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O poder das opiniões e a influência do jornalismo na formação das ideias

Neste livro, as palavras “liberdade” e “opinião” são centrais para o significado do Artigo.19 da DUDH. Em nosso cotidiano, essas duas palavras são frequentes, mas raramente consideramos sua verdadeira profundidade e complexidade. Vamos focar exclu­siva­mente em “opinião” neste trecho.

Opinião é uma palavra com origem no latim “opinio” que se deriva do verbo “opinari” significando “pensar,” “julgar,” ou “opinar.” Essa palavra poderosa envolve a capacidade de expressar pontos de vista, avaliações, ou julgamentos individuais sobre as mais diversas áreas, como política, arte, religião, ciência e futebol. No entanto, as pessoas nem sempre formulam suas próprias opini­ões, e essas opiniões nem sempre se baseiam em conhecimento.

As “opiniões” são concebidas por uma série de influências, como educação, cultura, experiência e valores pessoais, ou, triste­mente, a falta de todos eles. Embora possa parecer que uma opinião afeta apenas a vida de quem a detém, não é assim que funciona. Considere o seguinte cenário: durante uma pandemia, uma pessoa decide seguir a opinião de um presidente ignorante que afirma, sem conheci­mento científico ou evidência, que um medicamento espe­cífico pode prevenir a doença no Brasil. Pessoas, ingenuamente ignorantes, adotaram a “opinião” daquele que as representa e começaram a usar um medicamento inadequado, deixando-as vulneráveis a sérios efeitos colaterais alertados por cientistas com conhecimentos verdadeiros. Nesse ponto, poderíamos afirmar que o dano afetaria apenas o indivíduo, mas não. O uso desenfreado desse medicamento levou à escassez onde ele realmente era neces­sário. Indígenas nas regiões norte e nordeste do país morreram por falta do medicamento que, na verdade, só era eficaz no combate à malária, uma doença praticamente erradicada no Brasil e que voltou com força total.

Outra ocasião que afetou a coletividade foi que as mesmas pessoas que estocaram cloroquina decidiram que não precisavam se vacinar porque o mesmo presidente disse que a vacina poderia transformá-las em “jacaré”. Mesmo diante de evidências de milha­res de cientistas em todo o mundo, uma manada resolveu colocar em risco toda a sociedade para provar que a alucinação coletiva estava certa. Por mais bizarro que pareça, isso ocorreu no Brasil. Claro, todos sabiam que uma vacina não tem a capacidade de transformar ninguém na Cuca de Monteiro Lobato. No entanto, pessoas sem conhecimento, guiadas por alguém com má fé, possivelmente ainda obtendo alguma vantagem financeira na produção do medicamento, interpretaram que as vacinas contra a Covid poderiam prejudicar sua saúde, especialmente se fossem produzidas por indústrias farmacêuticas da China “comunista” ou pelos xiitas iranianos. Essa sequência absurda de eventos fez com que o Brasil demorasse mais tempo para imunizar a população e frear os índices de contaminação no país, tudo por causa da opinião de um boçal que, no fim das contas, se vacinou e ainda fraudou a própria carteira de vacinação para dizer o contrário.

 

Sabendo que formular opiniões sem conhecimento pode levar à eleição de líderes e influenciar o curso da história, o controle sobre as mensagens é de vital importância para qualquer forma de poder. A questão que surge, seja no Brasil, EUA, Israel ou qualquer outra parte do mundo é a mesma, como podemos determinar quais mensagens são importantes para formar nossas próprias opiniões? – É aí que entra o nosso protagonista desta história, o jornalista.


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