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Violência policial na Reserva Indígena de Dourados deixa feridos e presos em protesto por água

Uma ação violenta da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (PMMS) deixou pelo menos 20 indígenas feridos, dois presos e espalhou terror na Reserva Indígena de Dourados, nesta quarta-feira (27). O protesto pacífico, iniciado na rodovia MS-156, reivindicava acesso regular à água, recurso essencial que tem faltado a cerca de 5 mil indígenas Terena e Guarani Kaiowá.


A Tropa de Choque avançou contra os manifestantes com tiros de balas de borracha, bombas de gás e spray de pimenta, empurrando o grupo para dentro da aldeia Jaguapiru. Dentro da comunidade, relatos indicam que a polícia continuou atirando indiscriminadamente, invadindo casas e atacando mulheres, idosos e crianças.


Três feridos – duas mulheres e uma criança – foram hospitalizados, mas já receberam alta. Segundo a Aty Guasu, maior organização indígena do Mato Grosso do Sul, os agentes impediram a entrada de ambulâncias durante os momentos mais críticos.


A mobilização começou devido à histórica falta de abastecimento de água na Reserva, que afeta diretamente a qualidade de vida da comunidade indígena. "Nós não queremos cargos ou empregos, queremos água para viver", desabafou Luzinete Terena em um pedido de socorro registrado em áudio durante a ação policial.


Vídeos gravados pelos próprios indígenas mostram o uso excessivo de força, incluindo cenas de agressões contra manifestantes desarmados e invasões de residências. Em uma das gravações, uma mulher é atingida por um tiro na perna enquanto tenta socorrer o marido.


O Ministério Público Federal (MPF) esteve no local para mediar o conflito, enquanto lideranças indígenas e organizações como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciaram a ausência de mandado judicial que autorizasse a entrada da polícia na aldeia Jaguapiru.


O deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS) condenou a ação na Assembleia Legislativa, destacando que a Polícia Militar não tem jurisdição em terras indígenas sem autorização judicial. “Se ocorrer uma morte, a responsabilidade será do governo estadual e do comando da polícia”, declarou.



Histórico de abandono e promessas não cumpridas

A falta de água na Reserva de Dourados é um problema recorrente. Embora um recente convênio entre a Itaipu Binacional e o governo federal destine R$ 60 milhões para sistemas de abastecimento em comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul, a Reserva de Dourados ficou de fora.


Lideranças indígenas acusam o Estado de negligência e relatam décadas de promessas não cumpridas. "A gente só queria água", lamentou uma moradora em meio à violência.


A mobilização continuou ao longo do dia, com novos bloqueios na MS-156 e a chegada de reforços policiais ao local, mantendo a tensão elevada. Enquanto isso, a comunidade segue exigindo soluções efetivas para o problema crônico que afeta suas condições básicas de sobrevivência.

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