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Líbano sem Hezbollah se tornará colônia de Riad e Washington

Foto do escritor: ClandestinoClandestino


Beirute se encontra em uma encruzilhada entre a promessa vazia de reconstrução e o garrote político imposto pelos seus supostos "aliados". O cessar-fogo entre Israel e Líbano, negociado em novembro após semanas de ataques aéreos israelenses, abriu caminho para um novo – velho – tipo de guerra: a guerra da chantagem diplomática e do controle econômico.


Os Estados Unidos e a Arábia Saudita, ao perceberem a fragilidade libanesa no pós-guerra, se mobilizaram rapidamente para ditar os rumos políticos do país. Riad assumiu o comando dessa operação, aproveitando sua influência histórica sobre as facções sunitas e redesenhando sua estratégia de intervenção. A supervisão da política saudita no Líbano foi transferida para o Ministério das Relações Exteriores, sob o comando de Faisal bin Farhan, indicando uma abordagem mais direta e menos disfarçada.


A Arábia Saudita não voltou ao Líbano por benevolência, mas com condições estritas. O apoio financeiro e diplomático agora está atrelado a missão de minar a influência do Hezbollah e reforçar a presença saudita no aparato estatal libanês. O presidente Joseph Aoun, que assumiu em 9 de janeiro, parece disposto a cumprir as exigências impostas, fazendo da sua primeira visita a Riad um ato de submissão política. Seu objetivo? Reatar laços e conseguir o tão necessário suporte econômico para um país devastado.


No entanto, não há mais generosidade incondicional. O financiamento será liberado apenas se o Líbano restringir o Hezbollah, cumprir resoluções internacionais e consolidar o controle do Estado sobre todo o território. Em outras palavras, o país deve se alinhar à agenda saudita-estadunidense ou ser deixado à própria sorte.


O Líbano agora enfrenta um teste de lealdade: provar sua disposição de marginalizar a resistência, bloquear o financiamento para a reconstrução do sul do país e restringir os laços com o Eixo da Resistência. Segundo o jornalista Maysam Rizk, Riad e Washington estão conduzindo uma guerra política para fragilizar o Hezbollah sem recorrer às armas.


Uma questão central permeia toda essa reestruturação: a pressão para que o Líbano normalize suas relações com Israel. Embora ainda seja um objetivo de longo prazo, as movimentações sauditas e americanas indicam uma tentativa de reformular o aparato político e de segurança do Líbano para torná-lo mais receptivo à agenda sionista.


O alvo principal dessa estratégia é a comunidade sunita libanesa, uma força política fundamental. A expectativa é que, a exemplo dos países do Golfo, os sunitas do Líbano se distanciem da causa palestina e passem a enxergar o Irã como inimigo primordial.


O presidente Aoun aposta suas fichas na segunda visita à Arábia Saudita, marcada para depois do Eid al-Fitr, como a chave para destravar as relações bilaterais e garantir apoio financeiro. Mas até agora, Riad tem oferecido pouco além de promessas vazias, enquanto monitora de perto as ações do governo libanês.


O Líbano está preso em uma teia de interesses estrangeiros e agendas contraditórias. Enquanto busca alívio político e econômico, sua soberania se torna moeda de troca em um jogo geopolítico impiedoso.


O Líbano será capaz de resistir ou sucumbirá à pressão e se transformará na próxima colônia financeira do Oriente Médio?

 

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