2mil anos e soldados estrangeiros continuam crucificando palestinos na 'Terra Santa'
- Clandestino
- 19 de abr.
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Na véspera da Páscoa, a Cidade Velha de Jerusalém — berço das tradições cristãs — foi transformada mais uma vez em uma zona militar pelas forças de ocupação israelenses, que reprimiram fiéis e impediram o acesso de dezenas de famílias palestinas a suas próprias casas e locais sagrados.

Durante o Sábado de Aleluia, uma das datas mais reverenciadas do calendário cristão, soldados israelenses ergueram postos de controle em toda a Cidade Velha, bloqueando becos que conduzem à Igreja do Santo Sepulcro. Testemunhas locais denunciaram que a área foi cercada e militarizada, restringindo severamente a circulação de peregrinos e moradores.
Entre os impedidos de entrar estava o arcebispo Adolfo Tito Yllana, Delegado Apostólico em Jerusalém e representante do Vaticano no Estado da Palestina. Detido por soldados israelenses em um dos bloqueios, ele teve o acesso negado à igreja, um gesto que revela o desprezo sistemático da ocupação por autoridades religiosas internacionais e pela liberdade de culto.

O jornalista palestino Rafi Ghattas compartilhou imagens estarrecedoras do pátio do Santo Sepulcro: a praça, que costuma se encher de peregrinos nesta época, encontrava-se quase deserta, ocupada majoritariamente por policiais armados. Segundo Ghattas, fiéis foram agredidos dentro da própria igreja — uma cena que desnuda a violência de Estado convertida em política de controle espiritual.
Polícia da ocupação agride adoradores dentro da Igreja da Ressurreição em Jerusalém
Além disso, milhares de cristãos da Cisjordânia foram proibidos de entrar em Jerusalém, repetindo o padrão de exclusão visto nos últimos anos. Para acessar seus locais de culto, tanto cristãos quanto muçulmanos palestinos são forçados a solicitar autorizações especiais do exército israelense — autorizações que, na prática, funcionam como ferramentas de negação de direitos.
Com a escalada da ofensiva militar israelense contra Gaza e a Cisjordânia desde outubro de 2023, a repressão à liberdade religiosa em Jerusalém atinge novos patamares. As igrejas decidiram, pelo segundo ano consecutivo, cancelar procissões e celebrações públicas da Páscoa, limitando-se a cerimônias litúrgicas discretas — uma tentativa de manter a dignidade diante da violência imposta.
Na tarde de sábado, o Patriarca Ortodoxo Grego de Jerusalém, Teófilo III, ainda deve conduzir a oração do "Fogo Sagrado" dentro da Igreja do Santo Sepulcro, um rito milenar de esperança. A chama, entretanto, viajará para igrejas em Belém, Jericó, Ramallah, Nablus, Jenin e outras cidades — como uma centelha de resistência espiritual diante da escuridão imposta pela ocupação.
Enquanto o mundo celebra a renovação da vida, Jerusalém — sagrada para milhões — permanece sitiada por aqueles que tentam sufocar sua alma.