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Que é História?

A reflexão sobre o que constitui a História, embora aparentemente simples inicialmente, revela uma complexidade que se desdobra à medida que aprofundamos nosso entendimento sobre o assunto. Não há uma resposta definitiva, e a percepção dessa questão pode variar de pessoa para pessoa. Para alguns, a História representa um passado distante, do qual apenas restam memórias ou registros históricos trancados em um museu. Contudo, para aqueles que testemunharam eventos que consideramos históricos, a pergunta assume uma dimensão diferente. Poderia um habitante de Jerusalém, por exemplo, ter presenciado Jesus pregando e pensando: "Esse homem deixará sua marca na história"? Da mesma maneira podemos pensar, será que estamos nesse exato momento vivendo um evento que será considerado histórico no futuro? Conforme aponta o historiador inglês Edward Carr[1] em "Que é História?"[2], nossa definição de História é moldada pela nossa perspectiva temporal individual, dessa maneira, podemos dizer que sim e que não, a depender do ponto no tempo em que o observador analisa os eventos.

Os historiadores do século XIX percebiam a história como um estudo imparcial do passado, narrando seus eventos de forma cronológica. Contudo, o conceito de imparcialidade é tão intrincado quanto o significado da própria história. Na atualidade, compreendemos que a história abrange a observação, compreensão, interpretação e explicação do passado humano, buscando entender as transformações políticas, econômicas e culturais nas sociedades, culturas e civilizações. Isso envolve analisar como essas mudanças se desenrolaram e identificar os eventos cruciais que as impulsionaram ao longo do tempo.

Diferentemente dos historiadores do século XIX, não sustentamos a visão de que a história se restringe à mera descrição cronológica dos eventos passados. Pelo contrário, acreditamos que estudar história é buscar compreender o presente, investigando as causas e consequências, bem como os contextos sociais que moldaram tais acontecimentos.

Em relação à imparcialidade, como mencionado anteriormente, a percepção da história é subjetiva e depende dos olhos do observador. Cada observador interpreta os fatos de maneira única, influenciado por seus próprios valores culturais, sociais e perspectivas individuais. Isso reforça que a História é uma análise do presente, especialmente no modo como as pessoas do presente se relacionam com o passado na construção de suas identidades coletivas e individuais.

Um historiador vai além da simples análise dos "fatos históricos"; ele também interpreta e gera ideias a partir dessa compreensão, exercendo, assim, uma influência crítica por meio de sua produção no tempo presente.


[1] Edward Hallett Carr (1892-1982) foi um renomado historiador britânico e autor de destaque no século XX. Ele ficou conhecido principalmente por seu trabalho "Que é História?", no qual aborda questões fundamentais sobre a natureza da história e a influência do tempo na interpretação dos eventos. Carr também desempenhou um papel ativo na diplomacia britânica, servindo como diplomata e historiador na União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Sua contribuição significativa para a teoria da história e a análise crítica dos eventos marcaram sua influência duradoura no campo historiográfico.

[2] CARR, E. H. Que é história? Rio de Janeiro. 1961.

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