Vítimas de massacre o assentamento Olga Benário seguem hospitalizadas
- Clandestino
- 14 de jan.
- 2 min de leitura
Na última sexta-feira (10), o assentamento Olga Benário, localizado em Tremembé, interior de São Paulo, foi palco de um ataque violento. Cerca de 40 homens armados, utilizando carros e motos, invadiram o local e dispararam contra famílias que estavam reunidas em um dos lotes, resultando na morte de dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e deixando cinco pessoas hospitalizadas.
Entre os feridos, Denis Carvalho permanece em estado grave na UTI do Hospital Regional de Taubaté após uma cirurgia para retirada de estilhaços alojados na cabeça. Outras quatro vítimas, atingidas por disparos em diferentes partes do corpo, seguem internadas, mas estão fora de risco. Uma sexta vítima, liberada no sábado (11), será submetida a nova cirurgia nesta quarta-feira (15). As identidades estão sendo mantidas em sigilo devido à insegurança na região.
Vítimas fatais
Valdir Nascimento, de 52 anos, conhecido como Valdirzão, era uma das principais referências do MST no Vale do Paraíba, defensor da agroecologia e crítico da venda de lotes de reforma agrária. Gleison Barbosa, de 28 anos, conhecido como Guegue, havia decidido permanecer no assentamento após uma visita à mãe, contribuindo nas atividades do local. Ambos foram velados e cremados no domingo (12).
Características do ataque
De acordo com sobreviventes, o ataque foi caracterizado por execuções, com disparos na cabeça e pelas costas. Nenhum dos criminosos tentou esconder o rosto, evidenciando a premeditação do crime.
“O objetivo desses grupos é desarticular a luta dos assentados e abrir caminho para a especulação imobiliária na região”, afirmou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST.
Investigação e prisões
A polícia prendeu no sábado (11) Antonio Martins Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”, apontado como mentor intelectual do massacre. Ele confessou participação no crime. Um segundo suspeito, Ítalo Rodrigues da Silva, teve prisão preventiva decretada, mas segue foragido.
Por determinação do Ministério da Justiça e do presidente Lula, a Polícia Federal está conduzindo parte das investigações. A ministra Macaé Evaristo anunciou que as famílias do assentamento serão incluídas no Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos.
O MST exige rapidez nas investigações e medidas efetivas para cessar a violência no campo. “Que se responsabilizem os culpados e que o INCRA e o Ministério do Desenvolvimento Agrário solucionem as invasões de lotes nos assentamentos da região”, declarou Gilmar Mauro.
O massacre evidencia os desafios enfrentados por trabalhadores rurais assentados e reforça a necessidade de ações concretas para garantir segurança e justiça no campo.