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Israel vê aliança entre Síria e Turquia como ameaça crescente

Um relatório divulgado em janeiro pelo Comitê de Exame do Orçamento de Segurança e Construção de Forças de Israel, conhecido como Comitê Nagel, apontou que uma aliança emergente entre Síria e Turquia pode representar uma ameaça maior para Israel do que o Irã. O documento sugere que o país deve se preparar para um possível confronto direto com Ancara, citando as ambições do governo turco de restaurar a influência da era otomana na região.


Pouco tempo após a publicação do relatório, os militares israelenses ampliaram sua presença digital, lançando novas contas em turco nas plataformas X e Telegram. A iniciativa levantou questionamentos sobre o status da Turquia, que é um dos principais parceiros comerciais de Israel, mas agora é vista como uma possível ameaça estratégica.


Recep Tayyip Erdoğan, Presidente da Turquia
Recep Tayyip Erdoğan, Presidente da Turquia


Mudança de cenário geopolítico

Israel e Turquia mantiveram relações próximas no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, com cooperação militar e de inteligência voltada contra adversários comuns, como Irã e Síria. No entanto, a dinâmica regional mudou, e os dois países passaram a competir pela influência no cenário pós-guerra da Síria.


O relatório da Comissão Nagel menciona a Turquia 15 vezes e alerta que a crescente presença turca na Síria pode transformar o exército sírio em uma força aliada de Ancara, modificando radicalmente as relações entre Tel Aviv e Ancara. O documento ainda sugere que a Turquia pode estar substituindo o Irã como principal influência sobre o território sírio, o que tem preocupado o alto escalão da defesa israelense.


As autoridades israelenses temem que uma Síria alinhada com a Turquia possa levar ao fortalecimento de facções hostis a Tel Aviv. Além disso, os laços entre Ancara e o Hamas intensificam as preocupações de Israel sobre a possibilidade de o norte da Síria se tornar um reduto para grupos armados contrários ao Estado israelense.


O crescimento da presença militar turca na Síria, aliado às suas capacidades avançadas de armamentos, também é um fator de alerta para o regime sionista. Um relatório do Centro de Pesquisa Alma, em Israel, destacou que a Turquia pode, no futuro, apoiar grupos sunitas extremistas contra Israel ou fornecer auxílio direto ao exército sírio em um eventual confronto.


A rivalidade entre Israel e Turquia reflete uma disputa maior pela influência na Ásia ocidental. Enquanto Tel Aviv busca manter sua hegemonia regional, a ascensão de Ancara como potência militar e política preocupa o governo israelense, que vê a Turquia como um competidor estratégico em diversas frentes.


Diante desse cenário, Israel tem reforçado sua estratégia de contenção, pressionando Washington a manter sanções contra a Síria e intensificando sua presença militar na região. A disputa entre os dois países não se limita apenas à Síria, mas reflete uma reconfiguração do equilíbrio de poder no Oriente Médio, que deve continuar a evoluir nos próximos anos.

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