Goma: A Cidade de Sofrimento e Esperança em Meio à Violência e Crise Humanitária - por JUSTIN MULINDWA
- Justin Mulindwa
- 29 de jan.
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A cidade de Goma, localizada na República Democrática do Congo, vive dias de intenso sofrimento e incerteza, com a violência e a falta de recursos básicos atingindo níveis alarmantes. Desde o início da escalada do conflito, o som dos tiros e das explosões tem sido constante, transformando-se em uma melodia macabra que ecoa pelos céus da cidade.
Nos últimos dias, a cidade tem enfrentado um frio extremo e a paralisação de todas as atividades. As ruas, antes movimentadas pelo som de motos e carros, agora estão silenciosas, e as lojas, muitas das quais recentemente saqueadas, estão fechadas. A presença dos rebeldes do M23 tem sido um fator central para os saques, com a permissão para pilhagens justificadas pela alegação de que isso evitaria a fome nas casas, embora essas ações tenham gerado danos significativos e, em alguns casos, a morte de pessoas durante os saques.
Em meio à crescente insegurança, a cidade também enfrenta uma crise de água. Moradores de áreas próximas ao Lago Kivu têm sido forçados a buscar água diretamente do lago, sem qualquer tratamento, expondo-se a doenças como cólera. A situação de saúde se agrava com a falta de acesso a serviços médicos adequados e a contínua ausência de eletricidade e internet, dificultando a comunicação e a troca de informações.
A cidade de Goma, composta por 18 bairros, tem experimentado uma realidade caótica, com a população vivendo em constante medo e incerteza. A escassez de recursos, aliada ao medo crescente das forças armadas e dos grupos armados, tem gerado uma atmosfera de desesperança.
No entanto, mesmo em meio ao sofrimento, muitos de seus moradores, como relatado por um jovem residente de Goma, mantêm a esperança. Ele compartilha seu testemunho de como, apesar dos desafios, a cidade o ensinou a importância de lembrar daqueles que sofrem, de apoiar os mais vulneráveis e de nunca perder a fé em um futuro melhor para Goma.
Goma, apesar de sua dor, continua a ser um símbolo de resiliência e solidariedade, com seus habitantes se unindo para enfrentar as dificuldades diárias. A cidade, com sua história de luta e sobrevivência, permanece no coração de seus filhos, que, mesmo distantes, não se desligam emocionalmente de seu lar.
A mensagem de esperança que surge, mesmo em tempos de tanta adversidade, é clara: Goma se levantará. Com sua beleza e força interior, a cidade é vista como um possível refúgio para toda a região dos Grandes Lagos, e seus habitantes, seus mais fiéis admiradores, acreditam que ela encontrará a paz e a tranquilidade que tanto merece.

Justin Mulindwa, colaborador clandestino, é um jovem estudante e ativista de Goma, na República Democrática do Congo. Ele atua na ONG BEL AV, que oferece apoio às vítimas e refugiados do país, organizando e distribuindo refeições para os deslocados.
Nós, da equipe Clandestino, aproveitamos este espaço dedicado à mensagem enviada por Justin, de Goma, para reafirmar nosso compromisso inabalável com a defesa da liberdade — tanto interna quanto externa — da República Democrática do Congo. Reiteramos nossa solidariedade ao povo congolês, especialmente ao "irmão caçula" Justin, assegurando que nossa dedicação a essa causa não vacilará. Estamos juntos com todos vocês; juntos por Goma e pela RD Congo. Ombro a ombro na linha de frente.
SIQKA, janeiro de 2025.