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Foto do escritorSiqka

A brutalidade do plano dalet, o massacre de Deir Yassin e a catástrofe Palestina

No decorrer do Plano Dalet, milícias do Irgun Zvai Leumi e Stern Gang[1] – consideradas organizações terroristas pelos britâni­cos devido a ataques contra civis, como o atentado ao Hotel King David que resultou na morte de 91 pessoas – invadiram a aldeia de Deir Yassin. Os 400 habitantes da aldeia acordaram com explosões de granadas sendo lançadas em suas casas. Com o apoio da Haganah, os parami­litares começaram a disparar contra os moradores desarmados. Mais tarde, soldados da Haganah tes­temu­nhariam afirmando que membros do Irgun e do Stern cometeram estupro e mutilação contra as vítimas, além de queimar os corpos e saquear as casas. Ao final do massacre, 250 pessoas haviam sido assassinadas. [16]

Os sobreviventes do extermínio foram forçados a marchar por bairros judeus em Jerusalém antes de serem executados [17]. No livro “Comandos Palestinos”, o autor Jacques Mansour Verges, comenta que durante esse episódio, Menachem Begin[2] como líder do Irgun, com o objetivo de espalhar o pânico entre os palesti­nos, convocou a imprensa para exibir os cadáveres como troféu. [18]

As milícias sionistas continuaram atacando as cidades palesti­nas, expulsando, mutilando e matando palestinos. Em abril já haviam capturado Haifa, uma das maiores cidades. Os árabes que per­maneceram no país foram cada vez mais empurrados para os limites do território. Em junho, já com grande parte do Plano Dalet executado, Ben-Gurion, respondendo a alguns dos dirigen­tes da Agência Judaica que ousavam questionar as dimensões e bru­talidade em curso, gritou para os dirigentes na sala:

 

 “Eu sou pela transferência compulsória, não vejo nada imoral nela”.David Ben-Gurion. [14] .

 

Oficialmente, a presença britânica na Palestina terminou em 14 de maio de 1948. Logo após a retirada dos britânicos, Ben-Gurion declarou a independência do Estado de Israel, ocorrendo esse evento entre os escombros e os corpos de palestinos, um momento amplamente identificado como Nakba, que significa “catástrofe” em árabe. Evento que marcou o início do êxodo palestino provocado por Israel.

No artigo “Os 71 anos da Nakba e a limpeza étnica sionista”, disponível nos arquivos digitais da Federação Árabe Palestina (FEPAL), Raul Carrion, baseado nas extensas pesquisas de Norman Finkelstein e Ilan Pappé e sua própria, afirma que um total de 774 cidades e vilas pales­tinas foram ocupadas, das quais 531 foram comple­tamente destruídas. Foram registrados 70 massa­cres, resultando em mais de 15 mil mortes, além de milhares de feridos e mutilados. Aproximadamente 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras, enquanto aqueles que resistiram à expulsão foram forçados a se refugiar em áreas periféricas, ficando apenas com 22% de seu território original, o que é menor do que o sugerido pela Resolução 181 da ONU. Essas áreas são conhecidas como Cisjordânia e Faixa de Gaza, enquanto os restantes 78% se tornaram o Estado de Israel, conforme conhecemos hoje. [17] 




 

[1]   Stern “LEHI”. Foi considerada a organização mais fanática e perigosa durante o Mandato Britânico. Em janeiro de 1941, o Stern enviou uma carta ao embaixador da Alemanha nazista sugerindo união dos esforços entre judeus e nazistas contra os ingleses. Yitzhak Shamir, líder do Stern, que tinha conhecimento desta carta, seria eleito Primeiro-ministro de Israel em 1983. Em 1993, Yasser Arafat teve conhecimento desta carta, o líder palestino se recusou a usá-la. Esta carta está guardada nos arquivos do Ministério de Relações Exteriores em Berlim, e nos arquivos do Yad Vashem (Memorial do genocídio), em Jerusalém, sob a cota E 234151-8.

[2]   Menachem Begin, nasceu em Belarus durante o Império Russo. Ficou conhecido após o ataque ao Hotel King David, fazendo 91 mortos. Tornou-se líder do Irgun em 1947. No ano seguinte, por traficar armas, o Irgun entrou em conflito com o exército israelense, o combate levou ao naufrágio de um navio (Altalena) carregado com armas e munição. Como um dos líderes responsáveis pela coalizão que fundou o Likud, tornou-se Primeiro-ministro de Israel de 1977 – 1983. Em 1981 ordenou o atentado ao reator nuclear Osiraq/Tammuz, no Iraque. O ataque foi condenado internacionalmente, incluindo o presidente americano Ronald Reagen. Em 1982, autorizou a invasão ao Líbano e sucessivamente o ataque aos campos de refugiados de Sabra e Chatila. Em 1977, negociou os Acordos de Camp David com o presidente do Egito, Muhammad Anwar al-Sadat, pelo qual, ambos receberam o Prêmio Nobel da Paz de 1978.

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