top of page
Foto do escritorSiqka

Conheça a história de Qamar Subuh, uma menina de 6 anos deslocada de Gaza, que carregou a irmã nos braços para salvá-la



Qamar Subuh, apenas uma criança de seis anos, descalça e sem hesitar, colocou sua irmã Sumaya, um ano mais nova, sobre os ombros e a carregou até o hospital em Gaza. Quando questionada sobre o ato, respondeu com a simplicidade de uma criança: "Eu a carreguei porque ela não podia andar." Pergunto a você, leitor: em que tipo de mundo vivemos? A que ponto chegamos, que permitimos que uma menina de seis anos precise carregar sua irmã por quilômetros, descalça e sob o sol?


Milhares, talvez milhões, viram e compartilharam a bravura de Qamar nas redes sociais, incluindo nós (Clandestino). E o que mudou para os palestinos? O que mudou para Qamar?



A história por trás desse vídeo começa horas antes, quando as irmãs vendiam biscoitos perto do campo de refugiados de Al Bureij para ajudar a sustentar a família. Um carro atropelou Sumaya, deixando-a incapaz de andar. Sem transporte, Qamar a levantou nos ombros e a levou ao hospital. Na volta, sem ambulância ou condução disponível, caminhou mais de uma hora até que um homem se ofereceu para dar uma carona.


O jornalista palestino Alaa Hamouda documentou o dia das irmãs Subuh, que vivem em uma tenda improvisada com a mãe, Hanan, e outros seis irmãos. A família, vinda de Beit Lahia, foi forçada a fugir devido aos bombardeios. Agora, se amontoam em condições precárias, seus pertences encostados no canto de uma estrutura frágil.


Qamar conta com um olhar carinhoso a razão de sua jornada com Sumaya: "Ela não conseguia andar com a perna." As duas tentavam vender biscoitos para comprar leite para o irmão recém-nascido, roupas e sapatos novos. E no meio de tudo, Qamar confessa uma saudade profunda do pai, de quem a família perdeu contato após fugir para o sul.


"Sentimos muito a falta dele, mais que a lua. Queremos voltar e ver nossas tias, nosso pai e todo o povo de Gaza."

Hanan, sua mãe, se orgulha da filha e de sua coragem. Em meio ao desespero dos ataques, da fome e da migração forçada, o ato de Qamar se torna o retrato de uma resistência diária de palestinos e palestinas deslocados, bombardeados, assassinados e presos enquanto assistimos impotentes.


Qamar, Sumaya, Hanan e todos os palestinos – a vocês, peço desculpas, ainda que tardias, em nome de uma humanidade que se diz civilizada e assiste a tudo em silêncio. Peço desculpas por um mundo que perpetua esse ciclo de devastação, que priva crianças de qualquer infância e famílias de qualquer paz.


Creative Commons (1).webp

ÚLTIMAS POSTAGENS

bottom of page