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Guerra, Estupro e Fuga: O mercado de carne humana na RD Congo

Foto do escritor: ClandestinoClandestino

A resposta humanitária no Burundi à crise na vizinha República Democrática do Congo (RDC) "está literalmente cedendo", alertou o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) nesta sexta-feira, enquanto relatos desesperadores emergem de milhares de pessoas forçadas a escapar da fúria do M23, grupo rebelde apoiado por Ruanda.


Mais de 63.000 refugiados já cruzaram para o Burundi, fugindo do horror que assola o leste da RDC. "Este país, apesar de seus melhores esforços, não estava preparado para esta emergência", afirmou Faith Kasina, porta-voz regional do ACNUR para o Leste e Chifre da África e Grandes Lagos. O aumento vertiginoso do fluxo de deslocados é o maior que o Burundi já testemunhou em décadas, consequência do caos que reina na região mineralmente rica da RDC.


Enquanto a comunidade internacional hesita em agir, a resposta humanitária está prestes a desmoronar. Em Rugombo, epicentro do acolhimento de refugiados, 45.000 pessoas amontoam-se em um estádio. "As condições são extremamente duras... O estádio está literalmente estourando pelas costuras", descreveu Kasina.



A violência sexual e os abusos de direitos humanos continuam a devastar populações inteiras na RDC. Em apenas duas semanas de fevereiro, foram reportados 895 casos de estupro – uma média superior a 60 por dia.


Entre as vítimas, uma mãe relatou ter dado à luz três dias antes de ser forçada a atravessar o rio Rusizi com seu recém-nascido nos braços e mais quatro filhos ao lado. "Ela via pertences descendo o rio e temia que seu destino fosse o mesmo", revelou Kasina. Outra refugiada descreveu a amargura de reviver a tragédia: na adolescência, fugiu para Rugombo. Agora, adulta e com seis filhos, vê-se forçada a recomeçar no mesmo ponto de miséria e desespero. "É um ciclo interminável de deslocamento", lamentou.


Enquanto isso, o silêncio global ressoa ensurdecedor. Atualmente, há mais de um milhão de refugiados congoleses espalhados pelo continente africano. Uganda absorve mais da metade desse contingente, enquanto o Burundi tornou-se o principal refúgio para aqueles que escapam da nova ofensiva do M23, iniciada em janeiro.


Mesmo antes da atual crise, 6,7 milhões de pessoas já estavam deslocadas dentro da RDC, sem perspectivas de paz, sem terra firme para chamar de lar e sem esperança de que o mundo finalmente enxergue seu sofrimento além das cifras frias dos relatórios internacionais.

 

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