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Enquanto líderes internacionais engravatados discutem em reuniões formais, mulheres palestinas estão na linha de frente, liderando iniciativas para mitigar os impactos do genocídio em Gaza

Após mais de dez meses de genocídio em Gaza e enfrentando imensuráveis dificuldades de sobrevivência, muitas mulheres têm liderado iniciativas voluntárias para aliviar o impacto desse genocídio em suas comunidades.




Educação


No bairro de Al-Tuffah, na Cidade de Gaza, uma escola convertida em abrigo tornou-se o cenário de uma pequena, mas significativa iniciativa. Afnan Bakroun, junto com suas duas filhas, oferece apoio educacional a estudantes deslocados. Com o aumento dos bombardeios, as escolas em Gaza foram transformadas em campos improvisados para refugiados, muitas das quais se tornaram alvos de ataques, forçando novos deslocamentos e impossibilitando a continuidade das atividades educacionais. Crianças e jovens palestinos estão há mais de dez meses sem acesso à educação. Com um mestrado pela Universidade Islâmica de Gaza, Afnan transformou parte de uma sala de aula em um espaço de aprendizado, onde ensina inglês e matemática. Suas filhas também contribuem, oferecendo cursos de hebraico e aulas de informática.


Recentemente, a filha de Afnan também abriu uma clínica de saúde mental no abrigo, oferecendo sessões de aconselhamento gratuitas para famílias que perderam entes queridos e enfrentam os desafios psicológicos exacerbados pelo ataque israelense.


A agressão resultou no deslocamento forçado de cerca de 85% da população da Faixa de Gaza, aproximadamente 1,93 milhão de pessoas.


Segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), mais de 625.000 crianças em Gaza estão fora da escola há mais de dez meses, metade das quais estava matriculada antes da agressão. Além disso, a violência impediu 39.000 estudantes de realizarem os exames do ensino médio para o ano letivo de 2023-2024, destruindo total ou parcialmente dezenas de escolas, institutos e universidades.



Saúde


Em outra área de Gaza, a Dra. Lubna Al-Azayzeh, pediatra e especialista em lactação, tomou medidas para enfrentar a crise de saúde gerada pelos bombardeios. Após a destruição de quase todo o sistema de saúde, incluindo hospitais, equipamentos médicos, medicações e insumos incluindo também a clínica da Drz. Al-Azayzeh em Deir al-Balah, ela montou uma unidade médica improvisada em um abrigo. A Dra. Al-Azayzeh oferece cuidados essenciais, como atendimento a recém-nascidos, curativos e workshops sobre amamentação.


Voluntários, incluindo várias enfermeiras, unem-se a ela nesse esforço para garantir que o maior número possível de indivíduos deslocados receba atenção médica. Sua iniciativa, "You Are Our Family", tem como objetivo fornecer check-ups médicos abrangentes para crianças e idosos, além de tratar condições crônicas como diabetes e hipertensão.


O sistema de saúde de Gaza foi gravemente afetado, perdendo 70% de sua capacidade de leitos, com apenas 14 dos 36 hospitais ainda em operação. A destruição da infraestrutura médica pela ofensiva israelense impediu severamente o acesso a serviços essenciais de saúde, resultando na morte de 885 profissionais de saúde e na detenção de mais de 310.


A ONU relata uma escassez crítica de suprimentos médicos, e os procedimentos de evacuação para casos médicos estão atualmente suspensos.


Comunicação


Com o jornalismo e os meios de comunicação como alvos principais da ocupação, até o momento 86 instituições de mídia foram destruídas, 180 jornalistas feridos, 86 detidos e mais de 150 assassinados. Em meio a essa situação, Rafeef Aziz, uma ex-jornalista que trabalhava para um veículo local, redirecionou suas atividades para o campo humanitário. Após perder sua casa e equipamentos nos ataques, Aziz usou sua presença nas redes sociais para amplificar as vozes dos necessitados. Sua página, antes dedicada à mídia, tornou-se um espaço crucial para a divulgação de pedidos de ajuda.


Aziz mobilizou jovens árabes nas redes sociais para canalizar doações destinadas a pacotes de alimentos, água, pão e abrigo para famílias deslocadas. Além disso, ela organizou atividades para crianças nos campos de Deir al-Balah, buscando trazer algum senso de normalidade às suas vidas.


Segundo o relatório Integrated Food Security Phase Classification (IPC), até setembro de 2024, 96% da população de Gaza enfrentará insegurança alimentar grave. Com quase meio milhão de pessoas em risco de fome, a situação é crítica. Produtos enlatados, embora essenciais, não podem substituir a necessidade de alimentos frescos e nutritivos, que estão em falta devido ao bloqueio.



Desafios enfrentados pelas mulheres


Um relatório recente da ONU Mulheres destaca que mais de 557.000 mulheres em Gaza enfrentam insegurança alimentar aguda. O peso dos cuidados, incluindo a provisão de alimentos e cuidados básicos para crianças, recai desproporcionalmente sobre as mulheres. Mulheres grávidas e lactantes enfrentam riscos elevados à saúde devido à falta de cuidados nutricionais e médicos, com 76% sofrendo de anemia e 99% com dificuldades para acessar suplementos nutricionais essenciais.


Em meio a essa adversidade, as mulheres de Gaza personificam resiliência e compaixão. Através de suas diversas iniciativas, elas oferecem educação, assistência médica e suporte essencial, simbolizando esperança e solidariedade frente a desafios implacáveis.


Suas contribuições evidenciam a profunda força e o compromisso das mulheres de Gaza, que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, se empenham em melhorar a vida ao seu redor.

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