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Quem planta tâmaras não colhe tâmaras: por que não devemos parar de apoiar a Palestina - Por Viviane Marine

2025 começa, continua o genocídio e destruição da infraestrutura e de todo apoio ao que sustenta a vida em Gaza; o último grande golpe foi a prisão do Dr. Hussam Abu Safiya, Diretor do Hospital Kemal Advan.


Do lado de lá, tivemos a notícia esta semana que Israel irá investir 150 milhões em propaganda para mudar visão mundial sobre o genocídio.


Fazendo uma breve rememoração histórica, desde o final do século XIX a partir da criação do sionismo, sionistas buscam estabelecer seu estado firmando suas bases no racismo e discriminação. Segundo Theodor Herzl “queremos levar limpeza, ordem e costumes iluminados do Ocidente a esse canto agora infecto e desolado do Oriente, a esse canto doente”. 


Para sua expansão colonial, se utilizam de narrativas que reinventam não apenas o colono judeu como mascaram o modus operandi sionista, e assim, nascem as conhecidas propagandas "um novo judeu na terra da Palestina", "uma terra sem povo para um povo sem terra", "Israel faz o deserto florescer" e “somos o povo escolhido” entre outras. Narrativas até hoje ecoam na visão que muitas pessoas têm de Israel.


Israel busca também apagar a memória palestina e faz isso renomeando vilas, cidades e ruas, arrancando oliveiras, reocupando, impedindo palestinos de rememorarem a Nakba e usando o Fundo Nacional Judaico para criar florestas. Detalhe: sobre 500 aldeias palestinas[1].


Tudo isso sem falar que o sionismo está na indústria do entretenimento, influenciando na política não só americana, como de outros países e seduziu até os ricos cristãos americanos que, por uma leitura falaciosa e sionista do velho testamento, consideram que o messias só chegará depois que a terra prometida voltar a estar ocupada pelo “povo eleito”. O resto da população cristã apenas repete, incauta, a narrativa, e por sua “ingenuidade” é usada politicamente para interesses escusos.


Desencorajadora essa linha do tempo? Vejamos.


Em março de 2024, o instituto de pesquisa Gallup fez um levantamento que mostrou que 55% dos adultos dos EUA desaprovam as ações militares de Israel. A aprovação havia caído de 50% em 2023, para 36% em 03/24. No Brasil, no mesmo mês, foi a vez do Quaest mostrar que, se em 2023, 52% dos brasileiros diziam ter opinião favorável em relação a Israel, em março o percentual caiu para 39%.


Em maio de 2024 vimos que dos 193 membros da ONU, 145 reconhecem Estado da Palestina. Para infelicidade sionista, com a Noruega, Espanha e Irlanda, 75% dos países no mundo o reconhecem.


No mês de setembro de 2024, também na ONU, houve uma resolução que exige que Israel desocupe territórios palestinos em 12 meses, apesar de não ser vinculativa, ela recebeu 124 votos a favor e demonstra como Israel está aos olhos do mundo.


Vindo de judeus antissionistas, no começo do ano que mais de 150 artistas judeus assinaram um manifesto em apoio ao posicionamento do cineasta Jonathan Glazer na cerimônia do Oscar, repudiando o “genocídio em andamento”. Na Holanda, o movimento judeu antissionista Erev Rav reuniu em diversas ocasiões judeus vindos de todo o país em manifestações contra o genocídio em Gaza. Há muitos grupos de judeus antissionistas nos países, inclusive aqui no Brasil, com o Vozes Judaicas por Libertação. Muitos judeus dizem “não em meu nome”.


Nas Universidades por todo o mundo assistimos a coragem dos estudantes contra o genocídio, fazendo manifestações, montando acampamentos. Aqui no Brasil, cinco estudantes da USP estão enfrentando ameaça de expulsão por sua solidariedade a causa, gerando uma grande campanha em defesa deles. Nas ruas de diversos países, muitas manifestações ainda são feitas com a presença da sociedade em geral.


Não devemos esquecer da força do Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). Empresas como McDonald’s e Starbucks já sentiram o peso desta ação em suas contas, e no Paquistão, por exemplo, o boicote a empresas que financiam Israel está ajudando, inclusive, os empresários locais.


Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional expediu o mandado de prisão de Netanyahu.


Tudo isso mostra que todas as ações de pessoas pró-Palestina, de ativistas, comunicadores, apoiadores, boicotes, suporte, fazem a diferença. Com tanta dor que vemos, pode não parecer, mas fazem.


Neste artigo, espero mostrar que apesar de toda hásbara [2] ao longo do tempo, em pouco mais de um ano, conquistamos muita coisa. Não devemos parar!


O que eles fazem há décadas, faremos melhor, porque faremos não com falácias, faremos com a verdade, e a primeira verdade necessária é sabermos que ser antissionista não é, de forma nenhuma, ser antissemita, como querem fazer parecer. Os judeus são um povo incrível, e como mostramos, muitos não concordam com o que está acontecendo. O que dizer de gigantes como Freud e Einstein, que mostraram ser contra a criação de um estado de apartheid?


Apoiar a Palestina é ser solidário de alguma forma, e sobretudo NÃO APOIAR, de nenhum modo, quem pratica o genocídio ou quem alimenta quem pratica, seja em uma conversa, em uma compra, em um voto ou nas redes.


Há um ditado árabe que diz “quem planta tâmaras, não colhe tâmaras” porque antes, as tamareiras levavam cerca de 90 anos para darem os primeiros frutos. Esse ditado fala de propósito, de paciência, de pensar no coletivo, de visão de futuro. Você pode não ver a colheita do que plantou rapidamente, mas ela virá.  


Você pode não ver agora, mas com seu apoio, saiba: a Palestina será livre! 


 

[1] No livro The JNF/KKL: A Charity Complicit With Ethnic Cleansing’ by Dr Uri Davis, ele cita que a maioria das florestas financiadas pelo Fundo Nacional Judaico foram criadas sobre os escombros de cerca de 500 aldeias palestinas, os documentos apresentados pelo autor não deixam dúvida sobre o ocorrido. Lembremos que só em 1948 foram destruídas 418 vilas.


[2] Hasbara designa o esforço sionista em difundir distorções, mitos e invenções que compõem narrativa e propaganda favoráveis ao Estado racista e colonial de Israel, de modo a justificar, alimentar e encobrir o genocídio, limpeza étnica, colonização e apartheid. In https://www.monitordooriente.com/20240314-a-hasbara-sionista-na-grande-midia-brasileira/

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