top of page
Foto do escritorSiqka

Macaco mata Macaco: A evolução da comunicação e da consciência no Planeta das Bananas

Essa semana, assisti toda a sequência de "Planeta dos Macacos". Calma, ainda tem uma reflexão bem legal nisso e esse texto continua sério, portanto, faça uma forcinha e leia até o final.

Hollywood repete constantemente a mesma fórmula para nos encher de adrenalina, mas, por trás disso, há muito mais a ser considerado. Como disse, essa semana assisti "Planeta dos Macacos" e me apaixonei por César, o chimpanzé que, após passar por experiências científicas, adquire consciência. Essa nova consciência se reflete principalmente na evolução de sua comunicação.

A evolução simultânea na comunicação e consciência de César mostra uma questão interessante: será que a consciência evoluiu porque a linguagem se desenvolveu, ou a linguagem evoluiu em resposta à expansão da consciência? Acredito que ambas caminham juntas, pois uma não pode alcançar um estágio avançado sem a outra. Pensemos: teria sido possível que as sociedades prosperassem da Babilônia ao alto Nilo sem o desenvolvimento da escrita? Na Idade Média, a matemática, física, química e astronomia teriam avançado sem a ajuda dos monges copistas? Da mesma forma, as revoluções da França à Rússia ocorreriam sem a invenção da prensa de Gutenberg, que permitiu a disseminação de panfletos clandestinos? Acredito que não. Isso demonstra a simbiose entre ciência, comunicação e a consciência.

Voltando à história de César. Quando ele desenvolve uma linguagem mais avançada que seus pares primatas, ele rapidamente se destaca entre os demais, tornando-se líder de um grupo. Mas isso também o coloca à frente de uma revolução. E não seria absurdo imaginar que, numa revolução de macacos, os opressores seriam os humanos — aqueles que testam seus vírus e cosméticos em animais.

O filme mostra como a revolução dos macacos triunfa, levando-os a se isolarem e começarem a desenvolver sua própria sociedade.

No segundo filme, César enfrenta outro macaco do grupo, que, embora tenha evoluído em comunicação e consciência, busca apenas poder e controle, diferentemente de César, que almejava a liberdade de seu povo. Nesse ponto, a indagação é: será que a consciência “humana” possui duas características centrais opostas como bem e mal? Esse conflito culmina em uma nova revolução, mas dessa vez boicotada de dentro.

No terceiro filme, já com a vitória de César, vemos um novo problema: os primatas, agora em sua nova sociedade, começam a mostrar sinais de conformismo, abandonando a busca por evolução. Isso me lembra um artigo que li há poucos dias dizendo que a inteligência artificial está nos deixando burros e preguiçosos, mas isso fica para outra discussão. Retomando o tema central, quando novos opressores surgem para tentar destruir sua civilização, os macacos conscientes prevalecem e o final acaba bem hollywoodiano.

No último filme, o enredo se desenvolve gerações após a ascensão e morte de César. Embora ele tenha sido um líder empático, preocupado com o bem-estar de seus semelhantes, essa memória foi quase completamente esquecida. A sociedade dos macacos, agora dividida em clãs com organização tribal, está bem distante do ideal de união que César sonhava. Seu nome, antes reverenciado, é quase esquecido, exceto por um único macaco que tenta preservar seus ensinamentos éticos e morais a fim de manter viva sua memória. Em contrapartida, um novo líder de um império emergente distorce as lições de César, usando-as como justificativa para escravizar macacos de outros clãs, em nome de um suposto bem comum que, segundo ele, beneficiará toda a espécie. – Alguma sugestão de comparação?

Esse cenário me faz pensar em líderes do nosso mundo. Comparemos César a outras figuras históricas do nosso “Planeta dos Humanos”: pessoas como Lula, Fidel, Indira ou qualquer outro líder que tenha adquirido a consciência de que o bem-estar individual só é possível se estendido a todos. Assim como César, milhares que lutaram por seu povo foram perseguidos por seus iguais e pagaram um alto preço para garantir um legado para as futuras gerações, mas, no final, tiveram seus legados deturpados por outros de “consciência maligna”.

O problema central disso tudo é que, seja no “Planeta dos Macacos” ou no “Planeta dos Humanos”, legados de macacos ou pessoas foram apagados ou deturpados porque os de “consciência maligna” dominaram a comunicação e controlaram a narrativa em favor de seu próprio bem, deixando de lado toda a coletividade. Na vida real, enquanto a comunicação for controlada pelos macacos que usam coroas, a nossa memória coletiva será curta, e macacos como César serão apagados da história, ou pior, terão seu legado destruído; e voltamos ao ciclo da exploração. Esses macacos nos dizem que estamos evoluindo, que nossa economia está em deflação, que temos a maior pontuação no IDH, que alcançamos níveis estratosféricos no desenvolvimento da ciência. – Sério? Como podemos dizer que somos uma sociedade evoluída enquanto milhares, milhões morrem diariamente por armas cada vez mais tecnológicas que nós mesmos desenvolvemos? A verdade é que vivemos no mundo onde “Macaco Mata Macaco” e reescreve a realidade argumentando que o propósito é “salvar a espécie da extinção”. Essa comunicação e a linguagem controladas por um capital específico moldam a maneira como enxergamos o mundo a ponto de sermos as vítimas que colocam seus corpos como escudo para defender nosso próprio opressor. Se permitirmos que a comunicação continue monopolizada, entregamos nossa liberdade, como macacos conformistas que cansaram de usar a cabeça. Apenas evoluiremos enquanto sociedade se formos capazes de questionar e romper com esse ciclo de dominação. É hora de que outros “macacos” também evoluam em sua linguagem, consciência e ações. Macacos de todo o mundo, uni-vos, pois a única coisa que têm a perder são as bananas que os homens lhes dão como esmola.

Creative Commons (1).webp

ÚLTIMAS POSTAGENS

bottom of page