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Foto do escritorSiqka

Israel usa munição expansiva, proibida pela Convenção de Genebra

O exame balístico, conduzido por patologistas forenses, analisou as fotografias das lesões causadas pelas IOF durante as manifestações da GMR. Baseado na distância aproximada dos disparos e nas dimensões das feridas examinadas, os casos exibiram as características típicas de ferimentos causados por munição expan­siva, também conhecida como ponta oca. Esse tipo de munição possui uma cavidade na extremi­dade que captura ar comprimido durante o trajeto, fazendo com que o projétil se expanda ao atingir o alvo, resultando em feridas mais amplas e destrutivas, associadas a altas taxas de letalidade.

Não é possível identificar a munição específica ou a arma utilizada, dado que milhares estavam apontadas para os palestinos na Linha verde. Contudo, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou que muitas das feridas tratadas por seus voluntários apresentavam as mesmas características observadas em ferimentos causados por munição expansiva. Em alguns casos, as feridas internas dos pacientes eram do tamanho de um punho cerrado. A equipe médica relatou na época que essas lesões frequentemente resultavam em amputações de membros e outras sequelas que acompanhariam as vítimas por toda a vida. Marie Elisabeth Ingres, chefe de missão da MSF na Palestina, declarou que “mais da metade dos 500 pacientes que atendemos em nossas clínicas tinham feridas em que a bala pulverizou literalmente o tecido ao destroçar o osso.” Essa descrição é semelhante ao ferimento sofrido por Adham, quando a munição atingiu sua perna, causando sérios danos ao dilacerar músculos e romper tendões e ligamentos. [29]

Cada munição é projetada para uma finalidade específica. Os fabricantes consideram o design da jaqueta, o revestimento, a den­sidade seccional e a velocidade para maximizar a ferida na entrada, no trajeto ou na saída do projétil. Inicialmente desenvolvidas para abater animais de grande porte com um único disparo, visando reduzir o “sofrimento desnecessário” dos animais, as balas expan­sivas acabaram se tornando comuns em conflitos armados devido ao poder destrutivo que exercem.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha denunciou os britânicos pelo uso de munição expansiva, argumentando que ela infligia ferimentos inumanos e devastadores. Na Primeira Conferência de Paz, realizada em 1899 em Haia, o uso de munições expansivas foi proibido. A declaração estabelece que, em tempos de guerra, as partes devem se abster de utilizar “balas que se ex­pandem ou mudam de forma facilmente dentro do corpo humano”. Isso abrange as balas de ponta mole, com revestimento de metal parcial e ponta exposta, e as balas de ponta cruzada, com incisão em cruz na ponta, conhecidas como “Dum Dums”.

Embora o uso da munição expansiva tenha sido proibido mesmo em tempos de guerra, a fabricação e o uso dessas munições nunca foram interrompidos.

O acordo foi ratificado por todas as grandes potências, exceto pelos Estados Unidos, que alegaram que “o sofrimento pode ser justificado pela necessidade militar”. Defensores do porte e uso de armas de fogo, como a estadunidense National Rifle Association (NRA), sustentam o direito e promovem o uso de munição expansiva, argumentando que esse tipo de munição extremamente letal está “menos propenso a atravessar o alvo, causar ferimentos por ricochete e, ocasional­mente, assumindo que algumas balas expansivas são mais precisas”.

É impossível confirmar o uso de balas expansivas em Gaza, embora isso explique os altos índices de ferimentos graves, ampu­tações e mortes naquele período, como o caso de Yasser Murtaja, o primeiro jornalista morto na GMR, que teve os órgãos internos dilacerados mesmo usando colete à prova de balas.

Considerando que a maioria dos manifestantes foi atingida a uma média de 150 metros dos atiradores de elite, a proximidade dos disparos provenientes desses rifles, contra alvos tão próximos, resultou em ferimentos mais graves devido à velocidade e potência aumentada das balas. Isso sugere que o uso de rifles de precisão pelas Forças de Ocupação de Israel (IOF), em conjunto com munição expansiva projetada para ser ainda mais letal, denota uma violência excessiva por parte do Estado, como se um tiro de munição letal já não fosse suficiente.

O governo israelense negou as acusações de uso de munição expansivas, alegando que sua munição padrão é a “Full Metal Jacket,” e que as IOF só abriram fogo contra os palestinos como último recurso, agindo de acordo com os procedimentos operacio­nais padrão. Mesmo que não seja de uso padrão das IOF, qualquer soldado poderia adquirir munição expansiva em lojas online, pois ela está disponível em diversos calibres, desde pequenas pistolas até os M-16 utilizados pelo exército, e pode ser comprada por um preço médio de 3 dólares por unidade. Três dólares foram o preço para tirar a vida de Murtaja, ferir a perna de Adham Al-Hajjar e afetar milhares de outros palestinos.


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