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Foto do escritorSiqka

O fim da canção, mas não do amor em Santa Maria

Santa Maria, Havana

 



Seis meses se passaram desde a última vez que um jovem casal estrangeiro esteve nesta praia. Hoje, ao retornar a esse cenário, o homem caminhava sozinho, o motivo do sorriso que antes adornava seu rosto não havia mais. A brisa que tocava seu rosto agora só fazia aumentar a saudade da mão que costumava acariciar sua pele. Suas mãos buscavam, em vão, o par que um dia selou o amor com uma aliança. Seus olhos penetravam o mar sereno e cristalino, como na última vez, mas ao seu lado não havia ninguém para compartilhar; apenas as flores lhe faziam companhia.


A praia de Santa Maria foi o último destino antes que o coração do rapaz fosse tomado por um vazio insuperável. Ele não voltou para dançar, sorrir ou amar como naquela última vez. Ele voltou para se despedir. O mar, que testemunhara o início de tantos outros jovens amores, hoje estava incumbido de levar embora cada pétala de uma despedida melancólica.


Sozinho, o rapaz caminhou em direção ao mar, sob os olhares atentos de seus familiares que esperavam na areia. A água tocou seus tornozelos, depois suas pernas, até abraçá-lo na altura do peito, onde segurava o buquê com carinho. As lágrimas, que salgavam ainda mais o imenso oceano, não podiam ser vistas à distância, mas estavam lá.


O choro dos que assistiam era tão silencioso quanto o dos pássaros ou das poucas ondas que quebravam nas areias caribenhas. Todos compartilhavam a dor da perda e a beleza do amor que continuava a existir, mesmo em sua singularidade.


O tempo parecia ter sua própria vontade naquele momento. Passava mais devagar, respeitando a necessidade do rapaz de se despedir. E, então, acelerou ao levar as flores para onde ele não pudesse mais alcançar. Ele disse o adeus que guardou nos últimos meses, confiante de que o amor deles transcenderia as águas profundas do tempo.


Deixamos a praia de Santa Maria junto com o sol. Eu observava, sem palavras, no momento, os únicos sinais que meu corpo obedecia eram olhar para a mulher ao meu lado e segurar sua mão com firmeza, certo de que jamais a soltaria. Diferente daquele rapaz, a vida permitiu que eu fosse embora ao lado da pessoa amada. Como agradecimento, prometo sempre sorrir com seus sorrisos, dançar todas as canções que cantarolar, abraçar como se fosse a última vez e, por fim, amar muito e amar sempre, antes que o mar leve um de nós embora, pois ele sempre leva...



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