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Sede, guerra e cólera: A água roubada pelo imperialismo na RD Congo

Enquanto o caos da guerra engole Goma, na República Democrática do Congo (RDC), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros tentam salvar vidas oferecendo água potável para 700 mil pessoas diariamente; um paliativo que não passa de um remendo tardio em um desastre orquestrado há décadas.

No fim de janeiro, a cidade foi tomada pelo M23, grupo rebelde armado e financiado por Ruanda, deixando milhões sem acesso a água, eletricidade e saneamento. Os combates violentos expulsaram um terço da população de seus lares e aprofundaram a tragédia humanitária de uma região já massacrada pela cobiça global por seus recursos naturais.

A guerra não mata só com balas. Epidemias de cólera e varíola dos macacos avançam no leste da RDC, e a falta de água tratada transforma a sobrevivência cada vez mais difícil. "Água limpa é uma tábua de salvação", reconhece Jean François Basse, representante interino do UNICEF na RDC. O problema é que essa tábua está cada vez mais distante das mãos de quem precisa.

A ONU, sempre ágil em discursos e lenta em soluções estruturais, conseguiu reativar parte do abastecimento da REGIDESO – empresa pública de água da RDC – após fornecer 77 mil litros de combustível para as estações de bombeamento. Mas, milhares ainda bebem água contaminada diretamente do Lago Kivu, enquanto casos de cólera se multiplicam.




Entre bombas e doenças, o extermínio silencioso avança

O UNICEF, ao lado da missão de paz da ONU (MONUSCO), tenta retardar o colapso com cloro e suprimentos médicos para hospitais superlotados, mas os números não mentem: nos últimos dez anos, a cólera matou mais de 5.500 pessoas no país. Para as crianças em zonas de conflito, o risco de morrer por doenças ligadas à falta de água é três vezes maior do que ser atingido por uma bala.

Em Goma, a equação mortal se repete: centenas de milhares de deslocados vagam por campos insalubres, mulheres e meninas enfrentam violência ao buscar lenha e água, e a promessa de uma solução definitiva evapora sob o calor da guerra.

E enquanto o Ocidente segue sedento por coltan e cobalto – minerais essenciais para seus smartphones e carros elétricos –, o povo congolês continua pagando o preço da pilhagem e a UNICEF pedindo por proteção ao abastecimento de água.

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