O pai da mentira: As mentiras que Bolsonaro continua contando...
- Clandestino
- 27 de mar.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro, recentemente tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, fez um pronunciamento nesta quarta-feira (26) no qual voltou a disseminar informações falsas sobre o sistema eletrônico de votação. Entre as declarações, ele afirmou, sem provas, que o ministro do STF Flávio Dino teria culpado as urnas eletrônicas por derrotas eleitorais, o que não corresponde à realidade.

O ex-presidente é acusado dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano ao patrimônio público e golpe de Estado. As investigações apontam que ele participou de articulações para deslegitimar o processo eleitoral e fomentar um ambiente de instabilidade política no país.
Fatos versus declarações enganosas
Auditoria do PSDB
Bolsonaro afirmou que uma auditoria contratada pelo PSDB teria concluído que as urnas são "inauditáveis". No entanto, essa informação é enganosa. A auditoria, realizada após as eleições de 2014, apontou a impossibilidade de auditar determinados aspectos do processo, mas não identificou fraudes na transmissão de dados ou na contagem de votos. O próprio PSDB reconheceu a lisura das eleições.
Declaração de Flávio Dino
O ex-presidente alegou que Flávio Dino teria atribuído suas derrotas eleitorais ao sistema de votação eletrônico. Na realidade, Dino nunca fez tal declaração. Em postagens antigas, ele questionou aspectos do sistema eleitoral com base em estudos apresentados por especialistas, que posteriormente confirmaram que vulnerabilidades foram corrigidas.
Inquérito 1.361 do STF
Bolsonaro também afirmou que um inquérito do STF teria sido aberto para apurar fraudes nas eleições de 2018 e que seu objetivo seria retirá-lo da Presidência. No entanto, a investigação foi iniciada pela Polícia Federal para apurar um ataque hacker ao sistema eleitoral, sem qualquer ligação com um suposto plano para tirá-lo do cargo.
Urnas eletrônicas com voto impresso
Bolsonaro mencionou um vídeo em que os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso supostamente elogiavam a implementação de um sistema de voto impresso. Contudo, essa informação é distorcida. O vídeo editado omite o contexto em que Barroso apenas comentava sobre o design de um novo modelo de urna eletrônica, sem defender a mudança para o voto impresso.
Eventos de 8 de Janeiro
O ex-presidente afirmou que figuras como o ministro da Defesa, José Múcio, o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro do STF Nelson Jobim, disseram que os atos de 8 de janeiro de 2023 não configuraram uma tentativa de golpe. A declaração é imprecisa. Enquanto Múcio evitou usar o termo "golpe", ele defendeu punição severa para os envolvidos. Temer mencionou que o movimento golpista não prosperou por falta de apoio popular, e Jobim minimizou os atos, mas não negou que houve uma tentativa de insurreição.
Motociatas
Bolsonaro afirmou que reuniu 300 mil motociclistas em seus eventos em São Paulo. No entanto, registros oficiais apontam que a maior "motociata" contou com aproximadamente 6.600 motocicletas, um número muito abaixo do reivindicado pelo ex-presidente.
Inelegibilidade e encontro com embaixadores
Bolsonaro declarou que sua inelegibilidade até 2030 se deve apenas ao fato de ter se reunido com embaixadores. Na realidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o considerou inelegível por abuso de poder político, ao utilizar uma reunião oficial para disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral, comprometendo a confiabilidade do processo democrático.
As falas de Bolsonaro em seu pronunciamento reiteram estratégias já utilizadas durante seu governo para colocar em dúvida o sistema eleitoral brasileiro. As checagens demonstram que diversas de suas alegações são falsas ou enganosas, reforçando sua narrativa sem base em fatos concretos. O julgamento das acusações contra ele continuará no STF, e suas declarações seguem sendo monitoradas por órgãos de verificação de fatos.