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Foto do escritorSiqka

Enfim, nossa primeira casa

O incidente das abobrinhas deixou claro para todos que precisávamos de mais espaço, especialmente para mim, que desejava chegar intacta à vida adulta. Com o pouco dinheiro que meus pais conseguiram economizar, compraram um terreno para construir uma pequena casa para nós.


Nossa casa era modesta, porém significativa, pois representava nosso primeiro lar, e isso me deixava contente. Meu pai mobilizou parentes e amigos para trabalhar na construção. Se tivesse sido um pouco mais cedo, eu teria ajudado os meninos a carregar os materiais. No entanto, como estava colocando em prática meu plano de mudanças e maturidade, dediquei-me a servir água e chá aos trabalhadores, enquanto minha mãe, minhas irmãs e outras esposas revezavam-se na cozinha para alimentar o batalhão de construtores.


Quando meu pai concluiu a construção, embora simples, a casa era bela. Era o nosso lar, e apesar de ter apenas um quarto para meus pais e outro para os dez irmãos, cada um de nós sentia que tinha seu próprio espaço ali. Mahmoud, que estava quieto desde a Guerra dos Seis Dias, expressou parte de seus sentimentos nas paredes da sala. Ele comprou azulejos brancos para revestir uma das paredes e pintou uma paisagem de nossa terra. Em sua pintura, o mar era tão azul quanto o Mediterrâneo, e havia árvores, como as que meus avós e meus pais cultivavam em al 'Abbasiyya, com frutas vermelhas e laranjas. Com isso, Mahmoud trouxe um pequeno pedaço de nossa terra para dentro de casa.


O sentimento de irmão era o mesmo compartilhado por todos os outros palestinos na Jordânia. Todos se sentiam injustiçados por tudo o que lhes era negado, e cada um guardava, à sua maneira, um pedaço de sua terra santa dentro de si. Para Mahmoud, sua pintura era tão preciosa quanto a chave de meu avô ou a pulseira de minha mãe.

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