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Refugiados sudaneses enfrentam sofrimento extremo ao fugir da guerra

Agentes humanitários da ONU alertam para as condições desesperadoras enfrentadas pelos deslocados sudaneses, que têm suportado "sofrimento inimaginável" em sua busca por abrigo devido à guerra que assola o Sudão. A agência da ONU para refugiados (ACNUR) expressou grave preocupação com a situação de mais de três milhões de pessoas que foram forçadas a fugir do país, em meio a um conflito brutal entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (RSF), iniciado há 19 meses.


Dominique Hyde, Diretora de Relações Externas do ACNUR, afirmou que a violência no Sudão resultou em "atrocidades brutais" e "violações generalizadas dos direitos humanos". Ela destacou a dor diária de milhares de vidas destruídas pela guerra, muitas vezes sem a devida atenção internacional. "A cada dia, a cada minuto, o sofrimento das pessoas se agrava, longe dos olhos do mundo", disse Hyde.


Em uma visita recente às comunidades deslocadas no Chade, país vizinho que acolheu cerca de 700.000 refugiados, Hyde descreveu o Chade como um "santuário" para os sudaneses em fuga. Ela relatou testemunhos de sobreviventes que presenciaram atrocidades indescritíveis: "Falei com pessoas que viram suas famílias sendo assassinadas. Mulheres estupradas enquanto fugiam. Homens e meninos mortos, seus corpos queimados", contou.



O ACNUR e seus parceiros humanitários têm se esforçado para ajudar os refugiados, estabelecendo novos assentamentos e expandindo os já existentes. No entanto, dezenas de milhares ainda aguardam a oportunidade de começar uma nova vida, enquanto as condições nos campos de refugiados continuam difíceis.


Os países vizinhos, como Sudão do Sul, Etiópia, Egito e República Centro-Africana, têm se esforçado para apoiar os refugiados, oferecendo segurança e tentando criar condições para poderem reconstruir suas vidas. No entanto, a pressão sobre esses países aumenta à medida que o número de deslocados cresce, e a comunidade internacional tem falhado em fornecer o apoio necessário.


O contínuo derramamento de sangue em Darfur e em outras partes do Sudão criou uma crise humanitária sem precedentes, mas, como ressaltou Hyde, "o mundo não está prestando atenção". Em outubro, cerca de 60.000 sudaneses chegaram ao Chade, após uma intensificação dos conflitos e o recuo das águas das enchentes.


A cidade fronteiriça de Adre, que já abrigava 40.000 pessoas, agora acolhe aproximadamente 230.000 refugiados sudaneses, muitos dos quais enfrentam longas esperas em condições precárias. "O êxodo do Sudão continua em níveis alarmantes, e as pessoas chegam com nada além de memórias traumáticas da violência que enfrentaram", explicou Hyde.


O ACNUR também relatou que a maioria dos recém-chegados no Chade sofreu violências extremas enquanto fugiam. Entre os refugiados, uma história de horror é particularmente marcante: das 180 pessoas que fugiram da cidade de El Geneina, em Darfur, todas, exceto 17, foram massacradas. Das sobreviventes, 6 cometeram suicídio após serem estupradas.


O Plano de Resposta a Refugiados, que visa fornecer assistência a 2,7 milhões de pessoas em cinco países vizinhos, ainda conta com apenas 29% de financiamento. Hyde pediu apoio imediato, ressaltando a generosidade do povo chadiano, mas alertando que a ajuda internacional precisa ser intensificada para evitar mais sofrimento e mortes. "O Chade e seu povo têm sido mais do que acolhedores, mas precisamos de mais apoio agora", concluiu.

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