Tensão aumenta na República Democrática do Congo: Goma sob ameaça de ataque do grupo M23
- Clandestino
- 24 de jan.
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A intensificação dos conflitos no leste da República Democrática do Congo (RDC), envolvendo o grupo armado M23, levantou temores de que a cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, possa ser atacada. A situação alarmante foi destacada por agências da ONU na sexta-feira (24), enquanto deslocamentos em massa continuam na região rica em minerais.
“Estamos profundamente preocupados com o risco iminente de um ataque do M23 a Goma, o que poderia causar impactos catastróficos sobre centenas de milhares de civis, agravando violações de direitos humanos já generalizadas”, alertou Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH).
A ONU estima que 400 mil pessoas foram deslocadas nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul desde o início de 2025. Bombardeios recentes em áreas próximas à Goma, incluindo acampamentos de deslocados, resultaram em mortes e novos deslocamentos. Entre os ataques, destacam-se explosões no local de Kitalaga, que mataram duas crianças, e destruição de abrigos em Nzuolo e Bushagara.
Os confrontos forçaram milhares a buscar refúgio dentro de Goma, apesar das condições precárias. Matt Saltmarsh, porta-voz do ACNUR, ressaltou os desafios enfrentados pelas agências humanitárias: “O acesso às áreas afetadas é extremamente limitado, dificultando a entrega de assistência essencial.”

Contexto político e humanitário
Desde a retirada da Missão de Paz da ONU (MONUSCO) do Kivu do Sul em 2024, a presença militar da ONU em Kivu do Norte tem se concentrado em proteger Goma e áreas próximas. No entanto, a escalada dos combates ameaça expandir a crise.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com a tomada da cidade de Sake pelo M23 e alertou para o risco de uma guerra regional. “O M23 deve cessar imediatamente suas ofensivas e cumprir o acordo de cessar-fogo de julho de 2024”, declarou Guterres. Ele também pediu o fim do suposto apoio de Ruanda ao grupo, uma acusação que o governo ruandês nega.
Impacto sobre a população
A situação humanitária na RDC continua crítica. As províncias de Kivu do Norte e do Sul já abrigam 4,6 milhões de deslocados internos. Violações de direitos humanos, incluindo assassinatos, sequestros e prisões arbitrárias, estão em ascensão. “Os hospitais estão lotados de civis feridos, enquanto mulheres, crianças e idosos enfrentam condições insalubres e superlotadas, com acesso limitado a alimentos, água e serviços essenciais”, afirmou Saltmarsh.
Com a tensão crescendo e a violência intensificando-se, a comunidade internacional enfrenta um desafio urgente para evitar uma catástrofe humanitária ainda maior na região.
