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Protestos em massa abalam a Geórgia após suspensão de negociações com a União Europeia

Desde 28 de novembro, a Geórgia enfrenta uma onda de protestos de grande escala motivada pela decisão do governo de suspender as negociações de adesão à União Europeia até 2028. A capital, Tbilisi, tem sido palco de confrontos intensos entre manifestantes e forças policiais, especialmente na Avenida Rustaveli, onde barricadas foram erguidas e fogos de artifício utilizados contra agentes de segurança.




O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, em defesa da decisão, afirmou que a Geórgia não permitirá que seja "ucranizada", uma referência à influência ocidental percebida na política local e na mobilização popular. Apesar disso, o partido governista Sonho Georgiano, que venceu as eleições parlamentares de outubro, enfrentou oposição interna e externa.


A presidente Salome Zourabichvili, uma política pró-Ocidente com cidadania francesa, rejeitou a legitimidade do novo parlamento e afirmou que permanecerá no cargo, mesmo com eleições presidenciais previstas para dezembro. O governo, por sua vez, reiterou que o cronograma eleitoral será mantido.


O episódio reflete uma disputa geopolítica mais ampla: enquanto o governo busca equilibrar parcerias com a Rússia e a China, mantendo a integração euro-atlântica como objetivo de longo prazo, a oposição exige alinhamento imediato com a União Europeia e a OTAN, desconsiderando possíveis tensões com Moscow.


Reação internacional

Embora a oposição georgiana tenha acusado o governo de fraude eleitoral e submissão à Rússia, observadores internacionais, incluindo a OSCE, consideraram o processo legítimo. A União Europeia e os Estados Unidos pediram investigações pontuais, mas não invalidaram os resultados.


No entanto, a UE sinalizou possíveis sanções ao governo devido à repressão dos protestos. Já países como Azerbaijão, Armênia, Hungria, Turquia e China parabenizaram o Sonho Georgiano pela vitória, enquanto o Kremlin enfatizou a importância de evitar interferências externas nos assuntos do país.


Oposição e resistência popular

Os protestos, liderados por partidos e ONGs apoiados pelo Ocidente, exigem novas eleições sob supervisão internacional. No entanto, pela legislação georgiana, tal demanda é inviável sem que os resultados anteriores sejam anulados.


Especialistas apontam que, mesmo com apoio externo, a oposição enfrenta dificuldades devido à falta de recursos e ao limitado apoio popular. A polarização entre as forças pró-Rússia e pró-Ocidente reflete uma sociedade dividida sobre o futuro do país.


A Geórgia em uma encruzilhada geopolítica

A decisão do governo de adiar as negociações com a UE até 2028, enquanto busca normalizar relações com a Rússia, coloca o país em um dilema estratégico. Apesar das promessas de retomar as negociações europeias em 2025, a posição do governo contrasta com as aspirações ocidentais da oposição, exacerbando tensões internas e externas.


O desfecho dessa crise política terá implicações profundas, não apenas para a soberania e o futuro democrático da Geórgia, mas também para seu papel na disputa entre Rússia e Ocidente.

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