forma harmoniosa e humana antes do surgimento do câncer nazisionista.

Hoje, 7 de outubro de 2024, faz um ano que a resistência palestina mostrou novamente sua força e revidou todos esses 76 anos de humilhação. O breve relato que coloquei acima, prova que a história não é aquela contada pela mídia corporativa. A luta do povo palestino não começou em outubro de 2023, e a tentativa de que sejam dizimados faz parte de um plano colonial, racista e imperialista.

O exército mais imoral e covarde do mundo, através de bombas do imperialismo estadunidense, já dizimou 41.825 mortos (o equivalente a 6% população da Gaza), e apenas crianças sendo mais de 17.000. No entanto, as estimativas dizem ser mais de 160.000 palestinos martirizados. Além destes, 96.910 feridos e mais de 11.000 pessoas que sofreram algum tipo de amputação.

Os crimes de “israel” parecem não ter fim: cerco total à Gaza, uso de armas químicas, desrespeito às resoluções das Nações Unidas, ataque indiscriminado em hospitais, escolas, ambulâncias, terrorismo tecnológico com aparelhos explosivos e, mais uma vez, avançando e escalando para outras fronteiras, dando sequência ao seu projeto da Eretz yisrael.

Após a ação heroica e legítima do Hamas (garantida tanto pelo Artigo 51 da Carta da ONU, quanto pela 4ª Convenção de Genebra), reféns israelenses foram capturados e muito bem tratados e zelados pelos guerrilheiros, conforme eles declararam ao serem trocados, e logo foram silenciados e impedidos de fazer tais declarações que mostravam a humanidade daqueles que “israel” quer tratar como terroristas.

O que o estado pária alega como “direito de defesa” não é válido justamente porque é ele o invasor. Os tais 1200 mortos durante as ações da resistência, hoje já se provou ser um número superestimado e que na realidade seriam por volta de 700, 80% dos quais militares e policiais de “israel” e os civis vitimados assassinados justamente pelas forças nazisionistas que ativaram o Protocolo Hannibal, matando os seus. As mentiras de “israel” não se sustentam mais. Estão se desfazendo igualmente a falaciosa estória dos bebês decapitados e queimados nos fornos.

A verdade é que ainda há cerca de 100 reféns sob os cuidados do Hamas, e mesmo com propostas e tentativas de trocas, o governo nazifascista de Netanyahu insiste em não negociar, provando que não se importa com a vida das pessoas (e, como já fizeram, matando vários deles durante os bombardeios). Ao mesmo tempo, a mídia ocidental, na insistência de rotular como terrorista a resistência do Hamas – e agora igualmente ao Hezbollah – segue omitindo que “israel” têm em suas masmorras, mais de 10.300 civis palestinos sendo torturados e até mortos nessas “prisões administrativas”, sem qualquer tipo de acusação e direito mínimo garantido pelas leis mundiais.

Após esses 366 dias e 76 anos, as cenas cruéis que os ataques de “israel” causaram, ainda estão em nossas mentes. Mas ao mesmo tempo temos a certeza de que a Palestina está mais forte e amparada mundialmente, enquanto “israel” teve sua máscara derrubada, revelando sua face sórdida e genocida, isolando-se cada vez mais. A libertação dos povos oprimidos pelo imperialismo ocidental, assim como a derrota de “israel” é tão certa como o fim do capitalismo, agente causador de todos os males no planeta. É apenas uma questão de tempo.


 

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