Investigação revela que fotógrafo ferido em protesto na Argentina foi alvo de disparo intencional
- Derek Emidio
- 14 de mar.
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Um relatório preliminar apontou que os agentes de segurança atiraram cartuchos de gás lacrimogêneo em linha reta, contrariando protocolos. Fotógrafo Pablo Grillo continua em estado crítico.

Na última quarta-feira (13), uma manifestação de aposentados em Buenos Aires terminou em forte repressão policial. Cerca de mil agentes de segurança foram mobilizados e, pouco depois do início do protesto, a polícia usou balas de borracha, gás lacrimogêneo, gás mostarda e caminhões hidrantes contra os manifestantes. Durante o confronto, o fotógrafo Pablo Grillo foi atingido na cabeça por um cartucho de gás e está internado em estado crítico no Hospital Ramos Mejía.
A organização "Mapa da Polícia", que monitora a violência policial no país, divulgou um relatório preliminar com base em vídeos e imagens do protesto. A investigação contou com a participação de um perito científico e reconstituiu o momento do disparo ocorrido às 17h18 (horário local).
Segundo a análise, foi possível determinar a trajetória do projétil e o comportamento dos agentes envolvidos. As imagens mostram que membros da Gendarmeria Nacional e da Polícia Federal Argentina dispararam os cartuchos de gás lacrimogêneo a curta distância e na altura do corpo, contrariando os protocolos de uso desse tipo de armamento.
"O uso correto desse armamento exige que os disparos sejam feitos em um ângulo de 45 graus para cima, mas isso não foi respeitado em diversas ocasiões", aponta o relatório. A organização destacou que, em um dos registros analisados, é possível identificar claramente o local exato de onde partiu o disparo que atingiu Grillo.
"Grillo não foi vítima de um acidente. Atiraram para matar", afirma a reconstrução.
O relatório sugere que a repetição dos disparos em linha reta e de maneira sistemática indica que essa foi uma ordem direta dos comandantes das forças de segurança. A investigação responsabiliza diretamente os chefes policiais e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, pela repressão violenta.
Pablo Grillo, um dos profissionais que cobriam o protesto em frente ao Congresso Nacional, foi socorrido no local e levado ao Hospital Ramos Mejía. Ele passou por uma cirurgia para reduzir a pressão intracraniana e reconstruir áreas do tecido afetado. No entanto, sofreu um traumatismo craniano grave, múltiplas fraturas e perda de massa encefálica. Após a operação, segue internado na UTI, com prognóstico reservado.
A repressão violenta contra manifestantes e jornalistas gerou ampla repercussão e diversas mobilizações em apoio a Grillo e sua família. Organizações de direitos humanos e entidades jornalísticas cobram investigações aprofundadas e responsabilização dos envolvidos.