Netanyahu suspende votação sobre cessar-fogo; ataques em Gaza deixam 81 mortos em 24 horas
- Clandestino
- 16 de jan.
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Atualização:
De acordo com a emissora israelense Kan, a reunião planejada para discutir o acordo de troca de prisioneiros com o Hamas foi adiada. Uma das possíveis razões seria a incerteza sobre a posição do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, líder do Partido Sionista Religioso, que ainda não confirmou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se sua legenda permanecerá na coalizão caso o acordo seja aprovado.
A pressão sobre Netanyahu tem aumentado. Na manhã de hoje, famílias israelenses, apoiadores e ativistas realizaram um protesto em frente ao escritório do primeiro-ministro em Jerusalém. Eles pediram que o governo rejeite qualquer acordo com o Hamas que possa comprometer a segurança de Israel.
“Não assinem um acordo que represente rendição, sacrificando os sequestrados restantes e comprometendo a segurança do país”, declarou Yehoshua Shani, pai do capitão Uri Shani, morto durante os combates.
Manifestantes também montaram uma instalação simbólica, com caixões cobertos por bandeiras de Israel, representando o "sangue" que, segundo o grupo, será derramado caso um cessar-fogo seja negociado.
Hamdah Salhut, correspondente da Al Jazeera em Amã, destacou que o impasse reflete divisões internas na coalizão de Netanyahu, particularmente com o Partido Sionista Religioso. Smotrich ameaçou abandonar o governo, argumentando que o acordo seria prejudicial para Israel e exigindo garantias de que o país retomará ofensivas após a fase inicial do pacto.
Enquanto o impasse político persiste, os ataques israelenses à Faixa de Gaza foram intensificados. Nas últimas 24 horas, pelo menos 81 palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Entre os alvos bombardeados, uma escola que abrigava pessoas deslocadas no bairro de al-Zeitoun, ao sul da Cidade de Gaza, foi atingida, resultando na morte de duas pessoas e ferimentos em outras seis, conforme informações da Defesa Civil.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, suspendeu a votação do gabinete sobre o acordo de cessar-fogo, inicialmente previsto para entrar em vigor no próximo domingo, 19 de janeiro. O anúncio do acordo havia gerado celebrações antecipadas em Gaza e em todo mundo, mas a decisão de Netanyahu frustrou expectativas e aumentou a tensão na região.
Desde o anúncio do cessar-fogo, os ataques das forças israelenses à Faixa de Gaza se intensificaram. De acordo com o Ministério da Saúde do território, pelo menos 81 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas.

Izzat al-Risheq, representante do Hamas, afirmou que o acordo, negociado na capital do Catar, Doha, atende a todas as exigências do grupo palestino. Entre os principais pontos estão a retirada completa das tropas israelenses, o retorno dos deslocados às suas casas e o fim permanente do conflito.
A suspensão da votação sobre o cessar-fogo adiciona mais incertezas a uma crise já marcada por constantes violações e uma escalada na violência, deixando o futuro do acordo em aberto.